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04 março 2011

Fartura e fratura


Depois de um início de época titubeante, o Benfica arrancou para o mais exaltante futebol praticado na era Jesus. Não acredito que este despertar tardio possa ainda levar ao título. O FC Porto está sólido, Falcão já regressou ao seu posto, o avanço é confortável para uma equipa realista e muito bem dirigida. Mas este Benfica, que voltou a encantar os seus adeptos, poderá ter um glorioso futuro.

Se os milhões conseguidos com David Luiz bastarem para Vieira segurar as suas mais recentes pérolas (Salvio, Gaitán e Jara), se Luisão mantiver o posto de grande comandante, se Coentrão e o restante grupo nuclear se mantiverem unidos no emblema, o Benfica ganha dimensão europeia. E o mesmo é válido para o FC Porto, caso Hulk e companhia permaneçam na cidade. Embora aqui seja necessário encontrar uma redundância de qualidade para eventuais ausências de Falcão.

Quando falo de dimensão europeia, não me refiro à taça dos pobres e desvalidos. Essa segunda divisão continental em que se transformou a antiga Taça UEFA. Não. Ter dimensão europeia é jogar na Liga dos Campeões e por ali ficar até à retoma de fevereiro. Ter dimensão europeia é entrar nos grandes estádios da Europa com capacidade para discutir a vitória. Os atuais Benfica e FC Porto poderiam atingir esse patamar. E Portugal precisa tanto de exaltação e luz inspiradoras.

P.S. – Ontem apresentou-se o quinto candidato à presidência do Sporting. Hoje ou amanhã poderá avançar um sexto nome. À fome sucederá a fartura? Não. A fartura é só de candidatos. Mais do que um saudável exercício de democracia e demonstração de vitalidade, o excesso de presidenciáveis indicia mais um sintoma de doença num clube que aparece fraturado como nunca. Daqui até às eleições veremos que danças se fazem entre desistências e alianças.

10 agosto 2010

O 3.º melhor - Por Octávio Ribeiro


Por Octávio Ribeiro in Record

A grande prova nacional arranca já no final da semana com os três grandes profundamente alterados face ao perfil da última época. Dois, Sporting e FC Porto, trocaram de técnicos e perderam jogadores importantes. Mas os plantéis ficaram mais ricos e equilibrados.

O Benfica manteve o treinador enquanto produzia tal convulsão no plantel que Jesus terá de fazer milagres para chegar ao Natal ainda incensado. Os milhões levaram Di María e Ramires – pouco há a dizer, face ao encaixe financeiro registado. O que ainda não se compreende é como se abdica do guardião que leva ao título nacional e vai buscar-se um Roberto gerador de enigmas, como o criado quando Jesus o defendeu cegamente colocando-o entre o topo dos guarda-redes europeus. É para rir ou para chorar?

Por que defendeu Jesus de forma tão autofraturante aquele estranho investimento de mais de oito milhões de euros? Quantas mais saídas desastradas, ou faz que sai mas não sai (como aconteceu no primeiro golo da final da Supertaça) serão necessários até Jesus colocar no banco o investimento feito neste invulgar guardião, que o Benfica foi buscar aos quadros do clube comprador de Simão? Quando a bola começa a doer no ambiente das bancadas qualquer técnico de bom senso, como é o caso, recua e passa rapidamente o “terceiro melhor da Europa” a terceiro melhor do plantel.

P.S. – No espaço de seis meses o selecionador nacional de futebol agrediu um comentador em plena sala de embarque do aeroporto de Lisboa e insultou um médico que se limitava a fazer bem o seu trabalho. Entre o conhecimento dos dois factos – ambos gravíssimos -, viu-se que não tem mão de comando sobre os jogadores, nem rasgo tático, nem carisma para arrancar sequer esperança de alegrias a qualquer alma lusa – e isso deveria ser também considerado muito grave pelos patrocinadores...

Na ressaca destes três factos o que faz a Federação? Até agora nada de relevante. Queiroz continua a ser o selecionador da equipa de todos nós. Um mimo.

27 abril 2010

Para maiores de 18 - Por Octávio Ribeiro


Por Octávio Ribeiro in Record

Em Portugal o mais vibrante jogo do ano está marcado para domingo no Dragão. Infelizmente, face à história das últimas décadas dos dois emblemas, este é um espetáculo ao vivo só aconselhável a maiores de 18 anos. Esperemos que o dispendioso dispositivo da PSP, montado entre as duas maiores cidades portuguesas, com o dinheiro dos contribuintes, consiga conter os ódios tribais sem danos de maior.

Na relva duas excelentes equipas bater-se-ão ao máximo por objetivos diferentes mas fortemente motivadores. Para o Benfica, um só ponto ganho carimba o título. Para o FC Porto, um só ponto perdido mancha de forma indelével o currículo de muitos campeões compulsivos.

Um título arrancado pelo Benfica em pleno fogo do Dragão passa para a memória de gerações e gerações.

Bruno Alves e os outros guerreiros do Norte tudo farão para impedir a façanha. Esperemos que o futebol seja intenso, dentro das normas, com uma arbitragem corajosa, honesta e, já agora, acertada.

Pena a ausência de Falcão. Os grandes artistas fazem sempre falta nos maiores palcos.

E os melhores generais também. Por isso menos se percebe a forma quase ostensiva como Jesualdo Ferreira se fez expulsar em Setúbal. Um homem com a frieza e o controlo do excelente treinador do FC Porto não ferve em qualquer água. Mesmo quando lhe tiram o melhor avançado dos planos para a grande batalha.

Não quereria Jesualdo correr o risco de marcar presença na festa do clube que tão bem serviu durante tantos anos?

Se não foi por isso que perdeu as estribeiras com o árbitro Pedro Henriques, assim pareceu.

21 abril 2010

Weldon - bem feito - Por Octávio Ribeiro



Por Octávio Ribeiro in Record

Ainda a época se iniciava e elogiei abertamente nesta página o patinho feio do ataque do Benfica - Weldon. Já então se notava a utilidade que Weldon sempre gritava nas suas escassas oportunidades. Não são muitos os jogadores que vencem a penumbra da ausência nas convocatórias do técnico com as qualidades intactas. Por isso dele sublinhei na altura que, permitam-me a citação, "ataca cada lance como se a bola fosse pão e ele esfaimado".

Os últimos jogos só fazem reforçar esta ideia de avidez na busca de algo positivo no combate sobre a relva.

Weldon não é um craque na relação com a bola, por isso algumas vezes o primeiro toque sai-lhe largo. Não é também um predestinado na arte de adivinhação que faz de alguns pontas-de-lança autênticos midas do golo. Não. A Weldon tudo o que de bom acontece é pago com muito suor, muito esforço. Muita vontade instalada. Algures no seu passado, na sua genética, ou na sua estrela, encontram-se certas as razões para uma atitude constante de tanto inconformismo perante o destino.

Jesus decidirá o futuro deste avançado que faz da velocidade, da emulação atlética, do respeito pelos sacrifícios táticos, as suas principais armas. Jesus decidirá.

Mas um jogador que entra sempre motivado para tirar o seu emblema e o seu técnico de apuros. Que esquece meses de apagamento entrecortados com notícias que o davam de saída. Um jogador destes dá jeito em qualquer plantel. Mesmo num grande clube como o Benfica.

Se, para a próxima época, Jesus decidir manter Weldon na Luz, só se poderá dizer: bem feito!

07 abril 2010

Milagre do coletivo - Por Octávio Ribeiro


Por Octávio Ribeiro in Record

O que este Benfica de Jorge Jesus tem de verdadeiramente especial é que não depende seja de que individualidade for, para lá do seu técnico. Ontem houve mais uma prova disso. Uma equipa que no início de época foi armada em torno de Aimar passa muito bem sem a inteligência do frágil argentino. Um onze que tem em Saviola o seu valor individual máximo respira saúde, mesmo quando o génio baixa aos cuidados médicos.

Carlos Martins está com uma dinâmica nunca atingida. E a sua constância exibicional recomenda a Carlos Queiroz um segundo olhar mais justo antes da convocatória final para o Mundial.

A Carlos Martins falta "apenas" a capacidade para durar noventa minutos. Esse défice é dificilmente aceitável num jogador que, aos 27 anos, deve estar na posse da plenitude dos recursos físicos. Nenhum técnico gosta de lançar um onze sabendo à partida que tem uma substituição para fazer a meio da 2.ª parte. A Carlos Martins faltam-lhe vinte minutos nas pernas para se tornar num craque de topo.

Mas voltemos ao coletivo do Benfica: nem nas alas faltam opções válidas a Jesus. Coentrão vai ganhando solidez como lateral. Mesmo assim, a qualquer momento poderá substituir Di Maria sem grande dano. A ala direita é menos profunda e bastante menos profícua. Nem por isso está despojada de opções eficazes. Até na baliza, mesmo nos jogos decisivos, Jesus tem mantido a alternância entre Quim e Júlio César. Veremos se a regra continua válida no inferno de Liverpool.

Para terminar, cometo o sacrilégio de questionar Cardozo. O ponta-de-lança é valoroso. Mas o que valeria este Benfica tendo na frente da baliza um avançado com cabeça, tronco e membros inferiores de idêntica qualidade? A Cardozo falta muito trabalho no treino para superar as debilidades do jogo aéreo e de um pé direito ainda deficiente. Sem um ponta-de-lança completo, nem mesmo Jesus pode sonhar com as mais altas vitórias europeias.

16 março 2010

Fantasmas do penálti


Por
Octávio Ribeiro in Record

Há um momento no futebol em que qualquer dúvida, reflexão, sub-pensamento do dono da bola, deita tudo a perder. É o momento do remate tendo apenas o guarda-redes como obstáculo.

Uma coisa é rematar de vinte, trinta metros, com vários adversários pela frente, ou mesmo rematar no coração da área, por entre várias camisolas de um e outro emblema; outra bem diferente surge no momento em que o caçador tem ali mesmo a presa à mercê. Todo o poder está do lado de quem tem a bola e sabe de uma baliza enorme para visar, mas não consegue tirar da cabeça aquele elemento móvel, só braços e pernas. Vulto que com cada passo em frente se agiganta.

Tudo isto para falar de Cardozo e da proteção que Jesus lhe deve prestar nesta fase da época.

Insistir em manter Cardozo como marcador de penáltis é já uma inibição para o jogador e para a equipa. E este anátema pode estender-se a outros momentos de confronto singular e direto com os guarda-redes.

Assumir no grupo que Cardozo está a passar por uma fase de dúvida, enquanto rematador de curta distância e sem oposição, pode funcionar como uma catarse que recupere o avançado para melhores performances. Retira-lhe, no mínimo, um fardo que por estes dias transporta para o campo, mesmo que de forma inconsciente.

Claro que uma decisão destas passa por uma indispensável conversa prévia com o atleta, por uma boa gestão da comunicação interna e, depois, externa.

Mas ninguém me convence de que Cardozo não renderia mais, e meteria mais golos, sem aquela angústia persistente de um ponta-de-lança com quatro fantasmas recentes de pénaltis falhados.

30 dezembro 2009

Prémios 2009


Por
Octávio Ribeiro in Record

Nesta última crónica de 2009 parece ajustado atribuir alguns prémios simbólicos relativos ao ano que agora passa.

Prémio revelação. Jorge Jesus - Mostrou que o Benfica pode jogar para o título e para a baliza adversária. Montar uma equipa em torno de Aimar é uma manobra de alto risco. Até ao Natal, Jesus não se tem saído mal neste milagre que fez o argentino levantar-se e correr. Mas o campeonato só agora chega a meio.

Prémio confirmação. Jesualdo Ferreira - Prova mais uma vez que o FC Porto pode vender as maiores joias da coroa. Elas voltam a nascer nas mãos de ourives de um técnico que sabe tudo de futebol e, aos 60 anos, descobriu as maravilhas da inteligência emotiva quando se está no banco com a bola a correr. Esse viagra da tática que Queiroz ainda tateia.

Prémio mártir. Paulo Bento - Habituados à receita da omeleta sem ovos, que foi dando segundos lugares honrosos, os dirigentes do Sporting pediram mais. Tratava-se agora de fazer omeletas sem fogo. E Paulo Bento aceitou. Vê agora que até Carvalhal consegue transformar buracos financeiros em reforços. Devia ter dado um murro na mesa quando ainda tinha crédito.

Prémio elegância. Manuel Machado - Com um discurso sempre inspirado, inteligente, quase erudito, colocou o Nacional a jogar como nunca. Um enorme azar em dia de folga pô-lo às portas da morte. Logo que a sobrevivência ficou garantida foi despedido. Um vintém é sempre um vintém. E o presidente do Nacional é o quê?

Prémio coração de leão. João Pereira - Quintuplicar o vencimento é algo que tira do sério qualquer mortal. Mas era mesmo necessário fazer uma jura à maneira da Al Qaeda para garantir entrega e profissionalismo ao novo patrão?

24 junho 2009

Crónicas do Record

Quando um jornal, desportivo ou não, decide apenas veicular as versões oficiais ditadas por uma instituição, seja um governo, clube ou empresa, está a caminho do abismo. A tese, que ontem ganhou forma de "notícia" no jornal "A Bola", torna José Eduardo Moniz - um profissional de créditos firmados e benfiquista ferrenho - num mero joguete de uma qualquer estratégia espanhola para assumir os destinos do Benfica.

O atual presidente - pessoa por quem nutro respeito e simpatia - Luís Filipe Vieira não ditaria melhor aquele chorrilho especulativo, que apenas visa diabolizar alguém que resolveu assumir vontade e disponibilidade para tentar devolver ao Benfica o rumo das vitórias. As verdades oficiais, assim assumidas de forma estalinista, podem ter uma eficácia momentânea, mas acabam sempre por esbarrar na dura realidade dos factos.

Não sei por que Moniz decidiu mostrar-se disponível para liderar o seu clube de sempre. Mas, conhecendo os traços fortes da sua personalidade, tenho a certeza de que não o fez ao serviço de uma qualquer estratégia obscura dos atuais acionistas na TVI. Mais natural seria o cenário de o fazer - disponibilizando os seus comprovados méritos de liderança e carisma - exatamente por querer mudar de área de atuação. Também possível é estar cansado por uma relação intensa com acionistas que podem não entender a dimensão, por exemplo, de valores como a liberdade de informação - e sua necessária independência -, que, ao contrário de Espanha, tem bons exemplos em Portugal.

Qualquer que seja a sua motivação pessoal, com esta demonstração de disponibilidade de Moniz, Vieira tornou-se um presidente sob alta pressão. Ou Jesus arranca um excecional início de época, ou serão os benfiquistas a exigir uma nova liderança.

No futebol, o que verdadeiramente conta são as bolas que entram nas balizas e não cantilenas amestradas doutra Bola.


Por Octávio Ribeiro in Jornal Record