Neste blog utilizo textos e imagens retiradas de diversos sites na web. Se os seus autores tiverem alguma objecção, por favor contactem-me, e retirarei o(s) texto(s) e a(s) imagem(ns) em questão.
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26 agosto 2011

Meio-Campo tem a cara de Witsel


Axel Witsel é a nova jóia da coroa do Benfica. O internacional belga conduziu as águias até à fase de grupos da Liga dos Campeões e demonstrou definitivamente que Jorge Jesus tem entre mãos uma opção incontornável para o sector intermediário. Aliás, a presença de Witsel no onze encarnado obriga mesmo a uma série de transformações, com o meio-campo do conjunto orientado por Jesus a desenhar-se já - a partida com o Twente foi exemplo disso mesmo - à imagem do futebolista ex-Standard de Liège. Jogador completo, Witsel revela um posicionamento exímio no relvado, desempenhando com elevada eficácia as tarefas ordenadas pelo treinador encarnado tanto a nível defensivo como ofensivo, beneficiando a equipa dos seus processos simples e futebol a um/dois toques.

Com a contratação de Witsel, o 4x1x3x2 utilizado por Jorge Jesus nas duas primeiras épocas no comando do clube da Luz parece assim condenado à extinção, uma vez que o jogador belga é considerado pelo técnico uma das peças fundamentais na estratégia da equipa. Aliás, Jesus não lhe tem poupado elogios, soltando-os praticamente a cada partida, nomeadamente após a segunda mão com o Trabzonspor e com o Twente. Na última quarta-feira referiu que o camisola 28 "é um jogador com características especiais" e que está ainda "a crescer e a conhecer a obrigação táctica" que deve ter na Luz, e já na Turquia tinha frisado: "Foi um jogador inteiro. É jovem, mas culto tacticamente. Ele e Aimar são compatíveis." Esta é precisamente uma das premissas de Jesus para a nova época. A ideia do técnico encarnado é colocar Witsel no apoio a Javi García, funcionando quase num duplo pivô defensivo e permitindo maior preponderância a Aimar no ataque.

A presença de Witsel altera alguns fundamentos das águias - antes do jogo com o Feirense, Jesus disse que o plantel deste ano foi escolhido não só pela questão técnica, mas também pela capacidade física - e permite a El Mago uma maior liberdade de movimentos. Além de ter uma menor preocupação na missão defensiva, pois Javi García ganha agora um novo apoio para o trabalho de sapa, o camisola 10 percorre um maior espaço na frente de ataque, respondendo para já a alto nível, como se verificou com o Twente.

A ganhar cada vez mais o seu espaço na Luz, Witsel parece ter finalmente apresentado argumentos que levem a que Jesus termine com a sua rotação entre o onze inicial e o banco de suplentes. O camisola 28 tinha sido titular apenas em três das seis partidas oficiais já disputadas pelas águias, precisamente nas eliminatórias de acesso à Champions (primeiro com o Trabzonspor, na Turquia, e depois no duplo confronto com o Twente). A partir de agora, já não falta quem diga que o onze encarnado será formado por Witsel... e mais dez. Na próxima segunda-feira, na deslocação ao terreno do Nacional, Witsel deve ter assegurada pela primeira vez a titularidade na Liga, tentando repetir as exibições que tem feito na Europa.


Festejos de golos já são um clássico

A forma como Witsel festejou os golos surpreendeu muitas pessoas. A atitude do camisola 28 após cada um dos golos, juntando as mãos em forma de uma ave e "dando-lhe asas", fez até equacionar uma celebração dedicada ao Benfica, em homenagem à águia, símbolo do clube da Luz. Porém, este festejo é já um clássico do internacional belga, que assim comemorava também cada golo marcado ao serviço do Standard e ainda pela sua selecção. Uma das inspirações do festejo está precisamente nas origens de Witsel. O pai do atleta é da Martinica, ilha que tem o colibri como um dos seus símbolos. Ora, o médio é bastante apegado às raízes familiares e por isso simula, após cada golo, o voo daquela ave.


19 março 2011

Três candidatos ao troféu das equipas humanas


Podem até minimizar a proeza do trio português na Liga Europa, dizendo que a prova é da segunda divisão, mas nem por isso o facto de termos três equipas em competição nos quartos-de-final deixa de ser digno de nota, pelo menos para quem cresceu a ver ingleses, italianos e alemães a dominar a Taça UEFA e sempre bastante felizes por isso. E a questão é que o futebol europeu não está dividido em primeira e segunda divisões, consoante se joga na Champions ou na Liga Europa: o que há é uma meia dúzia de colossos (Real Madrid, Barcelona, Chelsea, Manchester, Arsenal, Inter e eventualmente Milan ou Bayern), que tornam a Champions proibitiva para as equipas apenas boas.

O vencedor da Liga Europa é uma espécie de campeão das equipas humanas e, apesar do desdém com que Robben encara a possibilidade (dada a quase certa ausência do Bayern da próxima Champions), ganhar a prova é um motivo de orgulho. E, além de a Liga Europa permitir a Portugal fazer mais pontos do que a Champions, a parte boa é que basta olhar para o histórico da competição para se concluir que ter três equipas nos quartos-de-final corresponde (com raras excepções) a ter pelo menos uma equipa na final.

O mais provável é, por isso, termos Europa até Maio. E, tal como em Espanha se fala na hipótese de um cruzamento entre Real Madrid e Barcelona, é inevitável que em Portugal se anteveja um Porto-Benfica já no sorteio de hoje. Não era bom. É que os dois podem (o Braga, enfim, já pode um pouco menos) chegar até ao fim.

20 fevereiro 2011

O ícone ausente do dérbi da Segunda Circular

Eusébio há só um, o da Silva Ferreira e mais nenhum. Não obstante a evidência, vários foram os jogadores tidos como sucessores do Pantera Negra a soçobrar nas expectativas falsamente criadas - e um deles não teve tempo de confirmar o potencial genético de que estava dotado: Mantorras.

Lesão grave cedo retirou Mantorras do sonho. Uma invulgar capacidade de sofrimento deu ainda para, a espaços, Mantorras jogar no Benfica, assinando alguns golos determinantes. E o carácter de antes quebrar que torcer em cara de menino teve sempre o condão de pôr ululante o povo das bancadas sempre que aparecia para um simples minuto de jogo ou fazia a mais simplória das fintas.

Mantorras, sabia-se há muito, estava perdido para o futebol. Por isso, o anúncio de ontem do seu final de carreira não passa de mero formalismo, ainda assim susceptível de provocar alguma nostalgia nas hostes, para mais em vésperas de um clássico da Segunda Circular.

O fim extemporâneo da carreira de Mantorras não deixa, em qualquer caso, de justificar reflexão.

Por um lado, fica só mais um exemplo de como a profissão de futebolista não é o mundo de facilitismo que muitos pais visionam para os seus filhotes. Por outro, mostra também como um azar pode ter um reverso, no caso com o exemplo dado por Luís Filipe Vieira. O Benfica não é uma instituição de solidariedade social, mas o seu presidente sempre apoiou Mantorras e promete continuar a fazê-lo, exponenciando a sua imagem de marca. Fica-lhe bem.

08 fevereiro 2011

Plantel disputado pelos maiores

O Benfica tem-se reforçado bem para, depois, também vender bem. Foi o que aconteceu com David Luiz que, num espaço de quatro anos passou a valer dez vez mais. A sua transferência para o Chelsea está entre as mais caras de sempre do futebol português: "Revela a nossa capacidade do ponto de vista de vendas, mas também revela a qualidade do plantel do Benfica que é altamente disputado pelos maiores clubes do mundo", sustentou ontem o administrador da SAD do Benfica, Domingos Soares Oliveira, à Antena 1.

O homem dos números dos campeões nacionais acredita que, analisando a actual situação, David Luiz - que o Benfica vendeu por 25 milhões de euros, mais a vinda de Matic, na próxima época, avaliado em cinco milhões - "será uma das maiores vendas, não apenas desta época, mas durante os próximos anos".

"O Benfica teve um bom encaixe, o fundo de jogadores, o Benfica Stars Fund, também [detinham 25 por cento dos direitos económicos do jogador]. Foi uma operação interessante para todas as partes", comentou Domingos Soares Oliveira.

De acordo com o administrador, as negociações prolongaram-se porque todas as partes tentam o melhor negócio para si. "O comprador tenta não subir demasiado o preço, nós tentamos fazer o melhor negócio. São situações que se arrastam no tempo. O que é importante é que foi conseguida uma excelente negociação nos interesses do Benfica. E penso que o Chelsea também terá feito uma grande operação", declarou, explicando que a venda de Ramires e Di María no final da época passada, e ainda de David Luiz, agora, "tem permitido ter as contas equilibradas e não recorrer a financiamentos externos". "As vendas de jogadores são importantes para os clubes portugueses. Privilegiamos a política desportiva, mas a situação actual de todos os clubes obriga a que as vendas façam parte da sua estratégia", acrescentou.

Mais caros do que David Luiz na história do futebol português só apenas, por ordem crescente, Anderson, Pepe, Ricardo Carvalho e Nani.

Gaitán está a ganhar pontos ao brilhante Di María

Quando chegou, fez questão de dizer que não vinha para substituir Di María, mas era difícil negá-lo. Afinal, Gaitán até herdou a camisola 20 do seu compatriota, é também canhoto e chegou rotulado de craque, mais que não fosse pelos 8,4 milhões de euros que a SAD por ele desembolsou. Mas se Angelito só explodiu em definitivo à... terceira - de tal forma que hoje é companheiro de Cristiano Ronaldo no Real Madrid -, Gaitán pode desde já orgulhar-se de estar a fazer melhor do que o seu colega de selecção. Se não queremos falar na subjectividade das actuações, falamos na frieza dos números: no mesmo espaço de tempo, "Nico", como lhe chama Jorge Jesus, já marcou mais dois golos (6) do que o "melhor" Di María, isto é, o da última época.

Não se ficam por aqui as diferenças, para melhor, entre Gaitán e Di María. É que o ex-Boca Juniors não só marca mais, como também precisa de menos tempo para abanar as redes adversárias. Apesar de ter mais três jogos disputados do que o agora madridista (ver quadro), Gaitán tem menos minutos nas pernas, pois arrancou mais vezes do banco de suplentes e também é substituído em mais ocasiões. Ainda assim, precisa de pouco menos de quatro jogos para facturar, enquanto Angelito quase necessitava de meia dúzia para tal.

Vantagem para Di María, só mesmo no que diz respeito às assistências. "Di" tinha por esta altura do ano já sete passes para golo (quatro no campeonato, três na Liga Europa), enquanto Gaitán se fica pela mão-cheia (quatro no campeonato, uma na Taça de Portugal).

O melhor Benfica de Jorge Jesus

Este é o melhor Benfica desde que Jorge Jesus está no comando técnico da equipa. Os onze pontos que separam os encarnados do FC Porto, líder do campeonato - ainda que com menos um jogo disputado -, escondem, afinal, uma realidade bem mais positiva. Há vários indicadores que apontam para um Benfica de melhor qualidade, nesta altura, em comparação com a temporada passada, em que lutava, de perto, com o Braga, pelo título de campeão nacional, que viria a concretizar.

Há um ano, a equipa já tinha sido afastada da Taça de Portugal, enquanto agora está na luta - e em vantagem com o FC Porto - por um lugar na final da segunda maior competição nacional de clubes. Basicamente, esta época, o Benfica está ainda em todas as frentes possíveis. E são quatro: para além da prova federativa, com final no Jamor, tem ainda o campeonato, onde é segundo classificado. O Sporting vai já dez pontos atrás. Tem também a Taça da Liga, onde já tem garantida a presença nas meias-finais, contra os leões. E, a terminar, vai ainda jogar a Liga Europa, vindo da Champions, com o primeiro jogo a realizar-se já para a semana, frente ao Estugarda.

Na verdade, o Benfica tem somente menos um ponto (42) na classificação do campeonato relativamente ao que tinha há um ano (43), após a mesma 18ª jornada. Curiosamente, tem mais uma vitória agora (14) na sua contabilidade do que na época passada (13), embora perda no número de derrotas: quatro nesta altura para apenas uma em Fevereiro de 2009, o que se explica pelo mau arranque das águias, que permitiu ao FC Porto distanciar-se tanto na classificação.

A crise que teve o seu ponto alto após a derrota em Telavive, a que se seguiu a eliminação da Liga dos Campeões, aos pés do Schalke 04, já é coisa do passado. Os campeões nacionais já levam 12 partidas consecutivas a ganhar, 15 se contarmos apenas os jogos nacionais. Na época passada, a melhor série foram apenas cinco vitórias seguidas e 10 se nos restringirmos aos desafios internos. Em ambas as contagens, este Benfica já atingiu registos bem melhores esta temporada.

03 fevereiro 2011

A análise de JVP




FC Porto-Benfica

1
Pressão alta do Benfica surpreendeu o FC Porto

Assistimos a um bom jogo de futebol, emotivo, com golos e uma táctica bastante surpreendente e eficaz por parte do Benfica. Cedo se perceberam as dificuldades que o FC Porto ia ter, sobretudo na construção do jogo ofensivo. A pressão alta feita - e bem - por todos os sectores do Benfica obrigou o FC Porto a jogar de uma forma a que não está habituado, surpreendendo-o e obrigando-o a cometer muitos erros, ao mesmo tempo que permitia aos encarnados jogar muito perto da baliza do adversário. O primeiro golo, logo aos seis minutos, num desentendimento entre Maicon e Helton muito bem aproveitado por Coentrão, mostrou o nervosismo do FC Porto e moralizou o Benfica, que se tranquilizou mais, mantendo sempre uma boa organização, quer defensiva quer ofensiva. Os seus jogadores mostraram grande determinação nos duelos, solidariedade e muito veneno no ataque, provocando sempre grande instabilidade na defesa do FC Porto.

2
Jesus preparou bem este jogo

Com a tensão destes jogos, para quem visita o Dragão é especialmente importante marcar antes do FC Porto, pois além de moralizar ainda faz os jogadores acreditarem na estratégia da sua equipa e manterem elevados níveis de concentração durante os 90 minutos. O Benfica actuou sempre de forma muito compacta, sem conceder espaços ao FC Porto, subindo e descendo no terreno com os sectores muito juntos, demonstrando que preparou muito bem este encontro ao longo da semana, em especial nos sítios onde ia fazer alterações. A entrada de César Peixoto para o meio-campo, alternando o posicionamento com Gaitán, conferiu segurança defensiva mas também coragem ofensiva, confiando a Coentrão o corredor esquerdo para que este pudesse desequilibrar. Gaitán e Peixoto mostraram um grande sentido táctico e concentração o tempo todo.

3
FC Porto desperdiçou ocasiões para relançar o encontro

O FC Porto teve sempre grandes dificuldades na construção do jogo ofensivo e aqui sublinhe-se o trabalho dos avançados do Benfica que obrigaram a defesa portista a fazer muitos atrasos para Helton e a errar muitos passes. Hulk esteve bem marcado e sem espaços, o meio-campo pressionado e sem ideias e James Rodríguez esteve como a equipa, desinspirado. Coube apenas a Varela tomar a iniciativa para desequilibrar um jogo que estava muito difícil. O FC Porto teve duas ocasiões para relançar o encontro: primeiro por James, após cruzamento de Varela, e depois pelo próprio Varela, que rematou às malhas laterais. Ao perder essa possibilidade para relançar o encontro o Benfica manteve a organização e entreajuda defensiva, passando a imagem de estar a controlar o jogo embora o FC Porto tivesse mais bola.

4
No 2-0 tira-se a fotografia desta partida

No segundo golo do Benfica pode tirar-se a fotografia deste jogo. Ao fazer o 2-0, Javi García acabou por provar o bom posicionamento da equipa no terreno e a capacidade de aproveitamento da enorme passividade e dos erros do FC Porto. Se a confiança e crença na vitória do Benfica já eram elevadas, com o segundo golo aumentou ainda mais e provou que aquela era a forma mais acertada de abordar esta partida.

5
Normal a entrada de Rodríguez mas não na posição ideal

O Benfica levou uma vantagem justificada para o intervalo, dado ter sido a equipa mais organizada, inteligente, solidária e eficaz. Já o FC Porto pareceu-me ter encarado este jogo com demasiada confiança, embora desde cedo se tenha apercebido de que não seria fácil e se tenha sentido impotente para mudar as coisas. Considero normal a entrada de Rodríguez na segunda parte, já que a desinspiração de James não lhe permitia continuar em campo. O uruguaio é um jogador mais maduro, deu maior velocidade ao jogo embora isso não se tenha feito sentir em termos de oportunidades de golo. A postura do Benfica manteve-se igual à da primeira parte, determinado e disputando o jogo ainda que coubesse ao FC Porto tomar a iniciativa. Só que o Benfica não lhe consentiu entrar na área. Aliás, a imagem da segunda parte é como o Benfica defendeu e obrigou o FC Porto a rematar de fora. À boa atitude defensiva dos encarnados soma-se a falta de homens de área do FC Porto. Quando Hulk saía daquela posição, não havia lá ninguém. Mais valia ter posto Rodríguez na área e Hulk numa das faixas, partindo de trás para a frente para desequilibrar.

6
Villas-Boas esteve mal antes de o jogo começar

Estranhei a ausência de um ponta-de-lança entre os 18. Tenho elogiado Villas-Boas mas ontem começou mal ainda antes de o jogo se iniciar, ao não ter nenhum ponta-de-lança no banco. Pelo menos o único que tinha disponível, que era Walter. O problema é que, ao deixá-lo de fora, passa uma má imagem para o jogador e fica limitado tratando-se de um jogo como este!

7
Expulsão de Coentrão foi fácil de colmatar

A expulsão de Coentrão originou cinco minutos de desorientação no Benfica, mas ao conseguir manter a vantagem e tendo daquele lado do campo César Peixoto e Gaitán foi fácil para Jesus colmatar a lacuna. A troca de Saviola por Aimar permitiu ter sempre alguém para transportar a bola e mais um jogador no meio-campo, pois Aimar é mais defensivo. Nessa fase era preciso recuar um pouco e juntar o meio-campo e a defesa, o que Aimar fez bem. Cardozo teve então uma importância acrescida, ao trabalhar bem e dar tempo à equipa de subir, mesmo com um a menos. Deu luta à defesa do FC Porto e permitiu gerir a vantagem.

8
Portistas precipitados

O FC Porto foi uma equipa precipitada, rematando demasiadas vezes de fora da área. Sentiu mais dificuldades contra dez do que contra 11 e não me lembro de qualquer oportunidade de golo dos portistas na segunda parte. A entrada de Guarín não acrescentou muito mas não havia mais soluções. Repito que não encontro justificação para a ausência de Walter dos 18…

9
A venda de David Luiz e eliminatória por resolver

Ficou demonstrado que o Benfica está bem diferente do início da temporada, que lhe valeu a actual desvantagem pontual no campeonato. É difícil recuperar mas evidencia melhorias. Este jogo em particular pode ter ajudado muito César Peixoto, um mal amado na Luz. Por outro lado, pode fazer sentir aos adeptos que valeu a pena ter vendido David Luiz. Com todo o respeito pela qualidade do central, 25 milhões de euros é muito dinheiro e uma exibição como a de ontem sem ele faz parecer que esse dinheiro se multiplica… Não se pode, no entanto, dar a eliminatória por resolvida. O Benfica saiu do Dragão com uma boa vantagem mas nunca se pode menosprezar uma equipa como o FC Porto.

10 janeiro 2011

A análise de JVP


Leiria - Benfica


1 Boa e justa resposta à pressão
Vitória justa e convincente do Benfica num jogo aberto e agradável de seguir, sendo também de elogiar a postura do Leiria, que fez questão de praticar um futebol positivo, abordando o jogo pelo jogo. Terá faltado aos leirienses alguma objectividade no último terço do terreno e determinação no ataque à bola, mas mesmo assim a equipa da casa dificultou e valorizou a vitória benfiquista.

Pressionado pela vitória do FC Porto na véspera, o Benfica adoptou uma postura competitiva muito interessante, dinâmica, com velocidade, criatividade e desequilíbrios individuais, o que fez com que criasse várias oportunidades flagrantes de golo para além dos três que marcou. Quase sempre mais rápido e determinado a chegar à bola, o Benfica tornou-se mais mandão no jogo e o resultado acabou por aparecer.


2 Quando Luisão joga, David Luiz inventa menos
Uma das principais razões para a segurança exibida do primeiro ao último minuto pelo Benfica foi a presença em campo de Luisão. Quando ele joga nota-se logo que há uma voz de comando. É assim desde que ele chegou ao Benfica, mas ontem voltou a notar-se bastante porque tinha estado fora alguns jogos. Quando ele joga, nota-se que o Benfica é uma equipa mais segura, defende muito melhor. Luisão não permite que David Luiz corra demasiados riscos, naquelas saídas com bola que ele faz bem mas que por vezes leva longe de mais sem medir as consequências. Quando Luisão joga, até David Luiz inventa menos. Apesar dos elogios, não foi Luisão o melhor em campo. Os destaques individuais da partida vão para Saviola, que fez um grande jogo, e para Gottardi, que fez um punhado de grandes defesas.


3 Rúben Amorim para gerir com segurança
Por aquilo que produziu e pelo número de oportunidades criadas, o Benfica poderia ter ido para intervalo com um resultado mais tranquilo. O Leiria subiu mais no terreno à entrada da segunda parte, tendo conseguido mais posse de bola, mas continuou com os mesmos problemas no último terço do campo. Aliás, só conseguiu uma oportunidade de golo, numa bola parada em que Roberto saiu em falso e Zé António cabeceou por cima. O Benfica geriu bem o segundo tempo e a entrada de Rúben Amorim foi determinante para essa gestão com total segurança. Com o jogo controlado, o Benfica pôde aproximar-se mais do golo e construir um resultado mais condizente com o que se passou ao longo da partida. O segundo golo matou o jogo, tanto mais que surgiu no seguimento de uma dupla oportunidade em que Gottardi fez uma defesa fabulosa a um cabeceamento de Cardozo e a seguir Salvio rematou ao poste.

O Leiria tem jogadores interessantes e uma forma de jogar que me agrada, mas precisa de corrigir alguns aspectos ofensivos, porque ter posse de bola não é suficiente. Também há aspectos a corrigir em termos defensivos, mas ontem a defesa do Leiria jogou contra o ataque do Benfica, não foi contra uma equipa qualquer.


4 Espera-se uma grande segunda volta
A primeira volta termina com tudo no sítio certo. A classificação reflecte o que se passou até agora e os últimos indicadores fazem-me acreditar que a segunda volta poderá ser bem interessante. A menos que aconteça algo de surpreendente, no topo haverá duas lutas. A do título deverá continuar a ser a dois, sendo nesta altura o FC Porto claramente favorito, com o Benfica a pressionar e a garantir a presença na segunda vaga da Champions. Creio que a segunda batalha, a do acesso à Liga Europa, será liderada pelo Sporting, que terá de se bater com uma série de equipas que o perseguem.

30 dezembro 2010

Mês com tantos jogos não existe

O Benfica começa 2011 com um grande teste à sua capacidade de resistência. Desde que Jorge Jesus trabalha na Luz, nunca a equipa encarnada tinha tido tantos jogos marcados para o mesmo mês. Serão oito os desafios dos campeões nacionais em Janeiro, isto caso eliminem o Olhanense, na Luz, no dia 12, em jogo dos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Se não, serão "apenas" sete. Este encontro estava inicialmente agendado para dia 5, mas foi adiado uma semana.

Caso o Olhanense perca e seja arredado da prova, Fábio Coentrão terá então uma oportunidade de jogar perante os seus conterrâneos, já que no sorteio calhou uma visita ao Rio Ave nos quartos-de-final, em Vila do Conde; será no dia 26.

O ciclo frenético, de cortar a respiração, começa este domingo, com o Benfica a receber o Marítimo às 20h15, naquela que será a estreia do campeão na edição 2010/11 da Taça da Liga. Depois, a partir do dia 9, o ritmo cresce, com dois jogos todas as semanas, alguns com apenas três dias de intervalo. Entre Taça de Portugal, Taça da Liga e campeonato, há naturalmente viagens a fazer por este Portugal fora: Leiria, Coimbra, Vila do Conde e Vila das Aves são os locais a visitar sem tempo para passeios turísticos.

A equipa orientada por Jorge Jesus despediu-se de 2010 com a melhor exibição da época, a fazer finalmente lembrar o nível exibido na temporada passada: venceu o Rio Ave, no seu campo, por 5-2, já depois de eliminar o Braga da Taça de Portugal, também na Luz. Sobram-lhe razões para partir moralizada para este superintenso ciclo de jogos, onde andará atrás de recuperar os oito pontos que a separam do FC Porto e de se manter em todas as competições.

Na época passada, sete foi o máximo de desafios que o Benfica teve num único mês. Aconteceu não em Janeiro, mas em Fevereiro, e o saldo foi francamente positivo: cinco vitórias, dois empates, com 18 golos marcados e apenas três sofridos, além da subida definitiva ao primeiro lugar do campeonato, de onde não sairia mais até final da temporada.

O calendário só volta a reduzir de intensidade no início de Fevereiro, para se voltar a intensificar na parte final do mês, com o início da participação encarnada na Liga Europa.

26 dezembro 2010

Jorge Jesus quer fazer história

Jorge Jesus jurou fidelidade ao Benfica e garantiu que pretende ficar muitos anos na Luz. Com contrato até ao final de 2013, procura assim alcançar um feito ao alcance de poucos, pois desde a passagem de Sven-Goran Eriksson que nenhum treinador consegue permanecer duas ou mais épocas de forma consecutiva ao comando dos benfiquistas.

Há 20 anos que nenhum técnico consegue iniciar um percurso estável e duradouro no Benfica, algo que Jesus pretende agora realizar. E caso consiga mesmo cumprir o seu contrato até ao fim irá atingir um patamar quase único, pois o último treinador a completar, pelo menos, quatro anos ao serviço das águias foi... Otto Glória, que comandou o clube da Luz entre 1954/55 e 1958/59. Tendo passado também por Sporting, FC Porto, Belenenses e Selecção Nacional, continua na história dos benfiquistas por ser o técnico com mais títulos de campeão nacional, algo que Jesus também ambiciona atingir.

A exemplo de Otto Glória, Eriksson também marcou o futebol português na sua primeira passagem pelo Benfica - de 1982 a 1984 - e voltou à Luz anos mais tarde, assumindo a condução da equipa encarnada durante três temporadas, entre 1989/90 e 1991/92. Nesse período, conquistou apenas um título, mas levou as águias à final da Taça dos Campeões Europeus, em 1989/90.

Desde então, passaram pelo Benfica 18 treinadores e Jesus prepara-se para ser o único a conseguir pelo menos finalizar a segunda temporada, mas já pensa mais além. Depois de ter passado um período difícil, o técnico de 56 anos termina 2010 em bom plano. Após um primeiro ano em que impressionou pela forma como vivia o jogo, perdeu algum gás no início desta época, deixando-se abalar pelos resultados. Porém, recentemente mudou a sua postura e voltou a demonstrar a "electricidade" que apresentou em 2009/10, voltando a contagiar os seus jogadores e até adeptos.

Jesus sente-se reforçado pelo facto de os resultados e a qualidade exibicional terem melhorado, mas ainda, e sobretudo, por sentir plena confiança da Direcção. Luís Filipe Vieira já expressou, por três vezes, o seu apoio publicamente ao técnico, o que lhe dá garantias de total liberdade e segurança para trabalhar. A pensar nos muitos títulos e alegrias que prometeu aos adeptos benfiquistas...


Quadro de Treinadores desde 1989

1989-92 Sven-Goran Eriksson

1992-93 Tomislav Ivic/Toni

1993-94 Toni

1995-96 Artur Jorge/Mário Wilson

1996-97 Paulo Autuori/Mário Wilson/Manuel José

1997-98 Manuel José/Mário Wilson/Graeme Souness

1998-99 Graeme Souness/Shéu

1999-00 Jupp Heynckes

2000-01 Jupp Heynkes/José Mourinho/Toni

2001-02 Toni/Jesualdo Ferreira

2002-03 Jesualdo Ferreira/Chalana/José António Camacho

2003-04 José António Camacho

2004-05 Giovanni Trapattoni

2005-06 Ronald Koeman

2006-07 Fernando Santos

2007-08 Fernando Santos/José António Camacho/Chalana

2008-09 Quique Flores

2009-10 Jorge Jesus

14 dezembro 2010

Como ressuscitou Jesus

O jogo de domingo, com o Braga, para a Taça de Portugal, mostrou que Jorge Jesus... está vivo.

O técnico do Benfica voltou a ser aquele espectáculo à parte no acompanhamento do jogo e nas ordens à equipa, eléctrico como há algum tempo não se via, deixando a atitude conformada e quase passiva dos últimos encontros. Uma mudança de comportamento que se explica com o conjunto de factores que O JOGO a seguir decompõe, quando a posição de Jesus era insistentemente colocada em causa - havia até o rumor de que o treinador campeão nacional nem chegaria ao Natal, antecipando-se o fim de uma ligação válida até 2013.

Os votos de confiança de Luís Filipe Vieira, que pelo prisma do fatalismo até poderiam ser entendidos como prenúncio de despedimento, fortaleceram, porém, Jesus, uma vez que foram repetidos em curto espaço de tempo e com clareza por parte do presidente do Benfica. Começou aí a alteração de atitude do técnico de 56 anos, que segundo dizem a O JOGO mostra-se mais expansivo e exuberante precisamente quando se sente confiante - em contrapartida, os nervos é que o deixam quieto e escondido no banco. Depois, a promessa de contar com reforços de Inverno, já em Janeiro, deixou-o também mais optimista e com a convicção de que a segunda metade da época será melhor, até porque há atletas capazes de render mais com o passar do tempo.

O volte-face neste jogo da Taça, que garantiu o apuramento para os oitavos-de-final, foi ainda estimulado pelo facto de ser uma partida a eliminar e uma prova em aberto - o Benfica já foi eliminado da Champions e está longe do líder FC Porto -, tratando-se também de um sonho de Jesus. O treinador das águias já esteve numa decisão (em 2007), com o Belenenses, e nunca escondeu o desejo de triunfar no Jamor, enriquecendo o currículo e homenageando o avô.

A mudança de comportamento de Jesus entronca ainda numa nova estratégia de comunicação. Desde logo porque, pela primeira vez, o técnico fez um mea culpa, reconhecendo que pôs a fasquia demasiado alta quanto à Liga dos Campeões, exagero que acabou por ter influência no seio do grupo, à medida que as derrotas apareceram. Essa mesma instabilidade seria também assumida pelo treinador, que vê agora a equipa "menos ansiosa e mais confiante". E essa confiança é precisamente o combustível de um Jesus de regresso ao passado. Igual a si próprio.

13 dezembro 2010

A análise de JVP


Benfica-Braga

1 Eram dois a querer ganhar e houve justiça
Vitória difícil, mas justa do Benfica, a equipa que mais oportunidades criou contra um Braga muito competitivo, mas pouco objectivo no último terço do campo. Num confronto em que as equipas acusaram visivelmente a pressão que nesta altura se abate sobre ambas, embora seja muito mais forte aquela que é exercida sobre o Benfica e o seu treinador, o jogo teve alguns pontos de interesse, a começar pelas cautelas postas em campo pelos dois conjuntos até às variações tácticas da segunda parte. Porque mesmo que o Braga possa lamentar a ausência de jogadores tão importantes na equipa como Moisés, Vandinho e Matheus, mostrou claramente que entrou na Luz com uma estratégia para tentar ganhar. E é sempre bom que haja duas equipas a querer mesmo ganhar um jogo.


2 Braga tinha uma boa ideia, mas não conseguiu pô-la em prática
Ao contrário do que é costume, mas também por efeito da pressão exercida pelo Benfica, a equipa visitante errou muitos passes, o que lhe dificultou a circulação de bola, obrigando-a a jogar um futebol mais directo do que lhe é habitual, procurando fazer com que Meyong, Paulo César ou Alan aparecessem libertos nas costas da defesa benfiquista. Do meu ponto de vista, essa era uma boa estratégia, uma das armas a utilizar pelo Braga. Por aquilo que o jogo estava a dar - sempre muito cauteloso de ambos os lados -, o Braga não era capaz de fazer uma boa circulação de bola e, como os centrais do Benfica não são muito rápidos e já os temos visto em dificuldades em lances em que a bola lhes é metida para as costas, a ideia do futebol directo era boa, mas a equipa não conseguia boa definição no último passe, pelo que, em todo o jogo, só conseguiu criar uma oportunidade de golo, na sequência de um canto, já no final do encontro, na qual Júlio César fez uma defesa extraordinária. Ou seja, ao Braga faltou objectividade e eficácia.


3 Benfica mais forte, só que o golo é um contra-senso
No meio de tanto rigor táctico, pois as equipas apostaram nisso, nos minutos iniciais percebeu-se que ambas tinham montadas estratégias para ganhar, mas com o passar do tempo o Benfica foi provando que estava melhor e mais perigoso, assumindo a iniciativa, criando alguns lances de perigo. Mas acabou por inaugurar o marcador num lance que foi um contra-senso; com tanta preocupação táctica, sofrer um golo num lançamento de linha lateral não lembra a ninguém. Javi García ganhou a primeira bola rodeado por três jogadores do Braga. Depois, sim, houve mérito de Saviola, que adivinhou o lance e se antecipou a Sílvio, mas aquela bola não podia ter passado.


4 Domingos arrisca tudo
A segunda parte foi muito diferente em termos estratégicos. O Braga subiu no terreno, tentou pressionar mais alto e jogou muito mais tempo no meio campo do Benfica - também porque a equipa da casa baixou as linhas propositadamente e deu a iniciativa e algum espaço para depois explorar as transições rápidas, como gosta de fazer, tendo conseguido algumas bem perigosas. Mesmo com maior iniciativa do Braga, por falta de soluções dos visitantes, era o Benfica a criar os lances de maior perigo. É importante acrescentar que a inoperância bracarense no último terço do terreno se devia também à concentração defensiva dos benfiquistas.

Com meia hora para jogar, Domingos arriscou tudo metendo Hélder Barbosa e Keita. Fez o que tinha a fazer - Hélder Barbosa é um jogador irreverente que gosta de ter a bola no pé e não se impressiona com ambientes desfavoráveis -, mas o Benfica estava muito cómodo com a sua nova maneira de jogar e acabou por marcar o segundo mesmo a acabar.

Uma palavra de apreço para o jovem Guilherme, que joga no satélite Vizela. Não é fácil, aos 19 anos, estrear-se a jogar no Estádio da Luz, ainda por cima numa posição que não é a dele de raiz.


5 Pressão para dois
Este era um jogo que valia bem mais que uma simples eliminatória de Taça, pois desde o sorteio que se sabia que um de dois possíveis candidatos a ganhar a prova ficaria pelo caminho. Desde que o sorteio os juntou, aconteceram muitas coisas de ambos os lados. A pressão sentia-se antes do jogo, até nas declarações dos treinadores, ambos muito cautelosos, tal como depois a montar as respectivas equipas. O Benfica saiu de um péssimo resultado na Liga dos Campeões e, por cá, as coisas também não têm corrido pelo melhor. A pressão que está a ser exercida sobre o treinador também mexe com a equipa, é impossível os jogadores passarem ao lado. Cria-se grande ansiedade.

Do lado do Braga, a Liga dos Campeões tem servido para minimizar alguns resultados menos conseguidos internamente, mas uma equipa que ficou no segundo lugar na época passada criou expectativas grandes que está com dificuldades em cumprir. Para além disso, discutir uma eliminatória na Luz nunca é fácil.

30 novembro 2010

A análise de JVP


Beira-Mar-Benfica


1 Diferença já está num dígito

O Benfica deu resposta positiva a um teste que, atendendo aos últimos dias, tinha de ser considerado muito importante. Num bom jogo, em que há a salientar a boa atitude competitiva de ambas as equipas, o Benfica foi melhor, ganhou, o que para a equipa era fundamental, e reagiu bem à estranha derrota com o Hapoel. O grupo mostrou outra disponibilidade, melhor dinâmica, impôs velocidade à partida e, com isso, foi capaz de ficar por cima durante a maior parte do tempo. Aliás, mesmo tendo marcado a fechar a primeira parte, antes disso tinha desperdiçado várias oportunidades de golo. A vitória também foi importante para o Benfica do ponto de vista da esperança, porque a desvantagem para o primeiro classificado deixar de ser de dois dígitos e passou a ser de apenas um. De qualquer forma, frente a este FC Porto que ainda não perdeu, oito pontos continua a ser muito ponto.

Para o bom espectáculo contribuiu o Beira-Mar, que mostrou por que está bem posicionado na tabela classificativa, jogou sempre um futebol positivo, ainda que na primeira parte tenha sentido bastantes dificuldades para jogar o seu futebol, devido à forte pressão exercida pelo Benfica, daí ter tido em Hugo o seu melhor elemento desse período. Mesmo assim, vê-se que é uma equipa que gosta de ter a bola.


2 Havendo Cardozo, há mais Saviola
A presença de Cardozo em campo muda por completo a face do Benfica. Sendo um jogador posicional, que ocupa o seu espaço na área, liberta Saviola para percorrer outros terrenos e permite ao argentino ter maior mobilidade do que quando joga com Kardec, pois o brasileiro, sendo bastante mais móvel do que Cardozo, tapa muitas vezes os caminhos a Saviola. Há um bom entendimento entre ambos e o golo de Saviola, a passe de Cardozo, é apenas um exemplo disso. Ontem, viu-se Saviola com mais espaço para percorrer e o Benfica com uma referência constante na área, pois Cardozo não é só importante nas bolas paradas.


3 Melhoria nas bolas paradas, mas só no ataque
Para além de recuperar a dupla atacante de sucesso, o Benfica mostrou em Aveiro qualidades que se lhe reconheciam mas que nos últimos tempos andavam desaparecidas. Por exemplo, notou-se uma atitude mais agressiva nas bolas paradas, mas só nas ofensivas, porque nas defensivas continua a ver-se momentos de desconcentração altamente comprometedores. Mas o Benfica foi feliz no minuto em que marcou o primeiro golo - última da primeira parte - e pôde ir para o intervalo tranquilo. Um golo dá sempre serenidade.


4 Podia ter caído para qualquer lado
A segunda parte teve um quarto de hora superinteressante, em que o jogo se tornou aberto e ambas as equipas tiveram grandes oportunidades de marcar. O Benfica fez o 2-0 mas também podia ter caído para o outro lado, pois o Beira-Mar estava à beira do empate. Esses momentos em que os jogos se partem e há duas equipas à procura do golo em toada de parada e resposta são bonitos e interessantes para quem assiste à partida, mas não creio que seja a melhor maneira para uma equipa com as ambições do Benfica gerir uma vantagem. A sentença acabou por surgir num grande golo de Cardozo, porque a partir daí o jogo tornou-se mais fácil de gerir, porque depois apareceu o terceiro golo.

Ainda que tenha de falar em mérito do Beira-Mar, equipa que assume o jogo com desinibição, foi devido a desconcentrações defensivas do Benfica que continuou a haver motivos de interesse e que depois do golo da equipa da casa poderia ter surgido o segundo, o que teria devolvido à partida momentos de incerteza. Tal como tinha acontecido frente ao Lyon, o Benfica cometeu a leviandade de considerar que o resultado estava feito quando ainda havia muito tempo para jogar.


5 Hugo, Ronny e ataque do Benfica em destaque
Os destaques da partida vão para a dupla atacante do Benfica, sendo de salientar que Cardozo apareceu muito bem depois de uma paragem bastante prolongada devido a lesão e já referi como tudo muda com a presença do paraguaio em campo. Bastou a presença dele para Saviola despertar e voltar a ser influente.

No Beira-Mar, Hugo esteve em grande, principalmente na primeira parte, em que foi tudo dele, tendo adiado várias vezes o primeiro golo benfiquista. Também Ronny esteve em evidência. É um jogador irreverente e não tem medo de ter a bola. Apareceu mais do que uma vez solto nas costas da defesa do Benfica.

09 novembro 2010

Até à goleada

A questão fica mais fácil de entender se a personalizarmos. O que foi mais importante para a goleada do FC Porto sobre o Benfica: a inspiração de Hulk, como pretendeu fazer crer Jesus, ou a invenção do treinador do Benfica, que por isso mesmo teria apontado o dedo ao avançado portista? Mas além de assim lhe darmos laivos de injustiça, pois apagamos da fotografia todos os outros intervenientes, esta é uma questão de resposta impossível. Há mérito do FC Porto, com Hulk à cabeça mas muita gente a seguir-lhe as pisadas, e há demérito do Benfica, com a catástrofe estratégica introduzida pelo treinador a ganhar peso na pálida imagem deixada no relvado. Uma coisa começa onde acaba a outra e, sim, ambas foram muito importantes na forma como decorreu o clássico.

O mais fácil é destacar o mérito do FC Porto. A forma fantástica de Hulk, bem à vista no modo como deixou David Luiz parado na arrancada para o primeiro golo. Mas também a inspiração de Belluschi, que partiu o central adaptado benfiquista ao meio com a simulação que conduziu ao segundo tento. Ou ainda a segurança de posse de bola que João Moutinho dá à equipa. Bem como a disciplina táctica que esta mostra sempre, mérito de André Villas-Boas, que mudou a cara de um onze que era mais dado à velocidade das transições e que agora está melhor em ataque organizado e no momento defensivo. Aliás, o mérito de Villas-Boas não pode esgotar-se no jogo de anteontem, porque o FC Porto foi anteontem igual ao que tem sido quase sempre.

Mas a pergunta é legítima: renderia o FC Porto tanto sem as invenções de Jorge Jesus? Teriam Hulk e Belluschi tantas facilidades nos dois primeiros golos contra um lateral rotinado e veloz nos espaços curtos como Coentrão? Provavelmente não. E esta sublimação da componente estratégica do jogo torna-se tanto mais incompreensível quando Jesus já tinha sofrido com ela em outras ocasiões: a última goleada encaixada pelo Benfica (os 1-4 em Liverpool) tivera a mesma marca, a mesma obsessão em montar a equipa não em função das suas qualidades mas a pensar na anulação das armas do adversário.

Em suma, o FC Porto é a melhor equipa do campeonato e em condições normais ganharia sempre o jogo - e isso é mérito de André Villas-Boas. Mas o Benfica esteve abaixo do que seria normal e por isso não só perdeu como foi goleado - e aí há algum demérito de Jorge Jesus.

31 outubro 2010

Aimar está a jogar como nunca

Aimar está a jogar como nunca. El Mago já disputou 958 minutos na presente temporada e alcançou o seu melhor registo desde que chegou à Europa, contabilizando os desafios realizados desde o início da época até ao final do mês de Outubro. O internacional argentino brilhou frente ao Paços de Ferreira ao marcar um golo digno de Maradona, que celebrou precisamente ontem 50 anos, e ao completar todo o encontro acabou por bater um recorde pessoal, num ano em que já apontou dois golos.

O melhor início de temporada do médio até este ano tinha acontecido em 2002/03 no Valência, com Rafa Benítez, quando chegou até ao final de Outubro com 951 minutos. Nessa época, o médio tinha disputado seis partidas na liga espanhola, mas contabilizava ainda participações na Supertaça do país vizinho e na Liga dos Campeões. Aliás, apesar de o total de minutos ter sido batido na presente temporada, 2002/03 continua a ser o ano em que revelou maior acerto na hora do remate, pois marcou então cinco golos.

Apontado como um dos mais credíveis sucessores de El Pibe, Aimar deixou o River Plate a meio da temporada de 2000/01 para ingressar no Valência, onde prometeu atingir o estatuto que todos lhe auguravam. Ao serviço do clube che, conquistou dois títulos de Espanha, uma Taça UEFA e uma Supertaça Europeia, mas não conseguiu afirmar-se plenamente como o novo "herdeiro" do grande craque do país das pampas, fruto também de muitas lesões, que lhe minaram a carreira.

Depois das muitas conquistas, 2004/05 marcou o início do declínio de Aimar. Os registos começaram a baixar - pior do que nesse ano só mesmo em 2008/09, na primeira época de águia ao peito -, voltando a subir na última temporada no Valência. Porém, a queda estava selada, o que o levou a procurar dar um novo fôlego à sua carreira no Saragoça, mas acabou por falhar o desafio, não só pela fraca produção da equipa, mas também novamente devido aos problemas físicos.

Luís Filipe Vieira e Rui Costa decidiram arriscar a sua contratação e depois das dúvidas criadas sob o comando de Quique Flores em 2008/09, em que esteve afastado durante grande parte do início da época, Aimar foi capaz de recuperar a sua qualidade pelas mãos de Jorge Jesus.

O treinador de 56 anos foi o grande mentor da reabilitação de El Mago, fazendo dele uma peça imprescindível na sua estratégia, colocando-o também a jogar na sua posição de origem, naquela que mais rende.

Depois de disputar apenas quatro jogos e 192' com Quique Flores, Aimar conseguiu realizar 858' na última época, fruto da participação em 11 jogos. Jesus foi obrigado a gerir com cuidado a utilização do camisola 10, fruto precisamente do seu passado a nível físico, mas raramente prescindiu dele, algo que voltou a suceder esta temporada. Aliás, dos 14 jogos já cumpridos pelo Benfica em 2010/11, El Mago foi opção em... 13 e apenas uma vez, ante o Schalke 04, como suplente utilizado. De resto, terminou os desafios dos encarnados por cinco ocasiões, sendo totalista nas últimas três jornadas do campeonato.

22 outubro 2010

Roberto promete render milhões

Roberto está finalmente ao nível do que mostrou em Espanha, e a sua cotação de mercado poderá brevemente superar os 8,5 milhões de euros que o Benfica pagou por ele ao Atlético de Madrid no início da temporada. Esta é a convicção genérica de quatro empresários de países diferentes ouvidos ontem por O Jogo: Alejandro Santisteban (Chile/Espanha), Federico Pastorello (Itália), Phillipe Flavier (França) e Ulisses Santos (Portugal). Os agentes FIFA não quiseram arriscar números sobre quanto poderá nesta altura estar a valer o camisola 12 - dizem que "o filme ainda é curto" e o mercado está muito por baixo, a condizer com a crise económica generalizada -, mas garantiram que "Roberto tem futuro" e será "um guarda-redes de topo a nível europeu".

Se não fosse o guarda-redes espanhol, o Benfica teria perdido, com toda a certeza, por mais de 0-2 frente ao Lyon; apesar do desaire, o Calmeirão esteve excepcional. "O Bravo, da Real Sociedad, é internacional chileno e está neste momento avaliado em seis milhões de euros. E, na minha perspectiva, o Roberto é melhor: é mais alto, mais rápido, mais jovem e tem passaporte espanhol", defendeu Alejandro Santisteban, empresário chileno que tem o sportinguista Matías Fernández na sua carteira de clientes e conhece muito bem o mercado europeu e sul-americano. "Se continuar a este nível, no final da época o Roberto vai valer mais do que os 8,5 milhões de euros. O Benfica ainda poderá ganhar muito dinheiro com ele. Os frangos que deu no início foram a excepção, não a regra", acrescentou.

Para Ulisses Santos, empresário português, o guarda-redes espanhol está finalmente ao nível do que tinha mostrado no Saragoça. "Ele já tinha dado boas indicações em Espanha. O Benfica sabia o que estava a comprar", sustentou. "É verdade que passou por um mau período, mas isso teve a ver com a adaptação a uma nova realidade e à pressão de um clube grande", acrescentou, admitindo que "as boas exibições na Liga dos Campeões o podem catapultar "para outros valores de mercado". Ainda assim, Ulisses Santos defende que Roberto "pode ser um guarda-redes para fazer história no Benfica" ao nível de Preud'homme.

No entender de Federico Pastorello, conhecido agente italiano (é empresário, por exemplo, de Bernardo Corradi, avançado da Udinese que esteve na mira do Sporting), 8,5 milhões de euros não é assim tanto dinheiro para um "guarda-redes de topo". E Pastorello inclui Roberto nessa categoria. "É de grande nível, e tenho a certeza de que o Benfica ainda vai ganhar dinheiro com ele", afirmou. "Um guarda-redes de topo pode custar mais do que isso. Por exemplo, o Handanovic, da Udinese, ou o Muslera, da Lázio, estão avaliados por volta dos 15 milhões de euros", argumentou.

Phillipe Flavier, o homem que gere a carreira do guarda-redes do Lyon, Lloris, vê perfeitamente o guardião espanhol das águias a actuar num grande como o Real Madrid ou o Chelsea. "É uma posição com um mercado muito difícil, pois só joga um por equipa. Mas não é disparatado pensar que o Roberto pode chegar a um clube de topo europeu, como o Chelsea ou o Real Madrid, por exemplo."


Guardião não deu importância ao brilho pessoal de Lyon

Roberto desvalorizou a sua actuação diante o Lyon. "Falei com ele há pouco, e está triste pela derrota da equipa", disse, a O Jogo, Juanma López. O empresário do guarda-redes garantiu que Roberto "não deu importância" à sua excelente actuação. "Ele é profissional. Para o Roberto, o que importa é o colectivo", comentou. Juanma López reconheceu, no entanto, que "é muito bom" poder mostrar-se a grande nível na Champions. "Ele é um guarda-redes com muito futuro e vai mostrar cada vez mais. Com o seu trabalho, vai pôr tudo no sítio", acrescentou o agente FIFA a respeito das críticas iniciais acerca da qualidade e do elevado preço do "portero".

19 outubro 2010

El Conejo nasceu há 12 anos

Era notícia na Argentina faz hoje exactamente 12 anos: Javier Pedro Saviola, um adolescente de apenas 16 anos, estreava-se como profissional, com a camisola do seu clube de sempre, o River Plate. Mais: nesse dia, num encontro com o Gimnasia de Jujuy, Saviola estreava-se não só a jogar, mas também a... marcar (é o mais novo de sempre a fazê-lo na estreia), assinando um dos golos dos milionários (2-1). Era o nascer de um avançado de excepção, já com direito a alcunha - El Conejo (Coelho) -, um jogador de estilo próprio, único, um matador elegante.

A data - 18 de Outubro de 1998 - é marcante para o agora avançado do Benfica, mas também para os seus antigos colegas. Aimar era um deles, durando desde aí a amizade praticamente de irmãos que hoje os une, mas havia, no plantel dos milionários, um outro jogador que Saviola jamais esquecerá, quanto mais não seja porque foi ele que lhe pôs a alcunha. Trata-se de Germán Burgos, excêntrico guarda-redes que fez carreira no futebol espanhol.

Ontem, em contacto telefónico com O JOGO, Burgos nem precisou que o situassem, disparando adversário e ocorrências assim que foi confrontado com a data que se assinala. "Foi contra o Jujuy. Ganhámos 2-1, o Javier marcou um golo", recorda Burgos, a propósito daquele que diz ser o "melhor avançado" com quem jogou: "Um craque, dentro e fora do campo. Tem uma grande paz interior. É isso que faz a diferença nele. No dia da estreia, estava calmo e alegre. Contente, como sempre."

Nessa semana de Outubro de 1998, enquanto o técnico Rámon Díaz se preparava para o lançar, Saviola ganhou também a alcunha que ainda hoje o acompanha. Uma alcunha que... é a sua cara, não pelos dentes incisivos, mas pelas características que exibe em campo. "Foi durante um treino nessa semana. Ele apareceu-me isolado, mas cheguei primeiro e desviei. Olhei para o lado, e então ele apareceu não sei de onde, já com a bola. Marcou, olhou para mim e abanou a cabeça de um lado para o outro. Foi então que me saiu: 'É um coelho.'" E Coelho ficou.

10 outubro 2010

Gaitán e a fórmula para voar sem asas

Com nove jogos oficiais disputados nesta época - descontando a Supertaça Cândido de Oliveira, disputada logo no início de Agosto -, Jorge Jesus parece já ter encontrado a fórmula para fazer a águia voar... sem asas. A saída de Di María deixou a formação da Luz praticamente órfã de profundidade pelo flanco esquerdo, e o herdeiro da camisola 20 não veio emprestar as mesmas características ao posto. Por esta altura, já é (mais do que) nítido que Gaitán só se pode assemelhar a Angelito no que à qualidade técnica acima da média diz respeito, e coube a Jesus encontrar a estratégia ideal para manter a equipa na senda das vitórias sem a mesma capacidade para flanquear o jogo. Neste capítulo, importa não esquecer também a despedida de Ramires, que, na direita, se afirmou como um verdadeiro faz-tudo. E se, com Gaitán, o desenho até se mantém relativamente ao que acontecia na última época, a dinâmica ofensiva teve de ser alterada.

O último encontro dos encarnados, frente ao Braga, foi apenas mais um exemplo claro de como Jorge Jesus planeia olear a máquina de olho na revalidação do título. Ainda não se joga de olhos fechados, há muito sofrimento, mas o técnico tem bem clara a nova fórmula para integrar o reforço argentino num modelo que quase sempre leva muita gente para o ataque. Na prática, quando a equipa tem a posse de bola forma-se um póquer de ases no apoio ao ponta-de-lança, seja ele Cardozo ou Alan Kardec.

E o cenário não é complicado de explicar. Uma vez que as características do ex-Boca Juniors o levam a pender quase invariavelmente para o centro do terreno, é Fábio Coentrão quem tem ordem para assumir as rédeas e tentar - regra geral, através de combinações simples - ganhar a linha de fundo. A função obriga naturalmente o internacional português a grandes correrias, pois também não se pode esquecer de recuperar defensivamente quando os ataques se revelam infrutíferos.

No outro flanco, Carlos Martins procura ocupar a mesma linha de Gaitán, enquanto vê muitas vezes o inteligente Saviola "baixar" um pouco para trás do ponta-de-lança. Resultado, uma linha de quatro homens atrás do goleador (Fábio Coentrão, Gaitán, Saviola e Carlos Martins), mas que ainda tem sempre Aimar na retaguarda. El Mago integra-se, também ele, nesta linha de quatro "mosqueteiros" sempre que troca de posição com Carlos Martins. A intenção de manter quase sempre um homem ligeiramente mais recuado do que esta dita frente de apoio directo ao ponta-de-lança é dupla: tentar abrir frestas na defesa contrária através de tabelas e manter mais um elemento para aproveitar eventuais segundas bolas. E neste capítulo, já se sabe, Carlos Martins consegue elevadas doses de perigosidade para os adversários.

Na prática, quando em posse de bola Jorge Jesus quer metade da equipa declaradamente em missão ofensiva. Ao todo, cinco elementos têm apenas a preocupação de tentar chegar ao golo, e por aqui se vê que a filosofia do treinador se mantém relativamente à última época. A ideia é colocar muita gente no último terço do terreno, seja através de saídas rápidas ou em ataque continuado.

Quando é hora de reagrupamento defensivo, o esquema da última época, em losango, mantém-se. Os dois interiores têm a preocupação de apoiar os laterais, sempre de olho na necessidade de auxiliar Javi García, o homem mais recuado do meio-campo. Aimar (ou Carlos Martins) inicia pressão logo sobre a defesa adversária, tal como os dois homens mais adiantados. Os nomes... pouco interessam.

01 outubro 2010

Pode ser coincidência... ou não

José Sócrates é benfiquista. Já o confessou em diversas ocasiões, embora a sua preenchida agenda não lhe permita assistir com regularidade aos jogos das águias. Foi o que aconteceu anteontem. Quinze minutos depois de o Benfica começar a jogar frente ao Schalke 04, para a Liga dos Campeões, o primeiro-ministro anunciou as medidas de austeridade que farão parte do Orçamento para 2011, entre as quais o aumento do IVA para 23 por cento e o corte nos salários da função pública. Coincidência ou estratégia política?

A verdade é que já não é a primeira vez que uma situação deste género acontece envolvendo o Benfica e o actual Governo. Já este ano, no dia seguinte aos encarnados se sagrarem campeões nacionais, Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, admite um aumento de impostos. A 13 de Maio, o papa Bento XVI está em Fátima e José Sócrates vem confirmar o que o ministro das Finanças anunciara dias antes.

Em 2005, foi também o Benfica campeão nacional. As águias festejaram à grande no dia 22 de Maio, após uma empate com o Boavista, no Bessa, e, dois dias mais tarde, o primeiro-ministro anuncia o aumento da taxa de IVA de 19 para 21 porcento.

Segundo Manuel Meirinho, conhecido politólogo e professor de Ciência Política no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, a ligação entre todos estes factos não passa de "uma mera curiosidade", não existindo "evidências suficientes para se tirar uma conclusão". Outro especialista em comunicação e propaganda política, contactado pelo nosso jornal e que pediu anonimato, teve opinião diferente, defendendo que pode não ser ingénua, da parte do Governo, a escolha do "timing" para a anúncio de medidas impopulares. "Há evidências significativas que apontam nesse sentido. Ao escolherem momentos em que as pessoas têm a sua atenção dividida por outros acontecimentos, dispersam a má notícia e diminuem o impacto dessas medidas impopulares", declarou essa fonte a O JOGO.

30 setembro 2010

A análise de JVP Shalke-Benfica


1
Benfica entrou bem, mas depois…

Tratou-se de um jogo muito intenso, disputado em ambiente difícil, com o Benfica a deixar-se perturbar e a justificar o mau resultado depois de uma primeira parte em que esteve bem e chegou a dominar durante um bom período. Só que a equipa portuguesa pareceu apagar-se repentinamente por volta dos 60', acabando mesmo por se tornar irreconhecível depois de sofrer o primeiro golo.

O Benfica até entrou bem na partida, com boa atitude, boa dinâmica, personalidade e a querer assumir o jogo. Daí que tenha sido a equipa mais perigosa em campo durante uns bons 20 minutos. Confesso que gostei desse período em que só a lentidão de Cardozo impediu o golo logo aos 3'. Quem olhava para aquele Benfica organizado e ambicioso, a que só estava a faltar um pouco de serenidade na finalização e na definição do passe, não podia adivinhar o que iria acontecer na segunda parte.

2
Do poste veio o aviso

O Schalke conseguiu equilibrar a meio da primeira metade, contrapondo ao jogo mais trabalhado do Benfica um futebol directo, mais físico, mas também trapalhão, o tipo de jogo que lhe interessava numa altura em que se preocupava em tentar sacudir a pressão. Aliás, a única oportunidade de que dispôs foi na sequência de um balão para a frente a que se seguiu uma tabela entre Raúl e Jurado, com o primeiro a atirar ao poste, seguindo-se uma grande defesa de Roberto. Teria sido um golo injusto, mas foi também um aviso sério.

3
Schalke mais forte

O Benfica voltou a entrar bem na segunda parte, conseguiu um ligeiro ascendente, mas voltou a ser notória a falta de agressividade ofensiva e de serenidade no momento do passe. Daí que, de repente, o Schalke tenha dado a volta ao jogo. Para isso bastou-lhe aumentar a agressividade, a pressão e a velocidade. Passou a jogar mais perto da área do Benfica, o que fez aumentar as dificuldades. Depois aconteceu o golo, na sequência de um lance mal calculado por César Peixoto, e a equipa nunca mais se encontrou, evidenciando nervosismo a mais e, depois do segundo tento, até alguma desmotivação e descontrolo.

O número de passes perdidos pelo Benfica na segunda parte foi uma barbaridade. Aliás, é relevante afirmar que o golo surgiu numa altura em que o Schalke já era claramente a equipa mais forte em campo. Daí ter de se dizer que o resultado foi justo, atendendo ao que se passou na segunda parte.

4
Cautelas justificadas

Pode haver quem tenha estranhado o comportamento táctico do Benfica, mais cauteloso do que o costume, com Saviola mais recuado do que é habitual e Carlos Martins integrando-se numa linha de três médios à frente de Javi García, mas este era um jogo da Liga dos Campeões, o que, por si só, justifica cautelas. Depois de ganhar em casa ao Hapoel, pontuar fora teria sido muito importante. E o Benfica, pela forma como entrou no jogo, até mostrou que estava bem montado, mas depois cometeu demasiados erros e moralizou um adversário que vale mais do que aquilo que tem mostrado, tendo sido mais forte nos duelos e quando jogava em velocidade. Outro ponto importante - um bom exemplo para os adeptos portugueses - foi o apoio do público, que esqueceu a classificação na Bundesliga (penúltimo lugar), foi ao estádio e empurrou a equipa para a vitória. E não adianta dizer o contrário, porque um ambiente ao rubro ajuda uma equipa e intimida a outra.

5
David Luiz, Luisão e as substituições

Um reparo para a perda de bola de David Luiz no lance do segundo golo. Sair com a bola no pé é uma imagem de marca, não é de agora que ele arrisca muito, por vezes de mais. E é preciso ter em conta que a agressividade da Liga dos Campeões é bem maior do que a da liga portuguesa. E desta vez nem se pode dizer que perdeu a bola num confronto físico com um jogador mais forte ou mais rápido; bastou um adversário experiente e inteligente para lhe roubar a bola.

Bem esteve o colega do lado: Luisão foi o melhor elemento do Benfica, certo a defender, consistente e forte nos cruzamentos. Uma mais-valia.

Quanto às substituições, entendo a saída de Gaitán, mas pelo amarelo que tinha visto, porque estava melhor do que jogou depois Salvio; Saviola por Aimar foi troca por troca, talvez na procura de melhor definição de passe, mas não resultou; Cardozo por Kardec terá sido por lesão.

6
Benfica-Braga vai ser confronto de personalidades

Numa semana que claramente não foi portuguesa em termos de Liga dos Campeões, os representantes nacionais na prova defrontam-se no domingo. Antevejo um jogo interessante, porque ambos sofreram derrotas daquelas que doem. A personalidade dos jogadores de ambos os lados vai contar muito.