Carlos Martins deu o encore a um concerto que parecia acabado. E empatado. O Braga ficou para trás e o segundo lugar já é do campeão. Benfica 1 - Braga 0
A segunda parte do Benfica-Braga tinha uns dez minutos de jogo quando Aimar centrou todos os holofotes. O argentino estava sozinho na área, ou no palco, à frente da baliza. Suspense. A equipa, ou a banda, entregou-lhe uma bola perfeita, de bandeja, para o líder fechar a música, ou fazer o golo, mas o pontapé saiu por cima. Ali se perdia a maior oportunidade para o Benfica, ali começavam os nervos e o receio de mais dois pontos desperdiçados depois dos nove já atirados à rua. Em noite de “concerto do ano”, U2 em Coimbra, também na Luz haveria um “Moment of Surrender”, um tema final a despedir os espectadores para casa? A equipa despedia-se ali da perseguição ao FC Porto? Não, apareceu Carlos Martins no primeiro encore. “One.”
Afinal, às vezes há mais uma canção. Os encarnados foram buscá-la numa fase complicada do jogo, se calhar quando muitos já acreditavam no empate. Afinal, do outro lado estava o Braga, o “vice-campeão”, a defender como ainda não tem conseguido este ano (22 golos sofridos), a ensaiar uns contra-ataques sempre que a voz de Salino permitia. De resto, de encarnado ouvia-se principalmente Aimar, desta vez nem sequer um solo de Fábio Coentrão (versão lateral esquerdo), daqueles que de vez em quando salvam a menor inspiração dos outros. Jorge Jesus lançou Gaitán a cantarolar pelo flanco esquerdo, Kardec aos soluços no ataque (Cardozo lesionado) mas foi Martins “One” a salvá-lo, com aquele pontapé canhoto (!) aos 73 minutos. É assim: há artistas únicos, capazes de resolver problemas “in mysterious ways”. E assim o Benfica ultrapassa o Braga na classificação e chega ao segundo lugar da Liga, a olhar para o topo da tabela, às vezes a sofrer, outras a dominar, mas sabendo que será preciso jogar mais do que isto para sonhar com a vitória no campeonato. “Get on your boots”, porque o FC Porto poderá ter uma vantagem demasiado grande.
Expliquemos: Alan vs. Maxi Pereira, Lima vs. David Luiz... houve duelos bem definidos – e ontem muitas vezes perdidos – que espelharam as dificuldades benfiquistas. Maxi atacou, mas sofreu muito mais com as cavalgadas de Alan. E David Luiz parecia por vezes um defesa banal perante o incómodo de Lima. O Braga está bem mais frágil do que no ano passado e essa evidência ajuda a analisar o momento do Benfica – neste concerto também não lhe é muito superior. Nem que no final tenha havido uma última grande oportunidade de Coentrão. Pois. Em Coimbra também houve dois encores...
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