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13 dezembro 2010

A análise de JVP


Benfica-Braga

1 Eram dois a querer ganhar e houve justiça
Vitória difícil, mas justa do Benfica, a equipa que mais oportunidades criou contra um Braga muito competitivo, mas pouco objectivo no último terço do campo. Num confronto em que as equipas acusaram visivelmente a pressão que nesta altura se abate sobre ambas, embora seja muito mais forte aquela que é exercida sobre o Benfica e o seu treinador, o jogo teve alguns pontos de interesse, a começar pelas cautelas postas em campo pelos dois conjuntos até às variações tácticas da segunda parte. Porque mesmo que o Braga possa lamentar a ausência de jogadores tão importantes na equipa como Moisés, Vandinho e Matheus, mostrou claramente que entrou na Luz com uma estratégia para tentar ganhar. E é sempre bom que haja duas equipas a querer mesmo ganhar um jogo.


2 Braga tinha uma boa ideia, mas não conseguiu pô-la em prática
Ao contrário do que é costume, mas também por efeito da pressão exercida pelo Benfica, a equipa visitante errou muitos passes, o que lhe dificultou a circulação de bola, obrigando-a a jogar um futebol mais directo do que lhe é habitual, procurando fazer com que Meyong, Paulo César ou Alan aparecessem libertos nas costas da defesa benfiquista. Do meu ponto de vista, essa era uma boa estratégia, uma das armas a utilizar pelo Braga. Por aquilo que o jogo estava a dar - sempre muito cauteloso de ambos os lados -, o Braga não era capaz de fazer uma boa circulação de bola e, como os centrais do Benfica não são muito rápidos e já os temos visto em dificuldades em lances em que a bola lhes é metida para as costas, a ideia do futebol directo era boa, mas a equipa não conseguia boa definição no último passe, pelo que, em todo o jogo, só conseguiu criar uma oportunidade de golo, na sequência de um canto, já no final do encontro, na qual Júlio César fez uma defesa extraordinária. Ou seja, ao Braga faltou objectividade e eficácia.


3 Benfica mais forte, só que o golo é um contra-senso
No meio de tanto rigor táctico, pois as equipas apostaram nisso, nos minutos iniciais percebeu-se que ambas tinham montadas estratégias para ganhar, mas com o passar do tempo o Benfica foi provando que estava melhor e mais perigoso, assumindo a iniciativa, criando alguns lances de perigo. Mas acabou por inaugurar o marcador num lance que foi um contra-senso; com tanta preocupação táctica, sofrer um golo num lançamento de linha lateral não lembra a ninguém. Javi García ganhou a primeira bola rodeado por três jogadores do Braga. Depois, sim, houve mérito de Saviola, que adivinhou o lance e se antecipou a Sílvio, mas aquela bola não podia ter passado.


4 Domingos arrisca tudo
A segunda parte foi muito diferente em termos estratégicos. O Braga subiu no terreno, tentou pressionar mais alto e jogou muito mais tempo no meio campo do Benfica - também porque a equipa da casa baixou as linhas propositadamente e deu a iniciativa e algum espaço para depois explorar as transições rápidas, como gosta de fazer, tendo conseguido algumas bem perigosas. Mesmo com maior iniciativa do Braga, por falta de soluções dos visitantes, era o Benfica a criar os lances de maior perigo. É importante acrescentar que a inoperância bracarense no último terço do terreno se devia também à concentração defensiva dos benfiquistas.

Com meia hora para jogar, Domingos arriscou tudo metendo Hélder Barbosa e Keita. Fez o que tinha a fazer - Hélder Barbosa é um jogador irreverente que gosta de ter a bola no pé e não se impressiona com ambientes desfavoráveis -, mas o Benfica estava muito cómodo com a sua nova maneira de jogar e acabou por marcar o segundo mesmo a acabar.

Uma palavra de apreço para o jovem Guilherme, que joga no satélite Vizela. Não é fácil, aos 19 anos, estrear-se a jogar no Estádio da Luz, ainda por cima numa posição que não é a dele de raiz.


5 Pressão para dois
Este era um jogo que valia bem mais que uma simples eliminatória de Taça, pois desde o sorteio que se sabia que um de dois possíveis candidatos a ganhar a prova ficaria pelo caminho. Desde que o sorteio os juntou, aconteceram muitas coisas de ambos os lados. A pressão sentia-se antes do jogo, até nas declarações dos treinadores, ambos muito cautelosos, tal como depois a montar as respectivas equipas. O Benfica saiu de um péssimo resultado na Liga dos Campeões e, por cá, as coisas também não têm corrido pelo melhor. A pressão que está a ser exercida sobre o treinador também mexe com a equipa, é impossível os jogadores passarem ao lado. Cria-se grande ansiedade.

Do lado do Braga, a Liga dos Campeões tem servido para minimizar alguns resultados menos conseguidos internamente, mas uma equipa que ficou no segundo lugar na época passada criou expectativas grandes que está com dificuldades em cumprir. Para além disso, discutir uma eliminatória na Luz nunca é fácil.

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