Esta época, não é fácil detetar uma crise no futebol do Benfica. Se o observador mais atento não se aplicar verdadeiramente, corre o risco de não dar por ela. Uma ida à casa de banho na altura errada pode deitar tudo a perder. Tenho um amigo que foi até à janela fumar um cigarro, durante o Benfica-Vitória de Setúbal, e perdeu "a grande crise de concretização" que atingiu o clube da Luz entre o sexto e o sétimo golo. Nunca mais me esqueço: foram quarenta e cinco segundos sem uma jogada, uma ideia. Esse meu amigo ainda hoje não sabe a sorte que teve.
Nesse ponto, honra seja feita aos sportinguistas, que foram bem mais expeditos que os adeptos do Benfica a vislumbrar sinais de decadência no rendimento da equipa de Jorge Jesus. Não é difícil perceber porquê - no seu dia-a-dia, os sócios do Sporting estão bem mais atentos e preocupados com o que se passa na Luz do que a generalidade dos benfiquistas. Pessoalmente, quando quero saber algum pormenor mais obscuro sobre o desempenho do Felipe Menezes no último treino, pergunto sempre ao sportinguista que está no café a ler o jornal "O Benfica".
Dito isto, se é mesmo verdade que o futebol da equipa da Luz passa por uma crise profundíssima, limito-me a lamentar o seu timing. Se o Benfica tivesse atravessado uma crise semelhante na época passada, de janeiro a maio, teríamos sido campeões. Estas péssimas jogadas e estes remates defeituosos ter-nos-iam dado um jeitão no ano passado.
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