Por Santos Neves in A Bola
NÃO se pode exagerar, falando de revolução, mas este campeonato nacional de futebol trouxe, até agora — e já entrou no seu derradeiro terço —, fortes novidades em relação às temporadas imediatamente anteriores. Espectaculares escaladas de rendimento no Sp. Braga e no Benfica; quebra no FC Porto (pequena) e no Sporting (grande).
Entre Benfica e Sporting, verifica-se o princípio dos vasos comunicantes: o que o Benfica já ganhou, face a si próprio na época passada (9 p), é exactamente o mesmo que o Sporting já perdeu.
Muito se tem apontado este destaque negativo: o FC Porto tetracampeão — e sempre líder nesta fase da prova — baixou ao melancólico último lugar do pódio; as razões são iguaizinhas às que atiram o Sporting para modestíssimo 4.º lugar: um Benfica muito superior e um Sp. Braga qual extra terrestre nunca antes visto no planeta da discussão do título! O Sp. Braga, céus!, soma agora mais 15 pontos do que tinha há um ano...
DOIS pontos, apenas 2 pontos... — eis a ligeiríssima quebra portista. Portanto, nenhum cataclismo interno... Nem no campeonato, nem em qualquer outra prova; o FC Porto mantém-se na Liga dos Campeões (sim, pode eliminar o Arsenal), está na final da Taça da Liga (com o Benfica...) e caminha para o mesmo objectivo na Taça de Portugal (afastou o Sporting e viu o Benfica cair às mãos do V. Guimarães). Os problemas do FC Porto são outros. Os vindos da enorme transfiguração do rival da Luz e do amigo Braga...; e o seu próprio, numa área muito específica, tudo indica que... decisiva: o FC Porto não costuma falhar nos momentos M... e, desta feita, clamorosamente, falhou — derrotas na Luz e em Alvalade.
HÁ 10 anos que o FC Porto não saia a zero dos dois grandes jogos em Lisboa. Neste campeonato, estrondo, estrondo houve no 3-0 em casa do Sporting... Mas, quanto a mim, muito mais determinante foi o desaire na Luz... O Benfica acabara de abanar com empate em Olhão e estava desfalcadíssimo: não tinha Pablo Aimar nem a sua talentosa e pujante asa esquerda (Di María e Fábio Coentrão de fora) e a asa direita muito coxeava (Ramires teve de jogar preso por arames, Ruben Amorim passava por demorada baixa clínica). Aquela hora e meia foi crucial... para ambos. Dia D neste sentido: o FC Porto tinha tudo para encostar o adversário às cordas, quiçá até rumo a KO, pois o Benfica, perdendo, corria altíssimo risco de esvair o seu empolgamento. Aí, num tempo também muito importante por ser o penúltimo da 1.ª volta, houve o maior falhanço do FC Porto: o Benfica, mesmo tão inferiorizado nesse dia, venceu!; e, redobrando galvanização, nunca mais parou.
Impossível o FC Porto não ter saído da Luz a roçar desespero na fúria contra si próprio... O descontrolo no túnel terá sido explosão da vontade de murros a si mesmo. Na área anímica, o FC Porto quase se esvaziou nesse dia (pólo oposto do Benfica...). Nos dois jogos seguintes, ambos em casa, sofrimento no 3-2 ao Leiria e, muito pior, no 1-1 com o P. Ferreira.
APENAS 2 pontos... — a actual quebra do FC Porto face ao seu percurso no 4.º título consecutivo. Pouca coisa para quem teve de fazer mais uma reconstrução no 4.º ano a fio perdendo 3 pilares (para tudo há limites... — ou como nunca uma perda foi tão sentida como a de Lucho Gonzalez...). O que o FC Porto mais perdeu chama-se, creio, convicção. E lá vêm as repercussões da derrota na Luz... Mas afundar-se tanto em Alvalade, pouco após 5-2 ao Sporting e logo na semana seguinte a 5-1 ao Sp. Braga!... Os desníveis de convicção fazem tremenda diferença. Aí, Benfica e Sp. Braga têm andado a golear.
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