Correr ou não correr? Eis a questão...
Por Carlos Manuel Pereira in O Jogo
Nos primeiros dias de trabalho do Benfica na Suíça, Jorge Jesus voltou a instaurar uma prática antiga: uma "ligeira" sessão de corrida pela manhã, num total de quatro quilómetros diários, à qual se juntavam mais dois treinos durante o dia. O método da corrida: há quem acredite que é benéfico e há quem defenda, como Rui Faria, preparador-físico que há muitos anos trabalha com José Mourinho, que as corridas à volta do campo... são treino de atletismo.
Alberto Carvalho, mestre em Alto Rendimento Desportivo e professor universitário, está entre os primeiros. "É preciso trabalhar a periodização táctica, mas também tem de haver a componente técnica. Correr sem bola é o que os jogadores mais fazem durante os jogos", lembra a O JOGO, sublinhando que "este tipo de exercícios permite responder melhor aos vários momentos do treino e à sua intensidade". No fundo, a corrida matinal tem como objectivo aumentar a resistência.
Jorge Castelo, ex-preparador-físico do Benfica e actualmente coordenador do futebol jovem do Belenenses, defende que, "do ponto de vista fisiológico, este tipo de trabalho é bom". "Tudo depende da intensidade com que se faz. A corrida só por si é boa para a componente física. Mas o treinador é que decide o que deve fazer, consoante os seus objectivos. Se calhar daqui um mês está a fazer tudo diferente", afirma.
Mariano Barreto, ex-preparador-físico e treinador dos angolanos do Recreativo do Libolo, afirma que não costuma fazer este tipo de exercícios. "Prefiro o treino integrado. É fundamental fazê-lo com bola. Pode fazer-se a corrida com a bola nos pés. Assim trabalha-se as duas coisas. Apenas pontualmente faço corrida nas equipas onde trabalho. Não vejo vantagem nisso", defende a O Jogo.
Picos de forma só nos desportos individuais
Jorge Castelo reduz a pó a teoria dos dois picos de forma por ciclo anual, que era corrente até há poucos anos. "Isso é para as modalidades individuais que se preparam para determinadas competições durante o ano. Nos desportos colectivos, isso não pode existir, até porque não se pode ter 20 atletas com o mesmo momento de forma", explica. "O importante", prossegue, "é o colectivo, e às vezes até pode haver um jogador menos bem, desde que a equipa esteja entrosada com ele."
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