Por Jorge Barbosa in Record
O Benfica defronta amanhã o FC Porto na final da Supertaça, numa altura em que a sua equipa se encontra bem melhor, como quase todos reconhecem. Neste tipo de jogos que valem o primeiro troféu da época, há um fator a levar em linha de conta: a capacidade que os atletas têm de se superar e vencer as adversidades nos momentos mais difíceis. E como bem se sabe, os do FC Porto são mestres nesse capítulo. O que remete a equipa da Luz para um estado de alerta máximo. Depois, um clássico é um clássico: um dos tais jogos que não respeita prognósticos, e ainda bem para as expectativas do jogo e para as emoções dos adeptos.
Compreensivelmente, o campeão português encontra-se num nível superior por ter mexido muito pouco na estrutura do seu plantel, retocando-o apenas com pinças, o que não deixa de ser uma boa notícia para os seus adeptos, atendendo à boa folha de serviços da última época. O Benfica soube controlar com mão segura a saída de jogadores influentes e também soube contratar com conta, peso e medida, exceção feita à baliza – o que está aqui em causa não é o valor de Roberto, ainda por avaliar com rigor, mas sim o preço pago por ele. Depois, segurou Jorge Jesus, desta vez com um ordenado compatível com o seu valor, mantendo desta forma a aposta na coragem. Assim sendo, a pré-época correu-lhes sobre carris, apesar de no único teste a sério (Tottenham) ter falhado.
Em sentido contrário foi a rota do FC Porto, com as inevitáveis consequências: trocou Jesualdo Ferreira por André Villas-Boas. Isto contribuiu para novos métodos de trabalho, ideias diferentes, princípios de jogo alterados; há também encaixes mútuos que têm de ser feitos e que obviamente demoram o seu tempo; depois, chegaram 9 jogadores – alguns de valor insuspeito mas que têm de passar pelas várias etapas de integração numa nova realidade – para substituir erros de um passado recente, como foram os casos de Valeri, Prediger e Sá. Junte-se ainda a saída de Bruno Alves – o líder espiritual do balneário para lá de um excelente jogador numa zona fundamental do terreno. Tudo razões suficientes para que os seus adeptos encarem o início de época com justificadas reservas.
O que é inquestionável é o facto de o FC Porto ter, nesta época, mais e melhores soluções do meio-campo para a frente, o que contribuirá com certeza para um tipo de jogo mais espectacular, aproximando-se neste ponto do que realmente é já o futebol do Benfica. A propósito do dedo apontado à defesa azul – tem comprometido nos lances de bola parada –, essa situação não resulta só da falta do seu ex-capitão, bastando lembrar que em 26 golos sofridos na última época e só para a Liga, 7 deles resultaram desse tipo de lances e com Alves e Rolando em campo. Neste capítulo é também sintomático o contraponto entre os dois adversários de amanhã: o Benfica já trabalha muito bem os lances de bola parada, tanto os defensivos como os ofensivos, o que não se verifica no FC Porto, e percebe-se porquê. Para lá de AVB ainda não ter apostado na defesa que lhe dá mais garantias – Helton, Fucile, Maicon, Rolando e Pereira.
Na primeira final de uma nova época, num jogo entre dois dos três ou quatro candidatos a ganhar alguma coisa, e com o Benfica a ocupar o lugar da frente por razões que quase todos compreendemos e aceitamos, há duas perguntas finais: terá o FC Porto capacidade para fazer frente ao Benfica? Estará o Benfica assim tão bem como parece estar? Amanhã haverá alguns sinais, depois o decurso do campeonato esclarecerá de vez.
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