Por Octávio Ribeiro in Record
Há um momento no futebol em que qualquer dúvida, reflexão, sub-pensamento do dono da bola, deita tudo a perder. É o momento do remate tendo apenas o guarda-redes como obstáculo.
Uma coisa é rematar de vinte, trinta metros, com vários adversários pela frente, ou mesmo rematar no coração da área, por entre várias camisolas de um e outro emblema; outra bem diferente surge no momento em que o caçador tem ali mesmo a presa à mercê. Todo o poder está do lado de quem tem a bola e sabe de uma baliza enorme para visar, mas não consegue tirar da cabeça aquele elemento móvel, só braços e pernas. Vulto que com cada passo em frente se agiganta.
Tudo isto para falar de Cardozo e da proteção que Jesus lhe deve prestar nesta fase da época.
Insistir em manter Cardozo como marcador de penáltis é já uma inibição para o jogador e para a equipa. E este anátema pode estender-se a outros momentos de confronto singular e direto com os guarda-redes.
Assumir no grupo que Cardozo está a passar por uma fase de dúvida, enquanto rematador de curta distância e sem oposição, pode funcionar como uma catarse que recupere o avançado para melhores performances. Retira-lhe, no mínimo, um fardo que por estes dias transporta para o campo, mesmo que de forma inconsciente.
Claro que uma decisão destas passa por uma indispensável conversa prévia com o atleta, por uma boa gestão da comunicação interna e, depois, externa.
Mas ninguém me convence de que Cardozo não renderia mais, e meteria mais golos, sem aquela angústia persistente de um ponta-de-lança com quatro fantasmas recentes de pénaltis falhados.
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