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10 outubro 2011

Castelo Perverso


Falasse-se tanto de Camilo Castelo Branco quanto de José Castelo Branco e o país era mais culto. Falasse-se tanto da cidade de Castelo Branco quanto de José Castelo Branco e a capital albicastrense deixava conhecer todos os seus méritos, se calhar enfileirava nas urbes nacionais com maior desenvolvimento. Falasse-se do Benfica de Castelo Branco quanto de José Castelo Branco e o clube adquiria outro mediatismo e talvez entrasse no trilho do futebol maior cá do burgo.

Portugal fala de José Castelo Branco mais do que de Isaltino de Morais, mais do que das finanças da Madeira de Jardim, mais do que da austeridade castigadora que nos oprime. Portugal distrai-se com José Castelo Branco, essa espécie de pausa fútil e pateta, porque a depressão que a quase todos atinge precisa de assuntos menores, daqueles que provocam risadas momentâneas e comentários pacóvios.

José Castelo Branco e a rábula das orgias sexuais constituem expressões acabrunhantes de um Portugal acabrunhado. Expressões amargas de um Portugal amargo. Expressões tristes de um Portugal triste.

José Castelo Branco e a rábula das orgias sexuais até fizeram esquecer que Portugal, nessa coisa da bola, ascendeu ao quinto lugar no ranking da FIFA e ao oitavo posto das melhores Ligas nacionais. José Castelo Branco tem tanta culpa quanta culpa tem o futebol. Culpa tem o país acabrunhado, amargo, triste. Culpa têm os responsáveis pela invenção de uma criatura excêntrica que entretém o povo e o menos povo. E, no Portugal menos Portugal, custa reconhecer que temos futebol mais futebol?

1 comentários:

Grande Jornalista JOÃO MALHEIRO, subscrevo inteiramente este seu artigo.
Saudações BENFIQUISTAS.

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