Se todos pararmos um minutinho que seja, julgo que ficaremos fortemente habilitados a responder à pergunta: a quem interessa a guerra de palavras entre as direcções do Vitória de Guimarães e do Sporting de Braga? A ninguém, claro. Parece óbvio que, tudo somados, mesmo com eventuais deslizes pontuais de João Ferreira, os vitorianos têm mais razões de queixa da arbitragem do que os arsenalistas. E esse desequilíbrio passa sobretudo pelo golo validado quando é visível nas imagens que Alan se coloca – e está parado – em posição de off-side quando o livre é batido. Depois, sempre com o mesmo protagonista, eventualmente nervoso por causa do regresso a uma casa que já foi sua, a expulsão não oferece dúvidas: é agressão, pura e simples, intencional, transparente. Daqui para a frente é tudo excesso.
Antes de mais nada e acima de tudo da parte de António Salvador, um presidente que não se estreia em manifestações de mau perder. A exigência de explicações por parte de Vítor Pereira é tão ridícula como aquela que foi protagonizada, no mesmo estádio, por André Villas-Boas. Com uma diferença: o técnico portista assumiu um raríssimo “meã culpa” enquanto o presidente bracarense decidiu partir para um bate-boca desnecessário e incendiário com o seu homólogo de Guimarães. Atarefam-se a descobrir lances duvidosos para dessas dúvidas partirem rumo às certezas. Insisto: ninguém fica a ganhar com uma “guerra civil” minhota. O Vitória sabe que, subindo ao pódio, passa a ser um alvo a abater por todos, dos poderosos aos que lutam pela sobrevivência. Já o Braga faria melhor em preocupar-se com a continuidade europeia e com um qualquer arrepio de caminho a nível interno. Seria impensável imaginar o vice-campeão da época passada afundado na segunda metade da tabela – é décimo à 11.ª jornada – e atrás de clubes de orçamento bem mais modesto (Nacional, Beira-Mar, Olhanense, União de Leiria e Académica). O que parece ser suficiente para Domingos perder não só a paciência como a atitude de cavalheiro, que lhe assenta muito melhor.
Jorge Jesus parece hoje um homem mais nervoso, mesmo quando ganha. Esperava-se do treinador uma palavra especial para o seu capitão, não só por marcar um golo ao fim de três minutos como pelo significado especial – a dedicatória ao pai – que todos presenciaram. Aquele “eu é que sei”, digno de um acossado, caiu tão mal como a entrada em campo de César Peixoto – ambos eram escusados.
Já agora, fica uma dúvida: em tempo de amigável e com Liedson de baixa, não teria sido este o momento de uma convocatória de João Tomás? Marcou 7 dos 11 golos do Rio Ave, é o melhor português entre os goleadores, continua a mostrar “fome de bola”. Não poderia ter sido premiado?
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