Por Carlos Daniel in Record
Hermínio Loureiro tem de clarificar: ou se demitiu indignado com a decisão do Conselho de Justiça (CJ) ou incomodado com a sua própria Comissão Disciplinar (CD). Faz toda a diferença. Ou se revela desencantado com os juristas a quem, como sempre sublinha, deu total autonomia dentro da Liga ou assume a impotência de lutar contra velhos hábitos e estruturas. A ser verdade esta segunda hipótese, entendo que Hermínio Loureiro se deveria ter demitido em primeiro lugar (senão mesmo apenas) da vice-presidência da Federação.
Por essa clarificação passará também o futuro imediato da CD da Liga. Se Hermínio sair em sua defesa, Ricardo Costa e os pares terão mais condições de completar o mandato que já está quase no fim. Sem esse apoio, ainda que a posteriori, é mais difícil de sustentar a continuidade em funções. Ficaria a sensação, como já disse Marcelo Rebelo de Sousa, de que Hermínio saiu porque algo "correu mal". Por tudo o que fez pelo futebol português - é o mais bem-intencionado dirigente de que me lembro - Hermínio tem de cortar a direito na hora deste adeus (ainda) inexplicado.
Recuso entrar na discussão sobre o mérito das contraditórias decisões jurídicas. Não só porque não sou competente para tal, como me sinto baralhado, nos últimos tempos, pelo posicionamento "de bandeira na mão" de alguns juristas insignes.
O curioso é que toda esta polémica podia até não ter existido, não fosse o gritante disparate da cláusula de suspensão preventiva que os clubes decidiram aprovar por sugestão do Porto (que veio a ser vítima dela). Sem essa ideia peregrina, Hulk (como Sapunaru) só teria estado sem competir desde 19 de Fevereiro até agora. Mesmo admitindo-se que a decisão da CD tenha sido um erro, como o CJ foi célere a analisar o recurso, os atletas teriam falhado pouco mais jogos do que foi agora determinado.
É a prova de que e única verdade quase irrefutável de toda esta história está no facto do regulamento disciplinar da Liga ter mais buracos que um queijo suíço, resultante da incompetência dos seus autores iniciais, e agravado pelos remendos que os clubes, mediante os seus interesses de circunstância, lhe vão acrescentando em cada ano. Faça o leitor um esforço de distanciamento clubista e pense só nisto: Hulk e Sapunaru agrediram, são suspensos preventivamente e acabam com 3 e 4 jogos de castigo; Mossoró igualmente agrediu, não foi suspenso e levou também 3 jogos; Vandinho, que (só) tentou agredir - ao mesmo tempo da cena de Mossoró - é suspenso por três meses e o CJ dá total razão à CD. Mais importante que a natureza do crime foi, em qualquer caso, a categorização da vítima. Como ouvi uma vez a um anónimo: se isto é Direito, é um Direito muito torto.
PS: Depois de Hermínio virá quem bom dele fará. Pelo andar da carruagem, se não for Rui Alves já não se perde tudo.
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