Crónicas de Rui Miguel Tovar, in ionline,
Nos primórdios é um jogo de 11 contra 11. Depois cria-se um personagem
diferente dos demais. É o guarda-redes, o eterno injustiçado com a
realidade do futebol. Desde criança, é um trauma ser guarda-redes. Quem é
mau vai à baliza. Quem é assim-assim vai à baliza. Quem é gordo vai à
baliza.
O futebol evolui e agora ser lateral- -esquerdo é que é um dos maiores
dramas da história (do futebol, bem entendido), muito maior do que
guarda-redes ou até árbitro. É daquelas posições complicadas para
qualquer equipa, excepção ao Inter de Facchetti, ao Milan de Maldini e
ao Madrid de Roberto Carlos.
No caso do Benfica – e vamos esquecer por breves momentos Léo e Fábio
Coentrão –, o lateral-esquerdo é um bicho esquisito neste século xxi. Recolhemos o top mais dos laterais menos.
rojas
Não é que seja mau jogador mas não teve o seu dia. As crónicas sobre o
esquerdino são usualmente deste calibre, a provar a falta de adaptação
do paraguaio ao Benfica, com um balanço negativo de 13 derrotas em 32
jogos entre 1999 e 2001.
escalona O
chileno é contratado ao Torino mas só faz figura de corpo presente em
2000/01. Heynckes simplesmente não conta com ele, Mourinho idem idem.
Só Toni o utiliza em 11 jogos mais oito cartões amarelos e dois
vermelhos. Mas nem ele acredita totalmente e começa a apostar na prata
da casa (Diogo Luís).
pesaresi
O italiano da Lazio chega ao mesmo tempo que Sokota, Simão, Zahovic,
Drulovic, Mantorras, Argel e Caneira no Verão de 2001, mas é um erro de casting. Prova disso, as expulsões na estreia (2-2 vs. Varzim) e na despedida (2-1 com o Boavista).
cristiano O
brasileiro do Beira-Mar assina por quatro anos em 2002, mas só faz 24
jogos (26, se contabilizarmos a equipa B). Com Jesualdo Ferreira ainda
joga. Com José Antonio Camacho é deslocado para o banco e é o central
Ricardo Rocha quem se adapta à esquerda.
emerson Chegámos
ao busílis da questão. Estamos em Março e o brasileiro já tem nove
amarelos mais dois vermelhos em 36 jogos. Sem contar com a frac...
apetência para o ataque: nenhum golo nem uma assistência. Poderíamos
desculpá-lo com a competência na defesa, mas nem isso.
A sua prolongada desinspiração, em que cada toque na bola é uma tensão
que só visto, tem mais um episódio e os adeptos do Benfica assobiam-no
no jogo com o Chelsea, em consequência dos seus equívocos, sobretudo no
lance do único golo do jogo em que é batido em corrida por Ramires. No
final, o próprio Ramires tropeça nas palavras. “Em Inglaterra acompanho
os jogos do Benfica, e vi que se tivéssemos um ponto a explorar seria o
lado frac... o lado esquerdo.”
Para sábado, com o Braga (21h15), o Benfica não joga com Emerson, mas
sim Capdevila, campeão europeu e mundial pela Espanha. Não por opção de
Jesus (o treinador insiste no brasileiro e tenta convencer-nos de que
ele até esteve bem com o Chelsea), mas porque Emerson está suspenso por
ter visto o nono amarelo, em Olhão. Irá voltar à equipa em Londres e no
dérbi com o Sporting? Se Deus quiser, não (dirá a massa benfiquista). Se
Jesus quiser...
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