Por João Malheiro in Destak
No último meio século, em Portugal, houve mais bola do que a bola do Benfica, do FC Porto e do Sporting? Se houve, foi pouca bola. Poucos ousaram levantar a bola ao crónico domínio dos três grandes emblemas do palco doméstico.
A Académica de Mário Wilson chegou a dar bola pela barba nos anos 60. O Vitória de Setúbal de Fernando Vaz e de José Maria Pedroto, na década seguinte, também pôs a bola com aprumo janota.
Ainda em 70, de novo Pedroto, ao leme do Boavista, quase levava a bola ao seu moinho. Mais tarde, o Vitória de Guimarães de Marinho Peres, sem dizer bola vai, machucou o império dos grandes. E o Boavista de Jaime Pacheco no começo do novo século? Foi de bola acima até ao título nacional.
Nesta altura, é o Sporting de Braga de Domingos Paciência que ameaça o establishment da bola nacional. Num trabalho continuado, com as assinaturas técnicas também de Jesualdo Ferreira e de Jorge Jesus, o clube minhoto faz casar a bola com um sorriso feliz. Chega? Pelo menos, obriga a secular e ortodoxa hierarquia do futebol a tentar defender com redobrado arreganho os seus palácios de bola ganhadora.
O Sporting de Braga poderá prosseguir de bola alta? Era desejável que continuasse a dar bola à ambição. E será que existem outros emblemas capazes de soltarem a bola com o mesmo destempero bracarense? Estando o Boavista moribundo, para além do Vitória de Guimarães, por razões objectivas e ainda subjectivas, não se vislumbram mais clubes capazes de encherem a bola de forma a beliscar a velha ordem do futebol português.
Ainda assim, o actual Sporting de Braga apela, num sensacional trajecto, num significativo registo, a uma bola mais emancipada, a uma bola muito mais democrática.
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