Por Filipe Duarte Santos in ionline
O ano passado por esta altura Jorge Jesus inventou o futebol de Fábio Coentrão. Agora, enquanto não vêm reforços, precisa de repetir o feito
Um dia, Jesus falava à multidão presa nos seus ensinamentos, as horas passavam e a fome chegou. Os discípulos ficaram preocupados, tinham apenas cinco pães e dois peixes para aquela gente toda. Jesus pediu às pessoas para se sentarem, pegou no pão e nos peixes, partiu-os e deu-os. Alimentou cinco mil pessoas e no final ainda se encheram 12 cestos com as sobras. Milagre. Um dia, Jorge Jesus tentou saciar a multidão com uma vitória na Taça Eusébio. Era o último jogo de pré-época mas o que houve foi apenas uma derrota perante 30 mil pessoas. Faltaram os jogadores (Di María e Ramires) capazes de alimentar o ataque, apenas um Fábio Coentrão foi capaz de dar umas dentadas no jogo. Agora Jesus vai tentar o milagre da multiplicação dos Coentrões. Será fácil?
Se fosse como na época passada não havia qualquer problema. Há um ano, Jesus gerou em Coentrão um lateral-esquerdo de vocação ofensiva, capaz de complementar os ataques de Di María. Agora precisa de uma invenção desse género para substituir o próprio Di María e outra para resolver ainda a ausência de Ramires. E como no mercado de transferências os milagres não existem ou são pagos a peso de outro, por enquanto a solução terá de ser interna. Vem aí o jogo com o FC Porto (Supertaça, sábado) e a questão que se põe é saber como vai o Benfica libertar-se daquele jogo amarrado, central, que estagnou a equipa na terça-feira, contra o Tottenham. A solução mais evidente passa pelo próprio Fábio Coentrão, pelo seu adiantamento no terreno, para o meio-campo, pedindo ao miúdo com cabelo à Rod Stewart para levar à área as bolas que lá não chegam.
Jara, o reforço argentino que custou 5,5 milhões de euros, é mais um avançado do que um extremo. Jorge Jesus tem feito dele um titular mas essa opção obriga a equipa a jogar num 4x3x3 (e a abandonar o 4x4x2) demasiado central, porque os três homens da frente (Jara, Saviola e Cardozo) não têm características de extremos; depois, nas costas, Carlos Martins e Aimar também não conseguem esticar o jogo como faziam Di María ou Ramires. E agora? Nicolás Gaitán, o craque argentino que veio do Boca Juniors, está lesionado e fora dos ritmos de jogo, Felipe Menezes não se nota, Ruben Amorim é mais fundista do que sprinter, César Peixoto é provavelmente o atleta mais lento do plantel. Peixoto pode ser solução mas apenas para jogar como lateral-esquerdo, libertando Fábio Coentrão num papel mais adiantado, solução transitória pelo menos até ao final de Agosto, quando fechar o período de transferências.
A SALVAÇÃO Até lá, a salvação do jogo encarnado pode estar simplesmente no mercado. Com as vendas de Di María e Ramires, o presidente Luís Filipe Vieira pôs em si próprio a responsabilidade de resolver o problema com a contratação de reforços. Nesta fase será difícil Jorge Jesus facilitar-lhe a vida, como no ano passado, quando o plano passava pela aquisição de um lateral-esquerdo (para o lugar do logo dispensado Shaffer) e o treinador pegou em Fábio Coentrão para jogar e poupar dinheiro.
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