Neste blog utilizo textos e imagens retiradas de diversos sites na web. Se os seus autores tiverem alguma objecção, por favor contactem-me, e retirarei o(s) texto(s) e a(s) imagem(ns) em questão.

01 outubro 2010

Os problemas do Benfica e o toque de Midas de Jesus

As grandes equipas vencem até quando jogam pior, mas este Benfica tem perdido mesmo alguns dos jogos em que foi melhor durante mais tempo, como voltou a acontecer em Gelsenkirchen. Decorrida que está 20 por cento da época, a amostra já é de molde a permitir conclusões mais fiáveis e certeiras. E as principais são: o Benfica gastou 31,4 milhões em ordens de compra, mas foi menos certeiro do que desejava em boa parte das contratações; Jorge Jesus não tem conseguido manter o toque de Midas que, na época passada, lhe granjeou elogios de todos os quadrantes (até de Pinto da Costa); alguns dos craques com mais responsabilidades e estatuto no plantel têm estado muito abaixo do que seria expectável.

Este conjunto de circunstâncias reflectiu-se no rendimento colectivo e o Benfica perdeu cinco dos nove jogos oficiais que leva disputados, uma exorbitância, principalmente se levarmos em conta que foi batido somente por seis vezes em toda a época passada.

Na temporada anterior, o Benfica fazia tudo aquilo que distingue as grandes equipas. Tinha uma boa organização colectiva, era fortíssimo nos lances de bola parada, sabia reduzir os espaços entre linhas e funcionar em organização, mas principalmente em transições rápidas, tanto defensivas como ofensivas.

Hoje, o seu jogo parece algo entorpecido, funcionando muitas das vezes como um disco riscado e incapaz de fazer as demonstrações de ferocidade e eficácia que tanto entusiasmaram os adeptos na última época. Falta-lhe arquitectura e intensidade no meio-campo, demasiado rotineiro. Em suma, não tem estética nem épica.

Claro que, mais importante do que as perdas na elegância plástica são as inúmeras falhas de concentração de vários jogadores, a começar por aqueles que, no passado recente, transpiravam segurança e fiabilidade. Maxi Pereira e, principalmente, David Luiz estão à cabeça deste lote, principalmente o brasileiro, que parece inebriado pelos elogios e pelas recentes chamadas à selecção.

Também no capítulo físico há diferenças consideráveis, não colhendo já a tese de que alguns jogadores continuam a acusar o desgaste do Mundial em África. Claro que a cabeça é que comanda o corpo e não é de excluir a hipótese de a falta de confiança estar a reflectir-se no resto. E já nem o guarda-redes serve de desculpa, porque Roberto parece estar a ultrapassar o período crítico de falta de confiança e começa a afirmar-se como um verdadeiro reforço.

A verdade é que o Benfica perdeu boa parte do seu poder de intimidação. Falta-lhe a visão panorâmica de Aimar, novamente perseguido por lesões. O principal prejudicado com isso tem sido Saviola, que deixou de ter a sua alma gémea em campo. Carlos Martins até tem cumprido quase sempre com acerto quando joga no meio, mas é um jogador diferente, menos dado ao futebol de filigrana da dupla argentina. Obviamente, falta também o equilíbrio que era dado por Ramires e a capacidade de acelerar o jogo de Di María. Mas, chegados a Outubro, não faz sentido continuar a discutir as deserções, até porque elas eram inevitáveis e houve mais do que tempo de as colmatar de forma bem mais eficaz.

Nicólas Gaitán ainda não justificou os 8,4 milhões de euros e dificilmente o conseguirá enquanto houver a tentação de o comparar com Di María. Tem uma qualidade técnica inquestionável, centra bem e pode jogar na direita (ou na esquerda, ou até no meio). Mas já se sabia que o seu futebol é mais feito de diagonais curtas para o interior do que de cavalgadas pela linha. Com ele em campo, o Benfica é menos explosivo e tem menos profundidade do que tinha, obviamente, com Di María, até porque o problema não pode ser compensado na outra banda, pelo menos enquanto Salvio não começar a jogar o que não conseguiu mostrar nos breves meses em que esteve no Atlético de Madrid.

Jorge Jesus tem, nos últimos tempos, procurado ultrapassar esta questão com o adiantamento de Fábio Coentrão. Sendo verdade que o Benfica ganha profundidade, fica a perder em duas vertentes. Coentrão é hoje um dos melhores laterais-esquerdos da Europa (como o próprio Jesus não se cansou de dizer na altura certa) e o seu futebol ofensivo ganha ainda maior dimensão quando parte de terrenos mais recuados. Tão ou mais grave, a sua utilização como médio-interior obriga à entrada na equipa de César Peixoto, que não domina as artes da posição nem cumpre os mínimos desejáveis para integrar uma equipa de ponta.

É sabido que para a entrada tremida do Benfica na época muito contribuiu a forma esmagadora como foi derrotado na Supertaça pelo FC Porto. Um desaire que abalou a confiança e os alicerces de uma equipa em reconstrução, não sendo por acaso que o campeão nacional seja hoje derrotado várias vezes nos detalhes, quando era precisamente nos pormenores que antes fazia muitas vezes a diferença.

É também verdade que, nos últimos jogos, tinham-se registado sinais claros de retoma, que se esfumaram bastante frente ao Schalke 04. Sendo certo que nada está ainda irremediavelmente perdido para o Benfica, tanto na Champions como internamente, não deixa de ser verdade que não há grandes equipas sem maturidade e sem a capacidade de se manterem firmes em todos os jogos adversos. É esse o desafio de Jorge Jesus.

0 comentários:

Enviar um comentário

Qual a tua opinião?
Usa e abusa deste formulário para tecer as tuas ideias em defesa do GLORIOSO SLB!!