Por Luís Freitas Lobo in A Bola
POR cada jogo, um treinador joga sempre… três jogos diferentes. O imaginado, aquele que pensa e projecta antes de acontecer. O real, aquele que decorre durante os 90 minutos. E o posterior, aquele que se analisa após o final. Destes três, qual o mais importante (onde tem papel mais decisivo) para ele? Sem dúvida, o primeiro. Porque, o real, já pertence aos jogadores. E mesmo as alterações (as melhores e mais eficazes) que possa fazer no seu decorrer, resultam sobretudo do imaginado antes. No terceiro, já não há nada a fazer. Por isso, a importância do primeiro jogo. Qual a melhor forma então para começar a pensá-lo? Eis a questão.
Ter a bola para controlar o jogo. É o maior desejo de uma equipa durante um jogo. Nem todas, porém, podem sonhar acordadas com isso. Por várias razões. A diferença de valores, as circunstâncias do jogo, etc. O treinador atento não pode fugir a essa percepção antes do jogo. É o seu espaço para a estratégia. Tentar controlar (e ganhar) o jogo a partir de outra lógica que não a das percentagens (mais posse, ataques, remates). Porque o futebol é mais complexo. E não obedece à matemática simples.
O Braga, de Domingos, construiu muita da sua época percebendo esta lógica. E, claro, no jogo do título procurou esses espaços favoráveis para (tendo ou não tendo a bola) controlar o jogo na maior parte do tempo. O Benfica, de Jesus, é, claramente, a equipa com maior facilidade em sair de situação de pressão para uma situação confortável de posse de bola. Rapidamente reorganiza as posições em campo. Tem, no entanto, também a capacidade para entender e controlar outros tipos de jogo.
Contra o Braga, soube perceber que dificilmente teria um jogo dominado pelas transições, mas sim pelos conceitos de organização. Por isso, a maior importância dada ao conceito de posse (aproveitando os momentos com bola e protegendo-se dos momentos sem ela). Foi, defensivamente, o Benfica tacticamente mais posicional da época. O mais atento sem bola. O Braga sabe recuperar a bola, mas perdeu velocidade de transição ofensiva em relação ao seu melhor período da época (porque perdeu João Pereira e Vandinho). O Benfica define calmamente as suas áreas preferenciais de recuperação, porque nunca perde a organização. Todos estes factores marcaram o duelo entre as duas melhores equipas (com estilos tácticos e pontos de partida muito diferentes) deste campeonato. Gerindo situações de pressão e posse, o Benfica atacou menos mas controlou melhor o jogo.
Voltando ao início do texto, o ideal para um treinador é ver no campo, durante os 90 minutos, o seu jogo imaginado. Domingos e Jesus, cada qual no seu casulo táctico, estiveram próximos disso. Imaginaram jogos sobretudo tendo como ponto de partida a colocação de fronteiras aos jogadores. Nesses casos, que originam jogos onde o tempo para jogar em momentos de desequilíbrio adversário é ainda mais escasso, a importância da precisão é ainda maior. E nessa equação, 15 segundos podem mesmo valer por 90 minutos.
O que é o efeito Hulk?
HULK voltou aos relvados nacionais e, em Belém, fez a diferença. Um golão e duas assistências. A questão é inevitável: com Hulk toda a época, o FC Porto estaria hoje numa posição diferente no campeonato? Provar a resposta é impossível mas, tacticamente, não acredito que estivesse melhor nos jogos. Acredito, porém, que faria melhores jogadas. É diferente. Se teria mais pontos? Muito provavelmente sim. Se jogaria melhor? Penso que não. Ou seja, Hulk é o tipo de jogador, um avançado com rosto de extremo, com umas condições técnicas/físicas invulgares que, num rasgo, pode mudar um jogo. A tal grande jogada. Outra coisa, é o conceito colectivo, o padrão de jogo, seus motores e gestores de ritmos e equilíbrios. Nos problemas que Jesualdo sentiu esta época para impor as suas ideias, não seria um elemento como Hulk a garanti-los. Seria, no entanto, um disfarce perfeito para eles. E, com mais uns pontos, menorizaria a pressão da construção (treino) do dia-a-dia. Essa é, porém, outra questão. O efeito Hulk como máscara de problemas colectivos.
O que é o efeito Hulk?
HULK voltou aos relvados nacionais e, em Belém, fez a diferença. Um golão e duas assistências. A questão é inevitável: com Hulk toda a época, o FC Porto estaria hoje numa posição diferente no campeonato? Provar a resposta é impossível mas, tacticamente, não acredito que estivesse melhor nos jogos. Acredito, porém, que faria melhores jogadas. É diferente. Se teria mais pontos? Muito provavelmente sim. Se jogaria melhor? Penso que não. Ou seja, Hulk é o tipo de jogador, um avançado com rosto de extremo, com umas condições técnicas/físicas invulgares que, num rasgo, pode mudar um jogo. A tal grande jogada. Outra coisa, é o conceito colectivo, o padrão de jogo, seus motores e gestores de ritmos e equilíbrios. Nos problemas que Jesualdo sentiu esta época para impor as suas ideias, não seria um elemento como Hulk a garanti-los. Seria, no entanto, um disfarce perfeito para eles. E, com mais uns pontos, menorizaria a pressão da construção (treino) do dia-a-dia. Essa é, porém, outra questão. O efeito Hulk como máscara de problemas colectivos.
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