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26 março 2010

Batam nos 'stewards'! - Por João Bonzinho


Por João Bonzinho in A Bola

A esta hora, o médio do Sporting de Braga, Vandinho, deve estar mais do que arrependido de ter tentado agredir o treinador adjunto de Jorge Jesus, do Benfica. A tentativa de agressão de Vandinho custou-lhe uma suspensão por três meses — que o castiga até à penúltima ou última jornada do campeonato — mas se o jogador brasileiro tivesse descarregado a sua fúria num steward, num bombeiro ou até num qualquer polícia de serviço naquele Sporting de Braga-Benfica da noite de 31 de Outubro já podia estar a jogar.

A partir de agora, caros jogadores, não se esqueçam: se quiserem bater em alguém, batam nos stewards, como fez Hulk ou Sapunaru. Para o Conselho de Justiça, essas agressões não valem mais do que três ou quatro jogos de suspensão. Tentar agredir um adjunto? Cuidado: o mesmo Conselho de Justiça acha que isso merece castigo exemplar. Três meses, no caso de Vandinho. Porquê? Porque o adjunto é um agente desportivo; um steward não, tal como o polícia, o bombeiro ou o adepto.

Por partes: já toda a gente sabe o que fez o Conselho de Justiça, mas recordo: reduziu os castigos aos portistas Hulk e Sapunaru de quatro e seis meses para 3 e 4 jogos de suspensão, respectivamente.

Entende o Conselho de Justiça da Federação que um steward não é um agente desportivo e portanto não se aplica o regulamento criado para punir agressões a agentes desportivos. Ao Conselho de Justiça nem sequer interessa que, por lei, jogos com mais de 15 mil espectadores não possam decorrer sem stewards.

O que fica claro depois da decisão do Conselho de Justiça da federação é que agredir stewards, polícias, bombeiros, público em geral ou jornalistas não é coisa assim muito grave, e portanto a partir de agora os jogadores saberão que em caso de fúria podem bater à vontade no zé povinho que o pior que lhes acontece é ficarem na bancada três ou quatro joguitos.

Aliás, para o mesmo Conselho de Justiça (tal como para a Comissão Disciplinar da Liga, aliás) foi muito mais grave a tentativa de agressão de Vandinho ao adjunto de Jesus do que a agressão de Mossoró a um jogador adversário. Classifica-se a importância do atingido, imagine-se. No futebol português não é a agressão que interessa; o que interessa é quem é o agredido.

Lembro, como Hugo Vasconcelos escreveu ontem neste jornal, que a agressão de Eric Cantona a um adepto seria em Portugal punida com 3 ou 4 jogos de suspensão. Em Inglaterra, pátria do futebol, onde o francês do Manchester United pontapeou um espectador, o castigo foi um bocadinho mais pesado: um ano de suspensão!

O castigo de quatro meses a Hulk foi excessivo. Sim, foi excessivo e penalizou, claramente, o FC Porto. Mas faz-se justiça reduzindo esse castigo para três jogos de suspensão? Não. É absolutamente incompreensível. E lamentável. A Comissão Disciplinar exagerou? Sim, exagerou. Mas no essencial teve maior sensibilidade no enquadramento dos factos.

Claro que os regulamentos estão mal feitos e os regulamentos estão mal feitos por culpa dos clubes, porque são os clubes que os fazem ou, no mínimo, os aprovam. Mas mais grave do que isso é o Conselho de Justiça da Federação, interpretando os factos (no caso de Hulk e Sapunaru) como interpretou a Comissão Disciplinar da Liga, vir afirmar agora que se deve simplesmente punir sem excesso.

Será mais grave a agressão de um jogador de futebol a outro jogador de futebol do que a agressão de um jogador de futebol a um adepto? Ou a um polícia? Ou bombeiro? Ou steward? Porquê?

Não será até mais compreensível (embora igualmente inaceitável) que um jogador agrida outro, em pleno campo, no calor do jogo, do que a agressão de um jogador a outro elemento do jogo, fora do campo e já depois, até, de ir ao seu balneário?

A agressão de um jogador a um polícia, por exemplo, pode até dar-lhe prisão, mas não vale mais para os senhores do futebol do que 3 ou 4 jogos de castigo. Se agredir um adversário, ou um adjunto, ou um treinador, ou até um árbitro, livra-se da prisão mas talvez não se livre de mais alguns jogos fora do jogo.

Querem mais gente nos estádios? Como?

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