Desnorte

Por João Malheiro in Destak

Há dias, esperava-se por Jesualdo Ferreira na sala de imprensa do Dragão. O treinador do FC Porto até apareceu, mas posicionou-se de lado, com os braços cruzados ao destino.

No palco, todos os jogadores do plantel, exibindo semblantes carregados de responsabilidade sentida mas também encomendada. O guarda-redes Nuno fez as despesas. A escolha recaiu no terceiro do posto e ainda terceiro na hierarquia.

Até se saiu bem, com um discurso apaixonado e potenciador das energias azuis. Bruno Alves, capitão da equipa e referência primacial, é que foi postergado de uma função que só poderia ser sua.

De imediato, comentadores do fenómeno limitaram-se a julgar a prosápia, tida por uma afirmação colectiva de vigor, esquecendo-se, voluntária ou involuntariamente, de avaliarem a secundarização de Bruno Alves. Jesualdo, decerto ultrapassado pelos comandos superiores do clube, manteve-se resignado e, horas depois, limitou-se a um optimista “deixem-nos jogar”… O FC Porto jogou e perdeu em toda a linha. Perdeu o Campeonato, perdeu a Liga dos Campeões, perdeu até o norte.

Nas páginas do jornal desportivo mais apreciado pelos adeptos azuis e brancos não tardou que se falasse do fim de um ciclo. Jesualdo Ferreira em causa? Mais Bruno Alves e até Raúl Meireles, ainda há pouco considerados os lídimos porta-estandarte do clube. Regressada de Londres, a comitiva portista teve alguns sobressaltos no aeroporto, que uma derrota por 5-0, num jorro brutal de erros defensivos, é coisa que só o pior dos pesadelos poderia encomendar.

Em Pedras Rubras, aconteceu nova surpresa. O líder do clube não assomou com a restante comitiva. Era um sinal que se lhe esperava? Com a barca azul à deriva, perante os olhares e os ditos furiosos dos adeptos, por onde andava o principal responsável? Uma revista de cariz cor-de-rosa, dois dias depois, desfez a dúvida, exibindo fotografias. O presidente do FC Porto saiu do aeroporto ao retardador e trocou por outra a companhia da bola.

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