
Com a contratação de Witsel, o 4x1x3x2 utilizado por Jorge Jesus nas duas primeiras épocas no comando do clube da Luz parece assim condenado à extinção, uma vez que o jogador belga é considerado pelo técnico uma das peças fundamentais na estratégia da equipa. Aliás, Jesus não lhe tem poupado elogios, soltando-os praticamente a cada partida, nomeadamente após a segunda mão com o Trabzonspor e com o Twente. Na última quarta-feira referiu que o camisola 28 "é um jogador com características especiais" e que está ainda "a crescer e a conhecer a obrigação táctica" que deve ter na Luz, e já na Turquia tinha frisado: "Foi um jogador inteiro. É jovem, mas culto tacticamente. Ele e Aimar são compatíveis." Esta é precisamente uma das premissas de Jesus para a nova época. A ideia do técnico encarnado é colocar Witsel no apoio a Javi García, funcionando quase num duplo pivô defensivo e permitindo maior preponderância a Aimar no ataque.
A presença de Witsel altera alguns fundamentos das águias - antes do jogo com o Feirense, Jesus disse que o plantel deste ano foi escolhido não só pela questão técnica, mas também pela capacidade física - e permite a El Mago uma maior liberdade de movimentos. Além de ter uma menor preocupação na missão defensiva, pois Javi García ganha agora um novo apoio para o trabalho de sapa, o camisola 10 percorre um maior espaço na frente de ataque, respondendo para já a alto nível, como se verificou com o Twente.
A ganhar cada vez mais o seu espaço na Luz, Witsel parece ter finalmente apresentado argumentos que levem a que Jesus termine com a sua rotação entre o onze inicial e o banco de suplentes. O camisola 28 tinha sido titular apenas em três das seis partidas oficiais já disputadas pelas águias, precisamente nas eliminatórias de acesso à Champions (primeiro com o Trabzonspor, na Turquia, e depois no duplo confronto com o Twente). A partir de agora, já não falta quem diga que o onze encarnado será formado por Witsel... e mais dez. Na próxima segunda-feira, na deslocação ao terreno do Nacional, Witsel deve ter assegurada pela primeira vez a titularidade na Liga, tentando repetir as exibições que tem feito na Europa.
Festejos de golos já são um clássico
A forma como Witsel festejou os golos surpreendeu muitas pessoas. A atitude do camisola 28 após cada um dos golos, juntando as mãos em forma de uma ave e "dando-lhe asas", fez até equacionar uma celebração dedicada ao Benfica, em homenagem à águia, símbolo do clube da Luz. Porém, este festejo é já um clássico do internacional belga, que assim comemorava também cada golo marcado ao serviço do Standard e ainda pela sua selecção. Uma das inspirações do festejo está precisamente nas origens de Witsel. O pai do atleta é da Martinica, ilha que tem o colibri como um dos seus símbolos. Ora, o médio é bastante apegado às raízes familiares e por isso simula, após cada golo, o voo daquela ave.