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25 novembro 2011

Missão cumprida


Crónicas de João Gobern, in Record

Claro que houve ocasiões de sufoco e – vários – suspiros de alívio, o último dos quais quando Berbatov, sedento de mostrar serviço ao patrão, fez a bola rasar a barra da baliza de Artur. Claro que a percentagem de posse de bola, o número de remates, a ideia de um caudal ofensivo dominante (embora se misturassem os momentos de mérito dos ingleses com as ocasiões em que o Benfica oferecia metros para cerrar fileiras, alternando sabiamente com a pressão alta, toca-e-foge que lhe permitiu chegar ao fim da partida sem bancarrotas na componente física) tombam para os habituais frequentadores do Teatro dos Sonhos. Daí a dizer que o empate da equipa portuguesa foi mera questão de sorte só revela desconhecimento ou má vontade.

Desde logo por ignorar ostensivamente que o adversário do Benfica é campeão inglês, finalista vencido da última edição da Liga dos Campeões, dono de um palmarés que brilha tanto como a estabilidade (por favor, não confundir com pasmaceira ou imobilismo) garantida por um quarto de século com sir Alex Ferguson como condutor. Depois, por procurar desvalorizar uma missão de sacrifício que, tantas vezes, é o nosso (dos clubes nacionais e da Seleção, se quisermos falar verdade) antídoto quando confrontados com meios e poderes desmedidamente maiores do que os nossos. Ontem, essa sobrecarga, que se confunde com desempenhos de missões que favorecem o coletivo e prejudicam os indivíduos, acabou por haver alguma justiça poética no facto de Pablo Aimar, artista e maestro, ter podido faturar, numa rápida resposta ao golo da efémera vantagem do Manchester.

Especulações à parte, foi bonito ver os apoiantes lusitanos a conseguir calar Old Trafford. Agora, o Benfica depende apenas de si próprio – e de uma vitória face aos romenos – para chegar ao primeiro lugar no grupo, algo com que os mais otimistas dificilmente sonhariam. Vantagens? “Só” estas: jogar em casa a segunda mão dos oitavos-de-final da Champions e evitar, para já, confrontos com Real Madrid, Bayern Munique, Inter Milão e, provavelmente, Barcelona, Chelsea e Arsenal. Compensa…

Segue-se um dérbi lisboeta, invulgar pela proximidade pontual das equipas (diferença mínima) e pelo ânimo empolgado com que vão entrar em campo. Daqui até lá, que haja cuidados nas declarações e respeitinho entre as claques. Os craques hão-de fazer o resto.

NOTA – Mais logo, na Ucrânia, o FC Porto tem a primeira de várias finais – e não só para a Liga dos Campeões. Confesso: como adepto de futebol, é-me indiferente o destino de Vítor Pereira, que pode estar à beira da sentença. Mas deixo claro: como adepto de futebol, é fundamental ver renascer o campeão nacional. A caminho da ressurreição, que faz falta a todos.

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