Não nego que os primeiros três golos me custaram horrores. A partir daí, assisti ao avolumar da goleada com outra dignidade e valentia: é incrível como se torna suportável ver a nossa equipa ser humilhada, quando o fazemos ao colo da nossa mãe.
É, por sinal, muito mais difícil confrontarmo-nos com o facto de este ter sido o terceiro banho de bola consecutivo que o Benfica levou do FC Porto (Dragão, Aveiro, Dragão), sem que se vislumbre uma superioridade técnico-tática que o justifique.
Não é que, pessoalmente, não tenha também muito receio dos remates do Hulk. Mas isso sou eu, que, quando vou ver os jogos ao estádio, fico sentado na bancada. Ali, mesmo a pedi-las.
É possível que a chave da superioridade do FC Porto nos embates com o Benfica esteja no tão propalado “grito de revolta” – e o campeonato da revolta é um que o clube da Luz nunca ganhará. A revolta é a marca dos pequeninos. São sempre os pequenos que se revoltam contra os grandes, e não o contrário. O Benfica é o que os outros querem ser, quando crescerem: vai-se revoltar contra quem, se não tem ninguém em cima? Contra o Norte? O Norte nunca nos fez mal nenhum, para além de estar pejado de bons benfiquistas. É certo que a Beira Alta sempre me enervou um bocadinho, mas é uma coisa mais minha…
Dito isto, esta semana, só encontrei consolo no Almanaque do Benfica – Edição Centenário, especificamente no testemunho de Rui Águas sobre a época de 1986/87: “É curioso dizer que essas duas derrotas [contra FC Porto e Sporting], com incidência para a do Sporting [por 7-1] acabaram por nos lançar para a vitória no campeonato e para a Taça. Ainda por cima, na Taça, voltámos a encontrar o Sporting. Aí, com a humilhação bem fresca na nossa memória, ganhámos” (pág. 409). Pelo sim, pelo não, é melhor os benfiquistas encherem o Estádio da Luz amanhã.
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