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16 agosto 2011

Twente-Benfica. Gigantes há muitos mas uns jogam mais do que outros

Há treinadores que são obcecados com a altura dos seus jogadores, que só admitem contratar talentos que tenham mais do que uma determinada altura e que em caso de dúvida optam pelo jogador mais alto. A visão é semelhante à velha máxima dos escalões de formação em que crianças mais baixas são postas logo de parte ou pelo menos são interrogadas pela altura dos pais, de forma a tentar avaliar a probabilidade de crescimento durante a adolescência.

A máxima tem lacunas e as provas estão à vista. Lionel Messi era uma criança com problemas de crescimento e hoje é considerado o melhor do mundo. Caetano é um dos jogadores mais baixos do Mundial sub-20 na Colômbia e não deixa de ser uma mais-valia na equipa de Ilídio Vale, recolhendo elogios de adeptos e adversários. A conclusão é simples: cada caso é um caso.

Jorge Jesus não é obcecado mas tem exemplos no passado de preferir jogadores altos, especialmente na baliza. Em 2008/09, quando era treinador do Sp. Braga, envolveu-se numa polémica com Beto, o guardião do Leixões. Dizia que só um guarda-redes com mais de 1,83 metros pode ser de grande nível. Na altura, Eduardo (1,87 metros) era o titular da baliza bracarense.

Os tempos mudaram e algumas ideias também. Jorge Jesus está no Benfica e Eduardo até é o guarda-redes menos alto do plantel: Artur tem 1,92 metros e Mika 1,95 metros. Já no ataque, o técnico mostrou nos últimos jogos que a altura de Cardozo pode deixar de ser fundamental. A lógica começou com a segunda parte do encontro com o Arsenal. Com o paraguaio a sair no intervalo, os encarnados começaram a actuar com jogadores móveis na frente, destacando-se todos pela capacidade técnica e velocidade. Numa tabela de prós e contras, a garantia de golos de Cardozo perdeu importância. Desde que Jesus chegou ao Benfica, o internacional paraguaio tem uma média de 31 golos por temporada mas a nova ideia do treinador aproxima o estilo do Benfica ao do Barcelona.

Jorge Jesus não olha a nomes quando tem de implementar as suas ideias (veja--se a situação de Capdevila no lado esquerdo da defesa) e nos dois últimos jogos, a estratégia utilizada foi mesmo o 4x3x3, com Nolito, Saviola e Gaitán em plano de destaque. Pode discutir-se a qualidade de jogo nos dois sistemas, mas a análise dos resultados é indiscutível: com Cardozo de fora, o Benfica fez dois jogos e não conseguiu ganhar um único: empate na Turquia com o Trabzonspor (1-1) e com o Gil Vicente em Barcelos (2-2).

O paraguaio pode não entrar na visão de jogo pretendida para o Benfica de sonho de Jorge Jesus mas a sua contribuição continua a ser decisiva. "É um jogador que tem características diferentes das de todos os outros avançados do plantel. Pode não ter muita magia, mas tem a arte de fazer golos. Deposito muita confiança nele. Tenho conversado muito com ele, está sintonizado com os objectivos da equipa e tenho a máxima confiança nele", assumiu Jorge Jesus em conferência de imprensa, revelando que Cardozo vai ser titular.

ADRIAANSE E JANKO

Se Jorge Jesus testou a equipa sem a sua referência ofensiva nos últimos jogos, Co Adriaanse não abdica de Marc Janko. Tal como com o técnico encarnado, é importante perceber a filosofia de jogo do holandês. Quando chegou a Portugal, para orientar o FC Porto, Adriaanse provocou uma revolução táctica a que o futebol nacional não estava habituado, utilizando apenas três jogadores na defesa (Bosingwa à direita, Pepe no meio e Pedro Emanuel à esquerda). No ataque, McCarthy, Lisandro e Adriano foram os jogadores mais utilizados mas apenas porque os dragões não conseguiram realizar o grande desejo do treinador no defeso: um holandês chamado Jan Vennegoor of Hesselink, de 1,91 metros.

No Twente, Adriaanse não provocou nenhuma revolução como em Portugal e prefere jogar com essa referência clara no ataque. Quem? Esse mesmo, Marc Janko. Numa comparação directa com Cardozo, o internacional austríaco ganha em altura (com 1,97 metros é cinco centímetros mais alto), mas parece perder no resto. Teve uma época de sonho ao serviço do Red Bull Salzburgo em 2008/2009 (40 golos em 36 jogos) e na época de estreia na Holanda, no ano passado, fez 17. Esta época, está com o faro apurado e já marcou quatro. O último foi no sábado, na recepção ao AZ Alkmaar, num lance em que, praticamente de costas para a baliza e a saltar para trás, conseguiu desviar de cabeça para inaugurar o marcador.

É esta particularidade que faz de jogadores como Cardozo e Janko jogadores especiais, a capacidade de fazer de um lance, aparentemente inofensivo, uma oportunidade para festejar. Adriaanse assume uma posição diferente da de Jesus mas, se o português tentou sacrificar Cardozo, o holandês está a sacrificar Bryan Ruiz. O costa-riquenho tem 1,88 metros e uma técnica mais apurada. Antes de Janko chegar da Áustria, era Ruiz que assumia o papel de referência na frente e os bons sinais dados fizeram com que o Benfica se interessasse por ele neste Verão. Aliás, Ruiz não foi o único jogador com estas características que foi colocado na órbita do Benfica nos últimos meses, surgindo também, por exemplo, o dinamarquês Nicklas Bendtner (1,93 metros),

NÃO É APENAS A ALTURA

O interesse em jogadores como Bendtner e Ruiz demonstra que a altura não é a única coisa que interessa, mas sim as suas características. O paraguaio pode ser alto e inventar um golo numa fracção de segundo mas não tem a técnica necessária para acompanhar as movimentações de jogadores como Nolito, Aimar, Gaitán ou Saviola. Ainda assim, Jesus é o primeiro a reconhecer que Cardozo é único no plantel. Nas últimas semanas, apareceu a possibilidade de o paraguaio ser vendido mas não surgiu uma oportunidade para o substituir por um avançado com características idênticas e que se adaptasse melhor a um futebol veloz. Cardozo resistiu, uma vez mais, e vai continuar a jogar. Os golos vêm por acréscimo.

Hoje, 19h45, Twente-Benfica, RTP1 e Sport TV1

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