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18 janeiro 2011

O AZAR MELANCÓLICO DO GRANDIOSO CLUBE


Para além de ser um clube melancólico, o Benfica é um grande clube com bastante azar. Aliás, o azar benfiquista funda a melancolia epónima. O jogo de ontem contra o OAF da Académica de Coimbra não perfaz excepção a este estado e alinha-se, é certo que em menor escala, com uma corrente que tem picos altos na infelicidade de Costa Pereira na chuvosa final da Taça dos Campeões de 1965, em S. Siro contra o Inter (já para nem falar no azar de se jogar em casa de um dos finalistas) e no penalty de Veloso em Estugarda, na final da Taça dos Campeões de 1987.
Vejamos: o Benfica ganhou ontem ao OAF da Académica de Coimbra com um golo claramente obtido à margem das leis de jogo, em grosseiro offside. O azar disto é que tão visto como o offside do golo vermelho são os dois penalties que ficam por assinalar cometidos um sobre Fábio Coentrão, outro por corte com a mão de um cruzamento do Fábio Coentrão. Anulado o golo ao Benfica, asssinalados os dois penalties devidos, aplicando a lei dos cinquenta por cento à teoria das probabilidades de marcar um penalty e falhar o outro, o Benfica ganharia o jogo por um-zero, precisamente o resultado que alcançou frente ao OAF. É caso para dizer que o Benfica teve o azar de ganhar o jogo desta maneira inglória por um zero quando o devia ter ganho sem grande glória também por um zero (tenho para mim que um jogo ganho por um zero de penalty não é glorificante, sobretudo se contra equipas simpáticas como o OAF da AAC).
A seis de Novembro de 2007, o Benfica deslocou-se a Parkhead para jogar com o Celtic de Glasgow para a liga dos Campeões. Perdeu um zero. Aos oitenta minutos de jogo, Gilles Binya, um meridiano trinco que tivemos nas fileiras, assinalava o segundo momento da sua inscrição na história do Benfica: a uma estranha e portentosa forma de marcar lançamentos laterais adicionou uma entrada violentíssima a Scott Brown, com bolinha vermelha no canto superior direito, capaz de gelar qualquer alma caridosa com um cortante iiiiiiiiiiiiii. Resultado: seis jogos de suspensão. Ontem, aos trinta e cinco minutos de jogo, um meridiano trinco do OAF chamado Pape Sow conseguiu uma proeza notável: elevar os requintes da acrobacia agressiva para um nível bem mais nureiévico que karatékidico, numa agressão merecedora de bolinha vermelha no canto superior direito, capaz de gelar qualquer alma caridosa com um cortante iiiiiiiiiiiiii, fazendo com que a de Binya, já por si só horripilante, parecesse uma brincadeira de jardim escola.
Chegados aqui sabemos que a) a arbitragem é medíocre e a mediocridade que dirige o futebol fifense está-se nas tintas para os avanços tecnológicos no auxílio de decisões certas e justas usados noutras modalidades desportivas e que acabariam com estas cretinices (pardon my french) semana após semana, usando como justificativo desta recusa argumentos tão maquiavélicos que só entendidos como não sérios é que se lêem até ao fim e , b), Pape Sow, em Portugal, jamais e em tempo algum apanhará, no mínimo, os mesmíssimos seis jogos que Binya deglutiu - punição que, diga-se, tenho como justíssima em função do acto praticado.
Nada mais me restando para concluir, até porque estou com pressa para apanhar um avião para Genebra por causa de um negócio de importação de canivetes, termino com um desabafante e sempre justificativo o futebol é isto.

1 comentários:

Sim? Isso diz vc! Aposto até 2 jogos no máximo, que o valente karatékidico Pape (Show?)vai apanhar (punição) por decisão dos meritíssimos disciplinadores da (des) Liga Portuguesa. Aposta?

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