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26 novembro 2011

No derby do optimismo, Benfica tem mais razões para confiar

Crónicas de Bruno Prata, in Público

Não é comum ver, em simultâneo, os adeptos do Benfica e do Sporting tão optimistas antes de um derby lisboeta – nas últimas décadas, tem até sido uma situação raríssima, por força das crises que alternadamente têm afectado um e outro clube. As recentes dores de um FC Porto que não tem sabido lidar com o sucesso também terão ajudado à euforia dos principais rivais.

Separados por apenas um ponto na classificação e praticamente igualados nos restantes indicadores estatísticos, Benfica e Sporting apresentam, no entanto, uma diferença substancial: o projecto de Jorge Jesus já está estabilizado, enquanto que ao de Domingos Paciência ainda falta tempo de maturação. E isso pode fazer diferença num confronto que, ainda por cima, se realiza no campo do mais forte.

Frente a frente vão estar a equipa que melhores resultados tem registado no seu estádio e a que melhor se tem saído nos campos alheios: o Benfica venceu os cinco jogos que realizou na Luz, enquanto o Sporting somou quatro vitórias e um empate na qualidade de forasteiro. De resto, as duas sofreram o mesmo número de golos (10), enquanto o Sporting leva mais um marcado (24 contra 23). Na Luz, o Benfica marcou 15 e sofreu cinco. Fora de portas, o Sporting marcou nove e sofreu quatro.

O empate conquistado em Manchester e o consequente apuramento para os oitavos-de-final da Champions terão ajudado a aumentar os já de si altos níveis de confiança de um Benfica que já igualou o recorde registado por Eriksson em 1982, quando o técnico sueco esteve 21 jogos sem perder. Curiosamente, na altura, o registo acabou por ser interrompido pelo Sporting... Outro dado a reter: desde que treina o Benfica, Jorge Jesus só sofreu uma derrota frente ao Sporting, tendo somado seis vitórias e um empate.

O Benfica continua a ser uma equipa com uma enorme riqueza ofensiva, mas o seu futebol já não é feito de supetões. Mostra-se mais temperado, homogéneo e pragmático, aceitando, por vezes, que o adversário domine (em Manchester, teve apenas 37 por cento de posse de bola), mas sem nunca se descompor de forma perigosa. Para isso foi essencial a chegada do belga Witsel, um box to box que é talvez um dos reforços mais interessantes que, nos últimos anos, chegou ao futebol português. Custou 7,5 milhões de euros e a sua presença permite a passagem do 4x1x3x2 para um desenho com um duplo pivot defensivo e com Aimar a assumir o papel de segundo avançado. Como se tem provado na Liga dos Campeões, esta solução tornou o Benfica num melhor produto de exportação.

Acresce que o Benfica parece uma equipa mais preparada do ponto de vista psicológico, como se comprova pelo facto de ter recuperado das situações de desvantagem com que teve de lidar no Dragão (duas vezes), em Braga e em Manchester. Isso contribuiu para que seja uma das duas únicas (a outra é o Barcelona) que ainda não conheceu o sabor da derrota esta época, entre as que participam nas provas europeias.

Essencial para boa parte dos resultados positivos tem sido Artur. Depois dos traumas que resultaram da contratação do espanhol Roberto, o Benfica voltou a ter um guarda-redes decisivo como talvez não tinha desde os tempos de Preud’ homme. Contratado a custo zero, contribuiu com defesas extraordinárias para os 15,1 milhões de euros que o Benfica já garantiu na Champions.

O acerto da generalidade das contratações (isto se olharmos apenas para os que acabaram por ficar no plantel) aumentou de forma substancial as alternativas ao dispor de Jorge Jesus, que assim pode efectuar a rotação de jogadores que não foi capaz de fazer na época passada, com os custos que são conhecidos. Isso poderá ser útil depois de um jogo desgastante como foi o de terça-feira em Inglaterra, apesar de só estar decorrido um terço da época e de haver tempo suficiente de recuperação. Javier García, Bruno César, Gaitán, Aimar e Rodrigo seriam os principais candidatos à substituição, mas não é crível que Jorge Jesus invista numa remodelação desta monta.

De qualquer forma, é muito provável que Cardozo regresse à equipa, ele que já não actua desde 15 de Novembro, quando defrontou o Chile ao serviço do Paraguai. Outro jogador que poderá reentrar na equipa é Nolito, que não foi utilizado em Manchester, o que acontece pela primeira vez esta época. Rúben Amorim também poderá ter mais uma oportunidade. Em princípio recuperado da entorse no joelho, Saviola deverá ser convocado, mas não é certo que seja titular.

A grande dor de cabeça do técnico benfiquista irá ser a ausência provável de Luisão. A confirmar-se, provavelmente tornará o derby mais equilibrado. Porque o brasileiro e Garay formam a melhor dupla de centrais do futebol português. Tudo indica que o substituto será Miguel Vítor, que entrou em Manchester e tem levado vantagem sobre Jardel nos últimos tempos. Mas nenhuma das alternativas garante a habitual fiabilidade.

O Sporting também terá dificuldade em disfarçar as suas fragilidades defensivas. Rodríguez já falhou 50% dos jogos e continua a debater-se com problemas físicos e faz falta, mesmo que Polga e Onyewu tenham subido de produção e passado a beneficiar do maior equilíbrio que a equipa foi ganhando. Continua a faltar um central de classe extra e isso pode tornar-se mais dramático em resultado da lesão que vai afastar Rinaudo durante vários meses.

O argentino garantia um suplemento de agressividade à frente da defesa e não há mais ninguém com as suas características no plantel. André Santos seria a alternativa mais óbvia, mas não esteve bem frente ao Braga. Talvez por isso, Domingos Paciência aproveitou para ensaiar a colocação de Carriço na posição “6”. A alternativa poderá ser a inversão do triângulo a meio-campo, com Schaars a surgir na mesma linha de Elias, ficando Matías Fernández numa posição mais central e adiantada.

O Sporting teria claramente mais armas se pudesse contar não só com Rinaudo, mas também com Jeffrén e Izmailov, estes dois últimos talvez os jogadores com mais classe pura do plantel. Mesmo assim, a equipa de Alvalade continua a ter algumas armas interessantes, a começar por Capel, que atravessa um momento de grande empolgamento. Ainda não aprendeu a levantar a cabeça, mas funciona como um furacão capaz de galgar metros sobre metros e de confundir qualquer defesa. A mudança fez-lhe bem. Em Sevilha, tinha marcado 16 golos durante sete épocas. No Sporting, já vai com quatro tentos em apenas 17 jogos. O Sporting também melhorou de fecundidade goleadora à custa de Van Wolfswinkel (11 golos em jogos oficiais), um belíssimo projecto de ponta-de-lança que está a crescer em Alvalade.

Outro jogador determinante no Sporting têm sido Rui Patrício. Titular há quatro anos, está a preencher o vazio na baliza que já durava desde os tempos de Schmeichel, porque Ricardo nunca foi consensual. João Pereira é essencial na verticalidade que dá ao corredor direito, sendo o segundo jogador mais utilizado, apenas atrás de Schaars, cujo futebol geométrico e cerebral contribuiu para o equilíbrio que hoje se nota entre os três sectores. Mas, no miolo, quem mais faz a diferença é Elias, não sendo por acaso o jogador mais caro na história do clube.

Na Luz, frente a um Benfica supermotivado, é natural que Domingos baixe um pouco a linha da defesa, procure jogar com os sectores muito próximos uns dos outros e invista ainda mais do que é hábito nas transições ofensivas rápidas. Tem jogadores com características para isso e não é de descurar a hipótese de Carrillo ser lançado para explorar as debilidades de Emerson, de início ou então mais tarde.

Os reforços estão integrados, as hierarquias da equipa estão agora bem definidas e o Sporting tem hoje uma alma que contagia e um vigor juvenil que lhe tem permitido marcar golos nos primeiros minutos.

Será o 14.º confronto entre Domingos Paciência e Jorge Jesus. O saldo está equilibrado: cinco vitórias para o técnico benfiquista, quatro para o sportinguista e quatro empates.

A FAVOR
BENFICA
Maturidade
Versatilidade táctica
“Banco”

SPORTING
Estabilidade psicológica
Qualidade dos reforços
Alma contagiante

CONTRA
BENFICA
Lesão de Luisão
Desgaste físico

SPORTING
Lesão de Rinaudo
Fragilidades defensivas
Ambiente

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