DESDE que contratou a prima da águia Vitória para sobrevoar o Olímpico de Roma antes de cada jogo, a Lazio está imparável e ao cabo de sete jornadas lidera, isolada, o campeonato italiano com 2 pontos de avanço sobre o Milan e o Inter e com 4 pontos de avanço sobre a Juventus e o Nápoles.
Já em Lisboa, a propriamente dita águia Vitória passou um sábado atribulado apesar de o Benfica ter ganho sem grandes dores de cabeça ao Arouca e ter seguido em frente na Taça de Portugal, como lhe competia, com o devido respeito pelo Arouca.
De acordo com a notícia inquietante publicada neste jornal na sua edição de domingo, o nosso simpático Juan Bernabé, treinador, patrão e psicólogo da águia original, foi intempestivamente impedido de se fazer fotografar com umas crianças que pretendiam levar para casa a prova testemunhal de que tinham conhecido no Estádio da Luz o tratador e o animal, ou seja, a competente dupla que faz as delícias da criançada e dos mais crescidos naquele momento mítico que se repete antes de cada jogo do Benfica em casa.
Os autores materiais do desacato terão sido dois stewards de serviço que, sem boas maneiras, afastaram Juan Bernabé das crianças e, de tal forma o fizeram, que a águia Vitória andou a rebolar pelo chão à vista de toda a gente e o próprio Bernabé se terá desequilibrado com algum estardalhaço.
Mas, afinal, que stewards são estes que a Prosegur manda para o Estádio da Luz perpetrar atentados?
Sem querer embarcar em teorias da conspiração, ou a Prosegur está infiltrada de agentes provocadores ou os stewards em causa são taxativamente sportinguistas que ainda vinham a ferver da última assembleia-geral do clube deles, o que não é de admirar. E por já virem picados um com o outro desde a reunião magna na Nave de Alvalade não se contiveram quando Juan Bernabé, no seu falar espanholado, os cumprimentou com um saludo que lhes caiu mal:
- Boa noite, Costinhas!
E viraram-se a ele que nem leões e aconteceu o que aconteceu, uma tristeza, enfim.
Senhores stewards lagartos, abusivamente infiltrados na Luz, façam lá o favor de resolver esses desaguisados exclusivamente entre vocês, em sede própria, sem a presença de jornalistas, mas não venham para nossa casa atentar contra a harmonia reinante!
ISTO de dizer mal dos árbitros tem muito que se lhe diga. O ideal é o trabalho dos juízes de campo nos ser totalmente indiferente de modo a que nem nos ralemos com as suas más decisões ainda que sejam contrárias aos nossos desígnios. Isto é que é ter classe.
Para ter classe numa matéria destas, tão rasteira, tão primária, há que fazer reunir um certo número de condições que nem sequer são tão fenomenais como se pode suspeitar.
Ainda no sábado passado, por ocasião do Benfica – Arouca para a Taça de Portugal, verificaram-se essa tais condições e quando, já perto do fim do jogo, o árbitro invalidou um golo ao Arouca por claríssimo fora-de-jogo do seu autor não houve no Estádio da Luz nenhum benfiquista que não encolhesse os ombros e não pensasse: Que pena, este pessoal do Arouca que veio até à nossa casa em multidão bem merecia sair daqui com um golo marcado!
Tudo este fair-play porque já se estava a ganhar por 5-0, aquele score que, precisamente, confere uma tranquilidade de espírito, um desapego às incidências do jogo, uma generosidade perante os erros alheios, ou seja, uma série infindável de atributos capazes de transformar o mais irascível dos adeptos num cavalheiro inglês tal e qual aqueles que conhecemos dos romances da Jane Austen ou das irmãs Brontë.
E quando aos 88 minutos, Diogo Santos, na sequência de um pontapé de canto que beneficiou o ataque arouquense, meteu a bola no fundo da baliza de Júlio César e o golo valeu, não houve a mínima manifestação de protesto nas bancadas da Luz. Os três mil arouquenses festejaram bravamente o feito e os quinze mil benfiquistas limitaram-se a murmurar: Pois está muito bem… assim já levam um consolo para a viagem!
E que consolo! O próprio Diogo Santos confessaria no final do jogo que tinha vivido o momento mais alto da sua carreira e referia-se não só ao golo marcado ao Benfica na Luz como o facto, não menos glorioso, de ter recebido como recordação a camisola de Pablo Aimar.
Este pequeno apontamento tirado do Benfica – Arouca não é tão extravagante quanto pode parecer. Encerra, aliás, um ensinamento útil para o que ainda falta disputar internamente na temporada em curso contra adversários mais possantes, equipados de verde, amarelo, azul, roxo ou mesmo de preto e com apito na boca.
É que se o Benfica voltar às goleadas a que nos habituou na temporada passada acaba-se logo com a conversa dos árbitros…
Dá-lhes Kardec!
A UEFA quer instituir umas regras de fair Play financeiro ao mais alto nível das suas competições. Em defesa da concorrência leal e da saúde das tesourarias dos mais importantes emblemas europeus «qualquer clube profissional que tenha gasto mais do que recebeu na época desportiva anterior ficará fora das provas europeias». Vamos ter, assim, um campeonato internacional de défices e de passivos que vai ser bonito, vai…
Embora a UEFA planeie só fazer aplicar estas regras a partir da temporada de 2013/2014, é o caso para se dizer que o Benfica, em comparação, por exemplo, com o Manchester United, já vai muito adiantado no bom caminho a tomar.
Ambos os clubes mostraram-se impressionados com a aventura dos 33 mineiros chilenos e entenderam que deviam fazer alguma coisinha que evidenciasse essa comoção humanitária. O Manchester, sempre dado aos grandes exageros de um clube que acusa 95 milhões de euros de prejuízo, não fez a coisa por menos e endereçou um convite aos heróis subterrâneos para uma deslocação em voo fretado desde o Chile até Old Trafford onde será recebidos como heróis tendo a oportunidade de assistir ao vivo a uma jogatana do United.
O Benfica, com as suas contas mais modestas, fez a coisa por menos. Convidou o embaixador do Chile em Lisboa para um almocinho no Estádio da Luz e ficou logo ali o assunto arrumado.
Será bom que a UEFA atente nestes pormenores financeiros…
QUANTO aos pormenores desportivos, no que diz respeito à UEFA. O Benfica não só não vai nada à frente como também anda a marcar passo. Ontem, em Lyon, pode-se dizer que o Benfica foi o Roberto, o Coentrão e mais 8. Em princípio até seriam mais nove mas como o Gaitán foi expulso…
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