A conversa já tem uns anos, foi no final da década de 90. Na paisagem vila-condense, numa das habituais tertúlias do “Ramon”, recordo que os convivas eram, entre outros, Manuel José, Henrique Calisto, Fernando Gomes, Bernardino Pedroto e Eurico Gomes. Lancei a questão, numa altura em que o tema dominante era o carácter mais defensivo do futebol dessa actualidade. “Hoje, o Eusébio marcaria mais ou menos golos?”.
A reflexão foi imediata, as opiniões não se fizeram esperar. Nessa como nesta actualidade, o Eusébio marcaria mais golos, tratou-se de uma conclusão unânime. Então as defensivas, hoje, não são mais rigorosas, mais porfiadas, mais organizadas? E o critério disciplinarmente mais exigente dos árbitros? E a facilidade com que se expulsa um jogador, até por razões técnicas? E a importância das bolas paradas?
Simões à esquerda e José Augusto à direita, nestes tempos, quantas expulsões valeriam, mercê dos seus apontamentos de técnica soberba? Anos mais tarde, igual entendimento para Jaime Magalhães e Futre. Ou Marinho e Dinis, ainda uns tempos antes. É caso para dizer que o resto ficaria por conta de Eusébio , de Gomes e de Yazalde. Com a vantagem do Pantera Negra ter sido um inimitável cobrador de livres.
Há uma semana, num almoço, confrontei o meu amigo Eusébio com a mesma questão. “Claro que, se fosse hoje, marcaria mais golos”, foi o que me disse sem ponta de hesitação e nenhum sinal de altivez. Também por isso, não estranhou quando lhe dei uma novidade. O nosso Cristiano Ronaldo, ao serviço do Real Madrid, já tem uma média de golos superior à de Raúl, Hugo Sánchez ou… Di Stéfano. Está explicado?
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