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01 janeiro 2010

A vitória moral dos trauliteiros



Por Leonor Pinhão in A Bola

NO auge da crise dos túneis, Ricardo Sá Pinto, o novo director desportivo do Sporting e antigo protagonista de um episódio vibrante no túnel do Bessa, veio a público sugerir a maneira mais eficaz de erradicar o problema. Para Sá Pinto tudo se resolveria se as equipas deixassem de entrar e sair juntas pelo mesmo túnel. «Saía uma equipa de cada vez», é esta a ideia peregrina do ex-jogador que nunca precisou da escuridão e do abrigo dos túneis para fazer valer energicamente as suas razões.
Sá Pinto, no entanto, tem razão. Se as equipas entrarem e saírem de campo à vez deixa de haver confrontos escondidos do grande público. Mas esta é uma solução que admite não só a anormalidade das ocorrências como a impotência dos nossos legisladores e disciplinadores para actuarem sobre os delitos em tempo útil, efectivo e decente.

O futebol português andaria vinte anos para trás se os jogadores, profissionais do mesmo ofício, fossem impedidos de se cruzar a caminho do local de trabalho. Seria a vitória moral dos trauliteiros sobre a incompetência da organização e a inexistência das boas maneiras de um modo geral. E seria, também, um grande facilitar da vida da Comissão Disciplinar da Liga e do Conselho de Justiça da FPF.

Os incidentes do túnel da Luz, a 20 de Dezembro, motivaram a suspensão de Hulk e de Sapunaru pelo C. D. da Liga e a suspensão prevalece até à deliberação final da mesma Comissão. Anteriormente, a suspensão era válida por 12 dias e o alargamento do prazo deve-se a uma alteração ao regulamento proposta pelo FC Porto que se queixa agora do que inventou.

E se a Liga ainda não deliberou sobre o inquérito aos incidentes do túnel de Braga, de 3 de Novembro, fica por saber se será mais lá para o Carnaval ou lá mais para a Páscoa que os adeptos, os treinadores, os dirigentes, os funcionários e os jogadores envolvidos vão conhecer as sanções disciplinares que merecem ou não.

Em Braga, bastou o relatório do árbitro para castigar imediatamente Oscar Cardozo com dois jogos de suspensão. Na Luz, o relatório do árbitro serviu para suspender os dois jogadores do FC Porto por tempo indeterminado. Presume-se que os dois estádios tenham câmaras de vigilância e que tenham facultado as imagens aos órgãos disciplinadores.

Não se percebe, portanto, o suspense que tomou conta dos incidentes no final do Benfica-FC Porto. Nem se percebe a demora em reunir a Comissão Disciplinar da Liga que parece tolhida pelo medo de decidir o que quer que seja. E este impasse inaceitável acaba por ser mais uma vitória para os trauliteiros, sejam eles quem forem.

ODiário de Notícias fez, de um modo original e criativo, as contas à contratação de Sinama-Pongolle pelo Sporting. O DN dividiu o valor pago pelos leões, 6 milhões e meio euros, pelo número de golos apontados pelo jovem avançado francês ao serviço do Atlético Madrid, 7 golos em 58 jogos, e chegou à conclusão de que o Sporting tinha pago mais de 900 mil euros por golo de Pongolle.

O exercício é curioso mas não deve desanimar os adeptos do seu novo clube. Os sportinguistas, na realidade, só podem estar interessados nos golos que Pongolle há--de marcar pelo Sporting nos próximos três anos e meio de contrato. E só depois é que se devem fazer as contas. E, dependendo dos adversários ou da importância das competições, há golos que valem mais do que outros, pelo que estas aritméticas não são nada simples.

Por exemplo, o golo solitário do jovem português Saleiro, com que o Sporting conseguiu vencer a Naval 1.º de Maio na última jornada da Liga, pode não valer muito para quem precisa de serenar os ânimos internos com a contratação de vedetas estrangeiras, mas pode ter grande valor para quem agradece os 3 pontos somados e a manutenção da distância para o Braga, para o Benfica e para o FC Porto no topo da tabela. Contas não são contas.


há uma convicção generalizada entre os adeptos portugueses de que José Mourinho há-de ser um dia, e um dia ainda longínquo, o responsável máximo pela Selecção Nacional de futebol. Ainda faltará muito tempo, é certo. Basta fazer as contas…

Afinal, se somos todos portugueses, é natural que desejemos o melhor dos melhores uns aos outros e por isso mesmo, e até por uma questão de bom senso, não há dentro de portas quem se oponha a que José Mourinho, um treinador ainda jovem, continue por muitos e largos anos no estrangeiro, ao serviço de emblemas financeiramente poderosos que lhe possam pagar pela tabela a que o seu currículo o alcandorou.

Actualmente, nenhum emblema português pode pagar o cachet internacional de José Mourinho, eis um facto sabido e sem discussão. Mas também todos sabemos que os grandes viajantes gostam de sonhar com o dia em que, cansados de fama, de glória e do resto, hão-de voltar a casa, às origens, à tranquilidade.

E é aí, precisamente, que se encaixa a tal convicção generalizada de que o ancião Mourinho, quando voltar a Portugal, será para treinar a Selecção Nacional e para, deste modo supra-clubístico, construir em torno do seu nome e da sua personalidade uma merecida onda final de unanimidade entre os seus compatriotas.

José Mourinho, naturalmente, sabe bem o que esperam dele os adeptos portugueses num futuro ainda distante. Numa entrevista recente ao Público, aflorou o tema da Selecção sem o descartar. Mas Mourinho é diferente de todos os outros, tem um carácter que lhe é exclusivo e por isso mesmo o chamam de especial.

A ideia de unanimidade, por exemplo, com que qualquer treinador sonha para ter sossego, desagrada-lhe profundamente. José Mourinho gosta do conflito e dos campos extremados porque gosta de ser ele a resolver todas as discussões, apresentando como argumentos a seu favor a certidão lavrada dos seus sucessos, ou seja, dos seus resultados. E, neste campo, nunca falhou, nem em Portugal, nem em Londres, nem em Milão.

É uma vez mais admirável o estilo Mourinho quando, a décadas de admitir voltar a Portugal para dirigir a Selecção, o treinador põe de lado a ideia de um regresso sem polémicas, rejeita qualquer tipo de unanimidade e lança imediatamente um tópico de polémica. «Comigo os jogadores nacionalizados não jogariam na Selecção», disse; e o que disse, como seria de esperar, logo fez furor.

Não está aqui em causa, como se depreende, a opinião de José Mourinho sobre as qualidades que Deco, Pepe e Liedson emprestam à equipa actualmente dirigida por Carlos Queiroz. Nem, muito menos, presume-se, quis Mourinho apontar o dedo a Scolari e a Queiroz por terem promovido e aceite os luso-brasileiros que tanto jeito já deram à equipa das quinas.

Trata-se apenas de José Mourinho naquilo que sabe fazer tão bem. Jogar na antecipação dos conflitos.

Nem que seja com trinta anos de avanço.

Mourinho é brilhante.

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