Tive já ocasião de manifestar publicamente a minha profunda admiração por Rui Manuel César Costa. Admiro, entre outras proezas, a forma como conseguiu tornar-se um príncipe em Florença, a capital do Renascimento, sendo oriundo da Damaia, a capital do desbloqueamento de telemóveis roubados. Não é fácil. Infelizmente, não posso subscrever um aspeto da sua vigência como diretor-desportivo do Benfica, que está diretamente relacionado com o período da reabertura do mercado em que nos encontramos.
Aquando do falhanço na contratação de Falcão, Rui Costa declarou à imprensa: “O Benfica só vai contratar jogadores que tenham a mesma vontade que nós”. Mais recentemente, quando o mesmo sucedeu com Hleb, afirmou: “Só pode vestir a camisola do Benfica quem tem ambição de a vestir. Essa é a minha cultura e a do Benfica”. Resumindo, a doutrina Rui Costa para a contratação de jogadores é: o clube só está interessado em jogadores que queiram vir para o Benfica. E tudo correria às sete maravilhas, não fosse a política de contratações do FC Porto muito similar: o clube só está interessado em jogadores que queiram vir para o Benfica.
O que questiono é por que razão um colombiano ou um bielorrusso insistiriam em vir para o Benfica, em detrimento de um outro clube português – para efeitos puramente teóricos, chamemos-lhe momentaneamente, sei lá, “FC Porto”? Porque ama o Benfica e tomou a decisão de perder uma fortuna de forma a regressar ao seu clube do coração, assinando um contrato em branco (ou, como Vale e Azevedo lhe chamava, “um contrato”), Rui Costa não pode cometer o erro de pensar que há mais como ele. Não há.
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