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17 setembro 2010

A "Bruta" reacção do Benfica


Os altos comandos do Benfica reagiram à bruta contra arbitragens que, no balanço das primeiras 4 jornadas, têm prejudicado o campeão nacional. E não ficaram por aí; amplificando ao máximo o protesto, varreram quase tudo: o secretário de Estado, a Liga – cujo recentíssimo novo presidente apoiaram -, até com ameaça de ausência na respectiva Taça (!), a Olivedesportos e, por tabela, para aí 13 clubes… pois é isso o que, financeiramente, ressalta do apelo aos adeptos benfiquistas para não comparecerem nos jogos fora da Luz. Escapou alguém? Ah, sim, a depauperada Federação…
Na crónica do V. Guimarães – Benfica, desanquei Benquerença; há muito não via tão má actuação de árbitro, porque tão claramente virada contra uma equipa – nos erros técnicos (impossível não ver o segundo penalty!) e na chocante prepotência de alguns cartões amarelos. Mas tenho de fazer duas ressalvas. Primeira: escrevi ter dúvidas – admitindo acerto do auxiliar José Cardinal – no lance em que Cardozo meteu a bola na baliza; no dia seguinte, vendo imagem televisiva, passei a ter certeza: houve fora-de-jogo. Segunda: num texto posterior, referi mala pata de Benquerença em jogos com o Benfica; é verdade, mas, no que recordo das duas últimas épocas (portanto, bem longe do Benfica – FC Porto em que ninguém pode afirmar se o remate de Petit entrou ou não na baliza), em Alvalade e, na Luz, com FC Porto e Nacional, não foi o Benfica o mais afectado por erros de arbitragem…
Pois é, aplica-se a todos os clubes, aos seus dirigentes e à enorme maioria dos seus adeptos: erros contra nós, aqui d’el rei; erros a nosso favor, profundo silêncio. Bem frescos exemplos: FC Porto favorecido na Figueira da Foz; Sporting idem no golo espantosamente anulado ao Olhanense; Benfica aspas no claríssimo penalty por Luisão cometido frente ao Hapoel. Alguém já ouviu “ganhamos porque o árbitro errou”?
Volto à reacção de tudo arrasar. Uma de duas: ou há descontrolada perturbação face a inédita série de derrotas do Benfica em início de época, ainda por cima sendo o campeão, ou Vieira e seus pares têm mesmo muito seguros e fortes indícios de que, nos jogos de bastidores, outras forças estão ao assalto do controlo da arbitragem.
Sim, sem medo das palavras: pelo menos desde que sou jornalista, o que já se expressa nalgumas décadas, quase todos os dirigentes dos clubes, sobretudo dos gigantes, têm esta prioridade: obter o controlo da arbitragem. O controlo absoluto, ou, no mínimo, as migalhas… Chocante mentalidade - amiúde reforçada por maldita realidade - daqui não sai: para se ser campeão, é imperioso controlar os árbitros / a sua nomeação, ou não deixar que seja (m) o (s) adversário (s) a consegui-lo. Tão tenebroso quanto isto! De uma forma ou de outra (e os processos têm-se diversificado), todos tentam. Uns ganham, outros perdem… E, para quem perde, sempre ó da guarda! Fazendo questão fechada de passar ao ataque na temporada seguinte… Repito: tão tenebroso quanto isto! Não tanto assim nos últimos anos? Nenhuma dúvida, já foi muitíssimo pior! Mas a mentalidade permanece…; é só dar-lhe um pouco mais de terreno de acção, lá vai ela, a todo o gás.
Os dirigentes do Benfica saberão o que fazem, terão as suas razões - para além da impossível camuflagem de a equipa estar a léguas do que rendia há um ano - , mas, com tão bruta declaração de guerra, porque lançada contra todo o mundo do futebol português (!), ganhar amigos é que não vejo como… E uma pergunta coloco: já desistiram de Benfica bicampeão? Parece… quando pedem para a equipa não ter adeptos nos jogos em casa alheia. Tanto, e bem legítimo, orgulho por só o Benfica encher todos os estádios. Tanto, e tão justo, agradecimento aos adeptos pela preciosíssima ajuda a Benfica campeão ao conseguirem que, em 28 das 30 jornadas, a maioria do público fosse fervorosamente benfiquista. A represália de estádios vazios é tiro, aliás metralhadora, no coração… da equipa.

11 maio 2010

Grande campeão - Por Santos Neves

Por Santos Neves in A Bola

JORGE JESUS, mal entrou na Luz, garantiu que o Benfica iria jogar o dobro do que jogara na época anterior. Então comentei que o dobro de quase nada muito pouco continua a ser... A verdade é que Jorge Jesus conseguiu multiplicar por muito mais que o dobro a qualidade do futebol benfiquista. O Benfica é grande campeão. Acima de tudo, por ter sido a equipa que mais deu excelentes espectáculos de futebol vibrantemente ofensivo. Primeira consequência: 76 golos na Li-ga, bem acima de 100 ao longo da época. Segunda: margem de 5 pontos so- bre o 2.º, 8 sobre o 3.º, 28 sobre o 4.º. Terceira: recorde de pontos (76) nos campeonatos com 16 equipas (mais 6 que o FC Porto na época passada). Lo- go, nem leve dúvida de o Benfica ter atingido muito alto nível, só assim com clareza se vincando superior ao melhor Sp. Braga de sempre (sensacional, estupendo!) e a um FC Porto só 2 pontos abaixo do que somara há um ano... Justíssima a estrondosa festa. E muitíssimo mal ficam a consciência e o estofo de quem não sabe reconhecê-lo.
Ah!, o futebol tem coisas do arco--da-velha...: o V. Guimarães de Paulo Sérgio, próximo treinador do Sporting, perdeu, em sua casa, o 5.º lugar "europeu" para o Marítimo de Van der Gaag, treinador já despedido!...

08 maio 2010

Pode o Rio Ave arrasar a Luz? - Por Santos Neves


Por Santos Neves in A Bola

NÃO passa pela cabeça de alguém — creio que nem pela do mais entusiasta adepto bracarense — o Benfica falhar a conquista do título nacional no derradeiro jogo e em sua casa... O estádio da Luz terá lotação esgotada e a ferver de paixão vermelha, o Benfica tem sido a mais espectacular equipa — que gigantesca diferença de qualidade face ao último Benfica campeão, já lá vão cinco anos... —, o Rio Ave, apenas 11.º, à distância de 42 pontos (!), nada tem de papão, e, caramba, empate basta. A frio, é assim: nenhuma hipótese de haver escândalo.
Há, claro, uns ses e uns mas...:

1- O sortilégio do futebol, amiúde tão cheio de surpresas que chegam a atingir o incrível (Domingos Paciência, alimentando a crença da sua equipa e mantendo muito legítima estratégia de pressão, já lembrou como o Corunha perdeu título espanhol: no último dia, no seu terreno e falhando penalty no derradeiro minuto!).

2- O brio do Rio Ave e a sua interessante capacidade de resistência fora de casa: em 14 jogos, teve menos derrotas (5) do que resultados positivos (6 empates, 3 vitórias). Ainda assim, o mais frequente resultado do Rio Ave nesta Liga (13 empates) não será suficiente para a corrida ao título ter desfecho qual filme de Hitchcok...

3- Benfica sem Javier García e, sobretudo, sem Fábio Coentrão e Dí Maria, a diabólica asa esquerda que habitualmente lhe dá superdinâmica. A estas importantes ausências poderá juntar-se confirmação de Cardozo, Saviola, Ramires andarem presos por arames...

4- Acima de tudo: Benfica em descendente gráfico de forma... Nos últimos jogos, teve dificuldade em camuflar cansaço de jogadores chaves e... muito nervosismo. Ansiedade por a meta do grande êxito estar mesmo, mesmo ali... mas tardar a ser cortada (ai a admirável persistência do Sp. Braga!) tem vindo a emperrar a esfusiante máquina montada por Jorge Jesus. Cansaço e desconcentração competitiva foram superevidentes em Liverpool. Ansiedade tocando a zona vermelha do conta-rotações já se notara, quanto a mim, na vitória em Coimbra, qual paradoxo até no 5-0 ao Olhanense...; e tornou-se flagrante no Dragão: para além do grande mérito portista e das tais unidades em perda de rendimento, o Benfica perdeu-se no descontrolo do seu estado emocional (gritante quando, após conseguir 1-1 e ficar em superioridade numérica, de todo avariou a bússola de objectivos...).

Nada disto tira brilho à espectacular ressurreição do Benfica. Foi, sem dúvida, a melhor equipa portuguesa do campeonato e no todo da época. Futebol de ataque a toda a brida, pura fúria de vencer. Bem compreensíveis os sinais de desgaste na ponta final; o Benfica arrancou a todo o gás logo na pré-época (ror de troféus conquistados, nem um falhando), já lá vão quase 10 meses...

Há espaço para o Rio Ave arrasar o estádio da Luz e a nação benfiquista? Tanto como o meu para ganhar o euromilhões... Verdade que ainda não desisti...

SP. BRAGA: a impressionante proeza de já ter garantido, como mínimo, ser vice-campeão, quiçá com atraso de tão-só 3 pontos e com 5 de vantagem sobre o FC Porto (vida bem difícil no último dia, em casa do Nacional que sonha ir à Liga Europa por via da 5.ª posição). Em simultâneo, o mais importante para o futuro do Sp. Braga: acordou a sua cidade!; tem hoje entusiastas adeptos como não tinha, passou a encher o seu estádio e, nas últimas semanas, até os alheios, como nunca fizera. De forma um pouco artificial (milhares de bilhetes oferecidos pela Direcção)? Sim, mas isso faz parte do crucial lançamento para o futuro.

MOURINHO: o 1.º troféu da época já é do seu Inter. Roma, actual rival n.º 1, disputou em sua casa a final da Taça de Itália, mas o Inter conquistou-a. Que louco final de temporada!: Mourinho bicampeão de Itália está à distância de 2 jogos. Para Mourinho de novo campeão da Europa, o grande Barça já vergado, a distância é de 90 minutos. Se tudo isto der certo, ai do presidente do Real Madrid se não for buscá-lo!


15 abril 2010

Chaves no Jamor! E ainda mais luz sobre o Benfica - Por Santos Neves

Por Santos Neves in A Bola

HOUVE derby, soma e segue de casa cheia na Luz e ainda mais luz para o Benfica rumo à conquista do título. Um pouco antes, tinham começado as emoções fortes de 3.ª feira tão invulgarmente futebolística no calendário nacional: também houve... Taça — e de que maneira! O Desportivo de Chaves fez história: estará na tão desejada final no mítico Jamor. Pela primeira vez. E logo agora que se debate com terríveis problemas financeiros – receitas penhoradas – e é penúltimo da II Liga! Pouco mais de uma semana após ter assustado o Benfica... a Naval teve de se curvar, e no seu campo, perante transmontanos de antes quebrar que torcer. No escaldante prolongamento, 2 golos do menino Edu, 19 anos, com nome abrasileirado, mas puro flaviense, novo herói de Chaves. O treinador Manuel Tulipa regressa a final da Taça de Portugal, 13 anos depois de a ter conquistado, então jogando num Boavistão capaz de derrotar o Benfica.

Imparável Benfica, esta época, à escala da Liga lusitana. Um Sporting liberto de pressão, cheio de ganas e tacticamente perfeito na 1.ª parte ainda bloqueou o voo de águia que acusava a enorme carga de nervos de muito ter a perder. Depois, o Benfica con- centrou-se no objectivo vitória, chamou Pablo Aimar, acelerou ofensivas, impôs superior classe, derreteu o ímpeto do leão ao ponto de Quim ter pasado a quase espectador na 2.ª metade. Terá sido o dia D da ponta final deste campeonato. O persistente Sp. Braga mantém-se no sprint, mas, apenas a 4 passadas da meta, agora sim, o Benfica está quase, quase, campeão.

08 abril 2010

A 'ressurreição' do Benfica - Por Santos Neves

Por Santos Neves in A Bola

ACONTEÇA o que acontecer hoje em Liverpool, e mesmo que um descalabro (improvável, não impossível) abata o Benfica nas derradeiras jornadas do campeonato, a ressurreição da águia é a mais forte marca desta época do futebol português. Então o Sp. Braga que, com orçamento muitíssimo inferior, ainda ousa não desistir de fantástica proeza? Justifica enormes elogios — tantos e tão rasgados que Domingos Paciência poderá estar prestes a entrar no Dragão, ou em Alvalade, pela maior porta que lá houver—, mas a carreira bracarense não atinge, em várias bitolas de análise, a craveira da benfiquista.
Desde logo: o Sp. Braga saiu da Europa logo à primeira e bem cedo ficou fora das Taças portuguesas; o Benfica conquistou a Taça da Liga (com esfusiantes 4-1 ao Sporting, em Alvalade, e 3-0 ao FC Porto, na final) e, enquanto, superando desgastes, decidia entusiasmar-se também na Liga Europa (brilhante em Marselha, convicto na 1.ª mão com o Liverpool), embalava para substancial avanço na Liga portuguesa.

Depois, e acima de tudo: a qualidade do futebol benfiquista, amiúde exuberante. Múltiplas exibições de mão cheia, sólida estrutura colectiva que se expressa assim: a melhor capacidade defensiva e poder atacante de outra galáxia à dimensão lusitana (na Liga, mais 28 golos que o Sp. Braga...; no toda da época, fasquia de 100 golos claramente ultrapassada).

Finalmente: a maré vermelha que tem criado loucuras de bilheteira de lés a lés do país. Na Luz, a média de espectadores no termo do campeonato poderá ultrapassar 50 mil! Por todos os outros estádios, casa cheia quando o Benfica lá vai (o mais recente exemplo: em jogos na Figueira da Foz, mesmo disputando o seu numa 2.ª feira às 9 da noite, o Benfica vendeu mais bilhetes que FC Porto e Sporting... juntos).

Mesmo pondo de lado o ror de troféus que conquistou (todos) na pré-época, qual a dúvida de que o Benfica tem sido a máxima figura de cartaz nesta época portuguesa?

JORGE JESUS: a trave mestra da transfiguração que empolga o Benfica. OK, arrancou com suplemento de muito importantes aquisições: Saviola, Ramires, Javier Garcia. Mas todo o restante onze mais vezes titular já estava na Luz... e o Benfica passou 4 anos nem sequer ao 2.º lugar chegando. Tinha Quim, Maxi Pereira, Luisão, David Luís, Sidnei (e teve o melhor Léo); tinha Katsouranis, Pablo Aimar, Carlos Martins, Rúben Amorim, Dí Maria, Cardozo... (e dispensou Fábio Coentrão). Arrastava-se sem modelo de jogo e sem convicção. Jorge Jesus construiu estrutura táctica, sedimentou-a e foi-lhe dando alternativas. Agarrou e dimensionou os jogadores; praticamente todos atingiram craveira muito acima da que tinham (até Aimar e Saviola que o futebol internacional muito bem conhecia, mas somavam anos em total eclipse). Importantíssima demonstração da categoria do treinador Jorge Jesus: fez de Di María e Fábio Coentrão futebolistas muito a sério, de alta competição; ficavam-se por brinca na areia (amiúde, cabeças pequeninas), ei-los virados do avesso em dimensão e consistência competitivas. Outro exemplo, embora, claro, numa amplitude que não vai da noite para o dia: Luisão decerto não pouco aprendeu com este técnico, tem feito grande época, está bem melhor jogador, agora sim, solidamente eficaz.

Esta noite se verá onde já chega a dimensão europeia do ressuscitado Benfica. Seria milagre, numa só época de transfiguração, conseguir ir à caça também da Liga Europa. Para isso, este (muito melhor) plantel ainda é insuficiente. Já se nota cansaço porque escasseiam alternativas de equivalente valia. Vide defesas-laterais, flanco direito da linha média (talvez o emprestado Urretabyscaia desse agora bom jeito) e avançados de zona central (o lesionado Saviola faz muita falta; além das suas tão inteligentes movimentações, considero que é ele, não Cardozo, o mais eficaz finalizador do Benfica).

01 abril 2010

FC Porto-CD: vamos a factos - Por Santos Neve

Por Santos Neves in A Bola

O presidente do FC Porto garante: sem castigo de Hulk, estaria à frente do campeonato, ou lá muito perto. Impossível fazer prova disso, ou do contrário. Concreto só isto: quando Hulk deixou de jogar, no fecho da 1.ª volta, o FC Porto estava 4 pontos atrás de Sp. Braga e Benfica, após 3 derrotas (face a Sp. Braga, Marítimo e Benfica) e 2 empates (em Paços de Ferreira e, no Dragão, perante o Belenenses). Sem Hulk, durante 9 jogos, não se pode dizer que tenha feito, proporcionalmente, pior: mais 1 derrota (3-0 em Alvalade) e 3 empates (em sua casa, frente a P. Ferreira e Olhanense, e no terreno do vizinho Leixões). Ou seja, dos 5 empates portistas, em 2 havia Hulk; e, das 4 derrotas, 3 ocorreram antes do castigo de Hulk.

Teria o FC Porto subido a sua prestação se Hulk não ficasse fora de 9 de 23 jogos na Liga? Talvez. Acontece que, depois do embate que considero chave para a carreira de Benfica e FC Porto, o directo confronto entre ambos (vitória de quem não teve Aimar, Dí Maria, Coentrão, Amorim, frente a quem estava na máxima força...), o actual líder só um empate cedeu (em Setúbal). Portanto, o FC Porto, mesmo ganhando todos os tais 9 jogos, não estaria agora no 1.º lugar. E por que carga de água partir do princípio de que teria passado a vencer sempre? Hulk é avançado e a debilidade da equipa não está no poder ofensivo...; tem o 2.º melhor ataque, com mais 16 golos que o Sp. Braga. Eis o grande problema portista: 21 golos sofridos... (ainda mais 1 que o tão fraco Sporting!). E não só na Liga isso tem sido evidente... Ora de tal fragilidade não é responsável a ausência de Hulk... Evidentíssimo, pois críticas amiúde feitas a Hulk, inclusive pelo seu treinador, apontaram desequilíbrios defensivos por ele provocados...

Em síntese: dá muito jeito tentar atirar para 9 jogos sem Hulk o motivo de o FC Porto não ir ser pentacampeão. Só que... por maior que seja esta onda de poeira, não consegue tapar os olhos de qualquer fria análise.

GIGANTESCA outra campanha de inverter responsabilidades: o FC Porto perde o campeonato por causa da CD da Liga. Vamos a factos:

1-Não foi a CD, foi um árbitro, quem expulsou Hulk.

2-Não haveria automática suspensão preventiva se o FC Porto e os clubes que aprovaram proposta portista não tivessem mudado o regulamento... Qualquer CD se cinge aos regulamentos que os clubes fazem. Querer escamotear isto é tremenda —mas não inesperada... — falta de vergonha.

3-O tempo que demorou o inquérito disciplinar até foi muito inferior ao de "casos" bem antigos, vide agressão de outro jogador portista a um bombeiro (nunca se ouvira tamanho barulho... porque o FC Porto se impunha em campo).

4-Tinha de haver punição, pois um árbitro aplicou expulsão. Questão de fundo: a personalidade desportiva/jurídica dos agredidos. Daí, face à lei (bem ou mal feita, não pela CD nem pelo CJ...), dependia a dimensão do castigo. Leitura da CD: num recinto desportivo, um segurança não é menos que um bombeiro...; leitura do CJ: exactamente o oposto. Logo, brutal discrepância de punição.

5-Na prática, porém, o que conta, para balanço de perdas e danos, é o tempo que mediou entre a decisão da CD e a do CJ: 4 jogos do campeonato, final da Taça da Liga e 1 jogo da Taça de Portugal. Como a punição vinda do CJ foi de 3 jogos, a diferença de que FC Porto e Hulk podem queixar-se limita-se, no campeonato, a... 1 jogo (frente à Académica, ganho pelo Porto).

Repito o que ontem escrevi: face a objectiva análise dos factos, onde estão os tremendos danos pela CD causados ao FC Porto?

O FC Porto persiste na caricata tese de que perde a Liga por causa da falta de Hulk — muitíssimo bem sabe não ser por isso que nunca foi líder esta época; se a equipa tanto assim depende de uma unidade, estamos conversados... Então, culpe Hulk por ter agredido, o árbitro por tê-lo expulso e o regulamento que ele próprio, FC Porto, quis mudar... Tudo o resto é poeira. Conversa da treta.

31 março 2010

Castigo de Hulk: a mais, na Liga, só 1 jogo... - Por Santos Neves


Por Santos Neves in A Bola

A actual CD da Liga leva anos a ser alvo de fortíssimos ataques, quase todos do FC Porto. Ponto de partida: os processos de um certo Apito que culminaram com punições desportivas. Muito antes disso – friso: muito antes – já neste jornal se defendia, inclusive em textos meus, que Desporto e Tribunais comuns poderiam ter acções e decisões diferentes. Simples: no Desporto deve haver específicos códigos de ética e de disciplina. Exemplo: só pode ser tremenda lata considerar inadmissível a punição, ética/disciplinar, de presidente de clube e de árbitro que se reúnem, em casa do primeiro (prova feita pela PJ), em véspera de jogo comum a ambos.
Enorme barulho sobre o "caso Hulk". Claro que não vou opinar sobre quem tem razão jurídica, a CD ou o CJ (aberrante é a discrepância; por sinal inexistente quando o CJ validou decisões da CD nos processos do tal Apito – curioso: logo aí, os ataques polarizaram-se, integralmente, na CD...). Mas tenho, sim, opinião sobre a razoabilidade da indemnização que o FC Porto pretende da Liga. Em causa a suspensão preventiva?! Como, se é do FC Porto (proponente) e da maioria dos clubes a responsabilidade da alteração de regulamento que tal ditou. Ponto final. Fica outra questão: o que Hulk não pôde jogar entre o castigo da CD e o do CJ. Apenas 4 jornadas da Liga (portanto, aí, o excesso foi só de 1 jogo...), final da Taça da Liga e 1.ª mão de meia-final da Taça de Portugal. O jogo a mais na Liga: perante a Académica – e o FC Porto venceu. Onde é que a CD causou tremendos danos ao FC Porto? A perda do título não foi com certeza.

25 março 2010

Divergências incluem rumo... - Por Santos Neves

Por Santos Neves in A Bola


ENFIM, dia bom para o FC Porto. Talvez festeje mais ter ganho batalha contra a CD da Liga do que ter posto praticamente os dois pés na final da Taça de Portugal. E, por acréscimo, decerto também se regozijou com a atitude de Hermínio Loureiro, presidente da Liga, face à decisão do CJ da FPF: demitiu-se.


Eis a enorme discrepância entre CD e CJ: face à lei, nos estádios de futebol, agressão a segurança civil, vulgo steward, é atingir agente desportivo ou equivale a agredir espectador? Parece fácil? Qual quê! Para não variar, uma só lei, mas diferentes julgadores lêem-na e aplicam-na de forma chocantemente oposta! E não adianta suplicar: entendam-se! Como diria o outro, «jamais»! Entretanto, manda quem pode; e o CJ pode mais que a CD. Logo, fica definido: em Portugal, agressão de futebolista a espectador (igual a steward) dá suspensão máxima de 4 jogos. Em Inglaterra, deu 15 meses a Eric Cantona; mas estes ingleses são uns exagerados.

Diferente questão no caso Hulk/Supuranu: sem suspensão preventiva, o efectivo castigo teria encurtado cerca de 2 meses, limitado ao tempo que mediou entre a decisão da CD e a do CJ. Acontece ter partido do FC Porto a proposta de alterar o regulamento para imediata suspensão.

Não sei se Hermínio Loureiro se demitiu por solidariedade com a CD. Sei que, entre os fortes contrastes estabelecidos pela sua presidência, avulta este: absoluta autonomia a órgãos da Liga que estatutariamente o são e sempre o deveriam ter sido. Isso é que, para velhos hábitos, se tornou intolerável! Responsabilidade dos clubes da Liga: decidirem o próximo rumo...

Choque de titãs - Por Santos Neves

Por Santos Neves in A Bola


QUEM diria, no início do campeonato e até ao recente/definitivo apagão portista?! Benfica e Sp. Braga vão decidir entre si, exclusivamente entre si, a magna questão do título nacional de futebol. Já depois de amanhã, no empolgante choque de titãs? Nim...
Se empatarem, não ficará tudo igual... — a diferença de 3 pontos aproximar-se-á de apenas 2... face à prioridade bracarense em eventual recurso a desempate (recorde-se: 2-0 em Braga). Vitória do Sp. Braga recoloca-o à frente do campeonato! E mesmo que o Benfica consiga alargar já a margem da sua liderança, os 6 pontos não serão tão substanciais quanto possa parecer, a também 6 jornadas do final e sendo da equipa de Jorge Jesus o mais complicado calendário (inclui Figueira da Foz, Coimbra e, sobretudo, recepção ao arqui-rival Sporting — no regresso de Liverpool... — e visita a esfomeadíssimo dragão...).

Quase decisivo só o triunfo benfiquista. Ainda assim, muito em função das sequelas no ânimo bracarense... Este perderia, ou não, grande parte do seu gás? Uma dúvida a duas dimensões... É que são também duas as escalas de objectivos do Sp. Braga: 1 — ser campeão; 2 — garantir o 2.º lugar e a possibilidade de acesso à Liga dos Campeões (imagine-se enorme reforço financeiro para ter ainda melhor plantel na próxima época...). Ora, derrota na Luz também poderá significar avanço sobre o FC Porto reduzido a 5 pontos e em súbito risco de se eclipsar...

Ou como o Benfica-Sp. Braga integra outra questão de fundo: quiçá decidir o actual grande dilema portista... — força, força, Sp. Braga, toca a ser campeão!?; ou, diabo, nada disso, pois implicaria imediata certeza de FC Porto ausente da Champions e dos seus milhões... tão importantes para remodelar o plantel?

Que nível de ganas bracarenses depois da Luz? Resposta importantíssima... Para o Sp. Braga, para o Benfica, para o FC Porto... De balão ainda mais cheio, ou a esvaziar-se, dependerá o posterior ímpeto face a calendário com alguns pedregulhos; vide confronto com V. Guimarães (no grande derby à escala do Minho teve o Sp. Braga a primeira das só duas derrotas nesta Liga), deslocações a Leiria, à Figueira e à madeirense Choupana.

E o balão benfiquista? Muito mais que outro teste, o Benfica enfrenta máxima responsabilidade. A do enorme favoritismo — estupendo momento de forma e palco da Luz — e a do balanço para a ponta final do campeonato, mais a da Liga Europa... Ganhar, ou não, maior margem de deslize face a nova dose de intenso desgaste já de seguida: em 10 dias, recebe o Liverpool, vai casa da Naval, decide eliminatória em Liverpool, recebe o Sporting... O tudo por tudo por meia-final europeia necessita de alguma folga de risco na nossa Liga. Assumidíssimo o objectivo n.º 1: ser campeão nacional. Mas a atracção europeia tornou-se irresistível após espectacular gala de alta qualidade e convicção em Marselha.

Se não derrotar o Sp. Braga, o Benfica ficará muito entalado entre dois amores... altamente desgastantes. Vencendo, avanço de 6 pontos chega e sobra? Não tanto... Se o Sp. Braga reagir a fundo, inclusive para não ser alcançado pelo FC Porto, um empate benfiquista (e o Sporting decerto vai entrar picadíssimo na Luz...) significará distância reduzida a 4 pontos. Quiçá o mínimo para o Benfica não correr enorme risco na penúltima jornada, em casa do FC Porto mais que sedento de desforra...

CHOQUE de titãs. O Benfica embalado em fortíssimo ritmo, expresso nas vitórias a fio, 60 golos na Liga (mais 26 que os bracarenses) e nada menos de 103 na temporada. O Sp. Braga senhor, também ele, de compacta estrutura, muito forte a defender (excepção única no Dragão...; mas, apesar dessa insólita chapa 5, tem só mais 2 golos sofridos que o Benfica) e bem perigosa no contra-ataque. Mais, e quiçá muito importante: enquanto Jorge Jesus teve de concentrar esforços no jacto para derrubar Marselha e FC Porto, Domingos Paciência dispôs de 15 dias para preparar a fundo este anunciado jogo do título.

Vale aposta? Será excelente espectáculo.


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22 março 2010

E o confronto de paradoxos... deu final a sério

Por Santos Neves in A Bola

FINAL de Taça: sempre muito especiais carisma e importância. Em Portugal ou na Patagónia. No dia em que manobras de diversão de dirigentes, tão risíveis na estafadíssima estratégia de martelar em ditas culpas de outros para desviar atenções dos próprios erros, conseguissem secundarizar/humilhar uma final de Taça ao ponto de dela se alhearem jogadores, treinadores, público – as verdadeiras forças do futebol –, esse seria o dia de encerrar taipais no futebol português.
A Taça da Liga, imberbe nos seus 3 anos, é o mais fácil alvo... Mas impõe-se. Voltou a ter final com máximo cartaz. E, esta, com curiosíssimos paradoxos: o FC Porto, que, zangado com os comandos da Liga, tanto apostou em menorizar esta Taça, viu-se na maior necessidade de a conquistar...; o Benfica, grande defensor da Direcção da Liga, ficou, de repente, pós- Marselha e imediatamente antes do Sp. Braga e do Liverpool, muito tentado a secundarizar esta final... Em simultâneo: a especial importância de desforra sobre o Benfica...; e o orgulho de voltar a vencer o FC Porto... O tetracampeão deu tudo o que tinha. O mais forte candidato a próximo campeão ficou-se por meia dose, mas tem muito mais... Unidos estiveram na gana de final bem a sério.

15 março 2010

Estupenda Naide! Convincentes Benfica e Sporting



Por Santos Neves in A Bola

NAIDE GOMES, já campeã mundial, é agora vice-campeã, separada de nova máxima glória pelo niquinho de 3 cm. Em país algum isto seria derrota...; no pobretanas desporto lusitano, esta sequência é... estupenda! Salve Naide, grande campeã à dimensão mundial!

NO futebol, vitórias dos quatro grandes, uma, a do FC Porto, misturando doce sabor com travo amargo. Muito bom reagir com êxito em Coimbra ao descalabro de Londres; mas... problema agravado: Benfica e Sp. Braga nada cederam, falta menos uma etapa (7), mantêm-se 8 p de atraso para a hipótese de acesso à próxima Liga dos milhões. Curioso: após interrupção para final FC Porto-Benfica na Taça da Liga, seguir-se-á Benfica-Sp. Braga... e o FC Porto terá de puxar por triunfo do maior rival contra o grande amigo...

Convincentes Benfica (sobretudo ele, face ao grau de dificuldade) e Sporting, ambos só 3 dias após intenso desgaste europeu. Enfim!, 2.ª vitória do Belenenses nesta Liga... Mas preciosíssimo foi o triunfo do V. Setúbal em Matosinhos, vincando distância para a despromoção.

11 março 2010

FC Porto com outra oposição


Por
Santos Neves in A Bola

NÃO há grande clube de futebol que, entre ciclos de êxito, não tenha os de insucesso. Essencial é a extensão desses ciclos. E sempre subsiste, antes de tudo e acima de tudo, o grande problema da competição: só um pode vencer... O FC Porto tem mesmo de digerir a realidade: este não é o seu ano, não será campeão nacional pela 5.ª vez consecutiva... e acaba de sair da Europa com goleada acabrunhante. Como fará essa digestão é o que tem de resolver dentro de si próprio.

Por que falha o FC Porto esta época? Primeiro: pura e simplesmente, não se pode ganhar sempre. Segundo: Benfica e Sp. Braga estão muitíssimo mais fortes. Terceiro: é muito provável haver problema portista chamado... cansaço de ganhar; isso potencia auto- convencimento do qual resultam deslizes... — fatais quando um ou mais adversários rompe(m) o seu próprio ciclo negativo.

O FC Porto habituou-se a hegemónica superioridade em Portugal. Lida muito mal com mais assumida oposição, sobretudo se esta lhe troca as voltas fugindo às guerras verbais, ditas psicológicas, em que Pinto da Costa se tornou marechal ao longo de décadas. Esta época, o presidente do Benfica percebeu, enfim — ou alguém teve capacidade para o convencer —, que não poderia continuar nessa guerrilha. E o FC Porto está impedido de assim atacar o Sp. Braga, pois com ele firmou especial pacto de amizade. De somenos a punição disciplinar de Pinto da Costa — ressalvada a hipótese de ter ajudado Filipe Vieira a conter-se... Em síntese: sem jogos verbais, o FC Porto perdeu chão onde se agarrar nos momentos periclitantes.

Ficou o futebolzinho em campo. Aí, o FC Porto enfraqueceu- -se, enquanto Benfica e Sp. Braga multiplicaram capacidades. Por isso, no dia D para definir quem era quem, não foi capaz de evitar derrota perante Benfica que vinha de empate em Olhão e estava desfalcado de Pablo Aimar, Dí Maria, Fábio Coentrão...; essa hora e meia crucial à beirinha do termo da 1.ª volta confirmou importantíssima diferença entre as duas equipas: quase opostos pólos de... convicção! (com base nela, o Benfica até se deu ao requinte de excelente exibição do menino Urretavizcaya que ainda não jogara e logo de seguida seria emprestado...). Como imediata consequência, portistas sem tino num átrio dos balneários... E, bem mais tarde, noutro dia em que não podia falhar, o FC Porto sucumbiu com 3-0 do Sporting.

O FC Porto não aguentou enorme subida de rendimento do Benfica e do Sp. Braga. Sobretudo psicologicamente, não teve consistên- cia para o bem mais alto ritmo que lhe foi imposto. O tal hábito de vencer campeonatos quase passeando... Somada a perturbação portista à contínua força benfiquista e bracarense, foi sendo impossível manter camuflagem das perdas de potencial em sucessivos rescaldos de vendas e compras... Épocas a fio, o FC Porto foi disfarçando a quebra de qualidade vinda das saídas de Pepe, Anderson, Assunção, Bosingwa, Quaresma... Jesualdo Ferreira muito fez crescer Bruno Alves, Rolando, Raul Meireles, Fernando, agora Varela — e as debilidades dos adversários também muito ajudaram... Para esta temporada, foram-se mais três pilares: Chissoko, Lisandro, Lucho Gonzalez... Álvaro Pereira resolveu bem o primeiro problema (que distância entre ele e Shaffer que o Benfica foi buscar após Pereiralhe fugir...). Falcao (outra corrida ganha ao Benfica...) é muito bom; tendo características bem diferentes de Lisandro, houve que moldar outro processo ofensivo. Para render o patrão Lucho Gonzalez é que nicles... Mesmo com crescente grau de dificuldade para tapar sucessivos rombos, o FC Porto partiu do princípio de que, mais ou menos facilmente, seria pentacampeão. Eis que Benfica e Braga desataram a gritar-lhe persistente não! E isso, roendo os nervos portistas (não conseguir chegar à tão habitual liderança), inviabilizou voltar a esconder como a qualidade do plantel vai descendo. Londres foi brutal consequência. Paga o patau o treinador tricampeão...

05 março 2010

Desníveis de... convicção


Por
Santos Neves in A Bola

NÃO se pode exagerar, falando de revolução, mas este campeonato nacional de futebol trouxe, até agora — e já entrou no seu derradeiro terço —, fortes novidades em relação às temporadas imediatamente anteriores. Espectaculares escaladas de rendimento no Sp. Braga e no Benfica; quebra no FC Porto (pequena) e no Sporting (grande).
Entre Benfica e Sporting, verifica-se o princípio dos vasos comunicantes: o que o Benfica já ganhou, face a si próprio na época passada (9 p), é exactamente o mesmo que o Sporting já perdeu.

Muito se tem apontado este destaque negativo: o FC Porto tetracampeão — e sempre líder nesta fase da prova — baixou ao melancólico último lugar do pódio; as razões são iguaizinhas às que atiram o Sporting para modestíssimo 4.º lugar: um Benfica muito superior e um Sp. Braga qual extra terrestre nunca antes visto no planeta da discussão do título! O Sp. Braga, céus!, soma agora mais 15 pontos do que tinha há um ano...

DOIS pontos, apenas 2 pontos... — eis a ligeiríssima quebra portista. Portanto, nenhum cataclismo interno... Nem no campeonato, nem em qualquer outra prova; o FC Porto mantém-se na Liga dos Campeões (sim, pode eliminar o Arsenal), está na final da Taça da Liga (com o Benfica...) e caminha para o mesmo objectivo na Taça de Portugal (afastou o Sporting e viu o Benfica cair às mãos do V. Guimarães). Os problemas do FC Porto são outros. Os vindos da enorme transfiguração do rival da Luz e do amigo Braga...; e o seu próprio, numa área muito específica, tudo indica que... decisiva: o FC Porto não costuma falhar nos momentos M... e, desta feita, clamorosamente, falhou — derrotas na Luz e em Alvalade.

HÁ 10 anos que o FC Porto não saia a zero dos dois grandes jogos em Lisboa. Neste campeonato, estrondo, estrondo houve no 3-0 em casa do Sporting... Mas, quanto a mim, muito mais determinante foi o desaire na Luz... O Benfica acabara de abanar com empate em Olhão e estava desfalcadíssimo: não tinha Pablo Aimar nem a sua talentosa e pujante asa esquerda (Di María e Fábio Coentrão de fora) e a asa direita muito coxeava (Ramires teve de jogar preso por arames, Ruben Amorim passava por demorada baixa clínica). Aquela hora e meia foi crucial... para ambos. Dia D neste sentido: o FC Porto tinha tudo para encostar o adversário às cordas, quiçá até rumo a KO, pois o Benfica, perdendo, corria altíssimo risco de esvair o seu empolgamento. Aí, num tempo também muito importante por ser o penúltimo da 1.ª volta, houve o maior falhanço do FC Porto: o Benfica, mesmo tão inferiorizado nesse dia, venceu!; e, redobrando galvanização, nunca mais parou.

Impossível o FC Porto não ter saído da Luz a roçar desespero na fúria contra si próprio... O descontrolo no túnel terá sido explosão da vontade de murros a si mesmo. Na área anímica, o FC Porto quase se esvaziou nesse dia (pólo oposto do Benfica...). Nos dois jogos seguintes, ambos em casa, sofrimento no 3-2 ao Leiria e, muito pior, no 1-1 com o P. Ferreira.

APENAS 2 pontos... — a actual quebra do FC Porto face ao seu percurso no 4.º título consecutivo. Pouca coisa para quem teve de fazer mais uma reconstrução no 4.º ano a fio perdendo 3 pilares (para tudo há limites... — ou como nunca uma perda foi tão sentida como a de Lucho Gonzalez...). O que o FC Porto mais perdeu chama-se, creio, convicção. E lá vêm as repercussões da derrota na Luz... Mas afundar-se tanto em Alvalade, pouco após 5-2 ao Sporting e logo na semana seguinte a 5-1 ao Sp. Braga!... Os desníveis de convicção fazem tremenda diferença. Aí, Benfica e Sp. Braga têm andado a golear.

26 fevereiro 2010

Ao ataque na Europa


Por
Santos Neves in A Bola

ESTÁ feito... o mais fácil. O Hertha de Berlim, agora só um bocadinho menos mau do que quando ficou em 2.º lugar, atrás do Sporting, no grupo de qualificação para esta fase da Liga Europa, não tinha nem leve hipótese de se impor ao Benfica. Em casa, aproveitou autogolo de Javier Garcia e subsequente engasgadela benfiquista para até parecer que poderia desfazer a igualdade com golo vindo de mérito próprio... Rumo à Luz, o treinador do Hertha mostrou faceta humorista: "2-2 chega-nos". Ainda se sonhasse com 0-1, admitindo acerto num remate e total êxito num ror de trancas a enervar Dí Maria, Saviola, Cardoso & Companhia... Mas taco a taco, marco eu, marcas tu, volto eu a marcar e tu também insistes... só num sonho tipo delírio, tal a diferença de categoria entre o líder português e o último na Alemanha. O Benfica atirou para o lado o seu autoconvencimento em Berlim — seguido por resignação com o empate — e pôs tudo em pratos limpíssimos. Luzindo com exibição categórica, brilhante nalguns períodos e com a eficácia de goleada, muita facilmente passou a fronteira para os oitavos-de-final. Era o que faltava assim não ser.
FALTA... o mais difícil. Com bem diferentes graus nessa dificuldade, tarefas europeias entregues ao Sporting e ao FC Porto.

O Everton melhorou (imenso!) face ao (recente) tempo em que levou 7-0 (2-0 + 5-0) do Benfica. Num ápice, livrou-se da zona negra da classificação inglesa, desatou a escalar lugares e, neste mês para si de ouro, até se deu ao espectacular luxo de vencer Chelsea e Manchester United! Logo, não seria preciso frisar quanto o actual Everton está acima do Hertha que veio a Alvalade e à Luz (no Sporting, 1-Hertha, 0, vi o pior jogo de futebol da minha vida!).

O penalty nos últimos minutos em Liverpool arrancado por Liedson e convertido por Miguel Veloso escancarou ao Sporting um janelão de oportunidade. Óbvio: absolutamente necessário haver esta noite um Sporting ressuscitado. Terá mesmo de ser uma noite de empolgamento, a raiva de tudo ou nada contra o terrível diagnóstico desde o início da temporada: morte lenta. Vamos lá ao enorme sopro de oxigénio capaz de tirar de profundíssima letargia o leão superfaminto de êxito.

UM golo. Só um golo. Eis o atraso do Sporting e a vantagem do FC Porto. Apesar disso, vida teoricamente ainda mais difícil para os portistas. Ao Sporting basta ganhar por 1-0 e o FC Porto por 1-0 não pode perder... Pior, para o tetracampeão campeão português: estará em casa do Arsenal, cuja cotação é muito superior à do Everton. Acresce que, para não variar, a bela equipa liderada por Arsène Wenger vê o tão ansiado título inglês a fugir-lhe. Logo, pois, por conseguinte, aposta a fundo na Liga dos Campeões... (Arsène Wenger: "Podemos ser campeões da Europa").

EM Londres estará um FC Porto que não só apresenta subida de rendimento, mas também conquistou reforço psicológico com os 5-1 ao Sp. Braga dando-lhe convicção de permanecer na corrida pelo quinto título nacional consecutivo. Sabe-se que o FC Porto, tal como o Benfica, coloca acima de tudo o objectivo de ser campeão... em Portugal (diferença de dimensão entre os clubes portugueses e os ingleses, italianos ou espanhóis). Mas este ainda não é o momento de fazer opção sobre intensidade de desgastes no entrechoque de duas competições.

A maturidade europeia do FC Porto, bem superior à de qualquer outra equipa portuguesa, dá-lhe potencial para derrubar o Arsenal. Nenhuma dúvida: o FC Porto quer mesmo esse feito! Vale muito prestígio e mais uma batelada de euros. E Jesualdo Ferreira tem feito gestão do plantel que lhe permite manter pleno gás para Alvalade... no imediato outro despique que lhe será crucial.

25 fevereiro 2010

Como o Benfica respondeu ao FC Porto...

Por Santos Neves in A Bola

ALTA qualidade de futebol e goleada. Um regalo para a vista. Apetece dizer: com idêntico nível na exibição e no resultado, o Benfica respondeu, decorridos tão-só dois dias, ao espectacular 5-1 do FC Porto ao Sp. Braga. Ou, expresso de outra forma: imediatamente após forte revitalização do FC Porto na corrida ao título nacional, o Benfica recusou acusar esse toque e deitou mão a eliminatória europeia para reagir a preceito. À distância de 300 km, parece medição de capacidades, incluindo a bem importante força anímica... Isto sem esquecer que, intercalado entre ambos no pódio da Liga – até muito mais próximo do 1.º do que do 3.º –, está em luta o Sp. Braga, tão especialmente ilustre nesta temporada.
Aliás, é por causa da qualidade bracarense que, no indirecto confronto FC Porto-Benfica dos últimos dias, se deve valorizar mais a prestação portista. O Sp. Braga é muitíssimo superior à equipa de Berlim, pois esta fica-se por mínimos quanto à habitual robustez germânica, sendo última no seu campeonato. Porém, isso não belisca o notório registo de ontem: regresso do Benfica a grande ímpeto ganhador, num ritmo e com focos de intenso brilho contraditórios de recentes sinais de alguma quebra.

Ontem, o fute bol do Benfica voltou a ser o mais espectacular que se joga em Portugal. A ver vamos se houve mero piparote, ou fortíssimo pontapé, na antes vislumbrada fadiga.

SPORTING europeu: tudo ou nada por alguma felicidade nesta época. E como joga... orgulho! Parece ser por isso que a decisão de Izmailov espera...

16 fevereiro 2010

Anti-FC Porto pró-Sp. Braga?


Por
Santos Neves in A Bola

Passo atrás do FC Porto, passo em frente do Benfica e do Sp. Braga – assim vai a corrida para o título nacional de futebol, numa fase, à beirinha do último terço da prova, em que os deslizes ameaçam tornar-se fatais. Amiúde acontecem coisas enigmáticas no, por isso tão aliciante, mundo da bola... (a bola jogada em campo; nos bastidores é que já nem se pode falar de enigmas... – e a sedução vira apagada e vil tristeza). Desta feita, recuou quem muito mais atacou... O sortilégio do futebol é acompanhado por questões superpráticas. Por enorme inépcia numa delas – nem um golinho marcado –, o FC Porto acaba de perder mais, porque para Benfica e Sp. Braga, do que recuperara uma semana antes (apenas face ao Benfica). Também se queixou o FC Porto, e com muita razão, da arbitragem. Não pela pri- meira vez... E nessas queixas tem feito questão fechada de incluir favorecimentos ao Benfica... – nunca aos amigos de Braga. Imediata ironia: nesta jornada, claro benefício de erro de arbitragem a quem segue à frente do FC Porto foi direitinho aos bracarenses. Pois é, toca a todos. Curioso: vem aí, já a seguir, FC Porto-Sp. Braga... – crucial... para os portistas.

10 fevereiro 2010

Boas e más sementeiras...

Por Santos Neves in A Bola

HÁ 15 anos, quando A BOLA lançava grande novidade em Portugal – jornal desportivo diário –, o Sporting sob comando técnico de Carlos Queiroz assumia-se forte candidato ao título. Voltaria a falhá-lo, mas, fiel aos seus pergaminhos, estava na corrida.
O Benfica, campeão na época anterior (a do 6-3 em Alvalade), suicidava-se: insólita mudança de treinador acompanhada por estapafúrdia limpeza de balneário... projectou início de penoso e longuíssimo calvário no mais inóspito deserto. Nas reviravoltas da vida, os acasos têm escasso terreno; por regra, colhe-se o que se semeou. Mais: quando a qualidade da colheita vai descendo de sofrível a medío- cre e até a péssimo, a tarefa de substituir más por boas sementeiras torna-se muito complexa e nada rápida. Tem sido bem árdua, a pulso, a ascensão do Benfica lá do fundo de múltiplos e crassos erros. E o Sporting sente, agora, que estagnação de largos anos descamba na vertigem de abrupta queda: de súbito, está muitas léguas atrás dos rivais Benfica e FC Porto – pura barbaridade de pontos no campeonato e sucessivos massacres (2-5 mais 1-4!) em directos confrontos com eles. Sim, só agora o Sporting percebe que o seu caminho de adiadas promessas durante anos apontava a um beco.
Chocante ontem – aliás, nos últimos jogos; aliás no actual balanço da temporada – foi (é) a realidade de a incapacidade sportinguista já atingir... absurdo! Há dias, passou pelo cilindro de FC Porto inspirado. Ontem, para cilindro bastou Benfica a meio-gás, se tanto, no repouso dado a cinco titulares e no ritmo. Sim, chocante: nem sequer houve grande Benfica; houve Sporting... de rastos!

01 fevereiro 2010

Braga, Porto, Luz

Por Santos Neves in A Bola

DIZ Domingos Paciência, jovem treinador que ergueu o Sp. Braga à liderança da Liga com a firmeza e o brilho de 17 jornadas a fio (ou seja, desde a 1.ª!), que, se o balanço da prova se mantiver neste pé a 10 rondas do final, então sim, irá assumir corrida ao título. Por um lado, 10 jogos não serão coisa pouca... (mas também não para Benfica e FC Porto). Por outro, a linha de fronteira agora traçada para ambição total é já daqui a 3 semanas... Olha-se para o calendário e percebe-se: nas próximas 3 jornadas, o Sp. Braga vai ao Restelo, recebe o Marítimo e... desloca-se ao Dragão. FC Porto-Sp. Braga, tudo o indica, jogo chave... para ambos. Jesualdo Ferreira terá de ganhá-lo. Domingos Paciência, se vencer duas vezes antes, até perdendo nesse dia continuará à frente dos portistas, eventualmente cedendo a liderança ao Benfica; e, se empatar, ou mantiver a senda de derrotar todos os gigantes!, não mais poderá camuflar o óbvio. A tal linha de fronteira deverá estar no Dragão.
ABOLA disse: para além de Sapuranu e Hulk, mais 3 jogadores do FC Porto envolvidos nas degradantes cenas no túnel da Luz. Pura notícia. Não julgámos e nada inventámos. Os nossos habituais leitores muito bem nos conhecem. O FC Porto também.

28 janeiro 2010

Começa o sim ou sopas...


Por
Santos Neves in A Bola

TODOS a postos. Aí está o tiro de partida para diabólico mês em que FC Porto, Sporting e Benfica andarão no frenesi de sucessivos e altamente desgastantes sprints à cata de Campeonato Nacional, Taça de Portugal (nesta, não o Benfica), Taça da Liga e Europa. Num mês, 9 jogos para Sporting, 8 para FC Porto e Benfica. Incluindo confrontos de gigantes em bota fora das Taças lusitanas (FC Porto-Sporting e Sporting-Benfica) e fechando com Sporting-FC Porto para o campeonato (curioso: o Sporting está em todas...; será mesmo o seu tudo ou nada para ainda se redimir de confrangedora meia temporada!). Eis um mês de várias decisões; e até no que não ficará decidido (campeão nacional, segunda hipótese de acesso aos milhões e ao prestígio da Champions, entrada na Liga Europa como proeza ou muito escasso consolo) veremos quem suportou melhor ou pior altíssimo ritmo em enfiada de testes, também anímicos, ganhando avanço ou recuando... Sim, sem tempo para respirar, 5 semanas de gritos!
Então e o Sp. Braga, sensacional líder do campeonato, firme como as belíssimas rochas que emolduram o seu estádio? Face às duras refregas que esperam os três gigantes (Sp. Braga sem Europa e Taça da Liga), oportunidade de ouro para mais se vincar na frente do campeonato. Apetece dizer que tem tudo na sua mão. Por aí, pouco menos que sim ou sopas. A equipa que, na 1.ª volta, se deu ao exuberante luxo de derrotar Sporting, FC Porto e Benfica (!!!) vai agora enfrentar a ânsia/premente necessidade de desforra dos não adormecidos Golias. Já amanhã, Sporting em Braga; na 3.ª semana de Fevereiro, Sp. Braga no Dragão... – directíssima discussão por acesso ao título. Vamos por partes: OK, o Sporting já não tem na mira ser campeão esta época, mas anda com ganas de ressuscitar e fazer mossas em quem lhe aparecer pela frente (boa questão: que Sporting amanhã em Braga?; a dar o litro, ou não tanto assim, já concentrado no próximo meio de semana, quando visitará o FC Porto em dita final antecipada da Taça de Portugal?). Mais importante para o Sp. Braga: que resposta a si próprio, num confronto que, nesse sentido, iniciará o tal sim ou sopas?

Nacional-FC Porto, ambos querendo reagir contra quebra de rendimento. Flagrante no Nacional: 3 derrotas nas últimas 4 jornadas tiraram-lhe o 4.º lugar (regresso do treinador Manuel Machado poderá ser doping psicológico, inclusive face à perda do tão importante Rúben Micael para este adversário?). O FC Porto anda engasgadinho...; e não terá Bruno Alves, Raul Meireles, Hulk, Sapuranu, veremos se Fernando. Com 3 ou 4 baixas de peso, outro sim ou sopas à ambição de ser pentacampeão.

Benfica-V.Guimarães: potencialmente mais quente do que a classificação indica. Ressaca da Ta- ça de Portugal (Vitória tomba-gigante na Luz!) e até da Taça da Liga (empate em Guimarães). Amigos, amigos (os clubes), muito acesa discussão no campo. Não há duas sem três, ou à terceira é de vez?

ESCUTAS... Pois é, divulgá-las foi infringir a lei... (o costume...; ou como o dito segredo de Justiça é das maiores anedotas em Portugal!). Pois é, o que nelas se ouve é mesmo verídico, deplorável e... objectiva confirmação do que há muito se sabe serem certos bastidores do futebol português. É por estas e por outras que sempre escrevi ter a Justiça desportiva de actuar, independentemente de tribunais civis. Actuou e bem. É obrigação do desporto assumir específicos códigos de ética, estando a violação deles sujeita a também específica acção disciplinar. Defender não punição de árbitro e dirigente que se encontram em casa deste (tratando-se ou não de "o sr. engenheiro máximo", ou do "gerente de caixa") dois dias antes de um arbitrar jogo com equipa do outro... não é só defender o indefensável, pura e simplesmente brada aos céus!

TÚNEIS... Já escrevi e repito: têm velha e bem escura história no nosso futebol, com claríssima res- ponsabilidade de quase todos os dirigentes. Também nos ditos seguranças civis que lá colocam. E tudo o resto é blá-blá-blá...

Mês de ferver!


Por
Santos Neves in A Bola

ISTO vai aquecer, e de que maneira!, no mínimo roçando fervura. Num jacto, FC Porto-Sporting (Taça de Portugal) e Sporting-Benfica (Taça da Liga); pouco depois (duas semanas são pouquíssimo em ritmo da pesada...), Sporting-FC Porto, para o campeonato. Já, neste fim-de-semana, três pratos fortes: Sp. Braga-Sporting, Nacional-FC Porto e Benfica- -V.Guimarães (foi na Luz que o Vitória eliminou o Benfica da Taça de Portugal...). Fevereiro, por mais frio que seja no clima, assumir-se-á infernal no nosso futebol. Inclusive por FC Porto, Sporting e Benfica também se embrenharem no regresso a competição europeia. Vai ser de gritos, sem tempo para respirar.
Bem diz Carlos Carvalhal ter plantel curto para 4 provas. O Sporting, em 5 semanas, disputará 9 jogos; 5 fora de casa (Braga, Dragão, Paços de Ferreira, Liverpool, Olhão) e sem peras doces nos 4 em Alvalade (Académica, Benfica, Everton, FC Porto...).

FC Porto e Benfica terão só 8 jogos no mesmo período (um por a 2.ª mão na Liga dos Campeões ser a 9 de Março, o outro por estar fora da Taça de Portugal). Potencial trunfo portista: em casa alheia, apenas 3 vezes (Nacional, Leixões e Sporting), face às 5 do Sporting e às 4 do Benfica (este em Setúbal, Alvalade, Berlim e Matosinhos). Desgastes extra a meio de semana: 4 para o Sporting, 3 para FC Porto e Benfica.

Sorri o Sp. Braga, sr. líder do campeonato? Já não tem Europa, nem Taça da Liga (na Taça de Portugal, Rio Ave em Braga), mas... solidez de candidatura ao título muito à prova frente ao Sporting (depois de amanhã) e no Dragão.

Crucial mês para várias decisões. Superexigência no ritmo de pedalada vai definir o estofo de cada um.