O meu Sporting

Por Miguel Góis in Record

Descobri, durante o último FC Porto-Sporting, que sou um péssimo sportinguista. Em princípio, não era necessário que assim fosse, visto que ainda assim tenho alguns pontos em comum com a maioria dos adeptos leoninos: não deposito a mínima confiança no treinador do Sporting, raramente vou a Alvalade, e estou sempre - mas mesmo sempre - a pensar no Benfica. À partida, também nada de especial me move contra o Sporting. Pelo contrário, é um clube que desperta em mim um sentimento paternal - assisto aos equívocos que lá se sucedem, e dá-me uma súbita vontade de o proteger.

Até aqui, tudo bem. Só quando, por motivos puramente egoístas, começo a torcer pelo Sporting é que me apercebo da complexidade da tarefa: pelos vistos, tenho dificuldades em fazer durante uma hora e meia aquilo que os verdadeiros sportinguistas fazem a vida inteira. Como eles conseguem é algo que nunca compreenderei. Ainda não tinham passado quinze minutos do FC Porto-Sporting e eu já estava a pensar: "Eh pá, nós não jogamos mesmo nada. Os sacanas dos lampiões é que andam a espalhar classe nos relvados nacionais. O Benfica - esse, sim, um clube em termos... Porque é que eu tive que nascer assim?"

No próximo fim-de-semana, espera-me, como sportinguista, mais noventa minutos de agonia. Hoje ainda é quinta, e já sinto a esperança a esvair-se. É a crença de que, mais uma vez, o FC Porto nos vai ganhar a Alvalade. Esta época, é a única maneira de nós, benfiquistas, perdermos.

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