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19 janeiro 2010

Belo exemplo de coerência...


A transferência de Rúben Micael passa a ser uma das mais caras de sempre no mercado interno português

Por Fernando Guerra in A Bola



PIMENTA MACHADO, antigo presidente do Vitória de Guimarães, inventou uma frase que pegou de estaca: o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira, e vice-versa. Pretendia ele alertar para a pouca ou nenhuma credibilidade de muitos dos peões em livre circulação pelas artérias mal iluminadas do país-futebol. Durante anos, foi escandaloso o ambiente de impunidade em relação a todo o tipo de atropelos que o negrume da noite escondia. Hoje, porém, as coisas já não se nos deparam com esse desaforo. Existe, pelo menos, o mínimo de vergonha, mas não é só. Mesmo a conta-gotas, há gente nova que aparece e consegue impor-se. O processo de modernização avança. Devagar, mas avança, tornando irreversível a renovação ao nível das mentalidades e dos procedimentos. Não sei quando, mas pressinto que esteja próximo. E não serei o único a captar os primeiros e discretos sinais desses ventos de mudança, de aí alterações comportamentais sugeridas pela prudência, espécie de jogada de antecipação de modo a atenuar a confrontação com o inevitável.
A teoria de Pimenta Machado foi chão que deu uvas. Agora, investe-se nas boas práticas. Os presidentes esmeram-se nas atitudes e debitam discursos cautelosos. Afirmar uma coisa no sábado e outra no domingo... nem pensar. Apenas precisaram de aprender com os políticos e adaptar a técnica da retórica às idiossincrasias do fenómeno futebolístico. Razão por que se tornou complexo interpretar as mensagens da alguns presidentes. É preciso descodificar as entrelinhas na medida em que nem sempre se regista uma sequência lógica entre o que se apregoa e o que se faz; sem entrar no campo da batota, obviamente... Vejamos:

1.º exemplo — «Neste momento, podemos estar descansados e dizer que não precisamos de ir ao mercado para retocarmos uma equipa que foi pensada correctamente para toda a época», declaração proferida no dia 16 de Dezembro de 2009, na Euronext Lisboa, durante a sessão especial de mercado regulado para apresentação dos resultados da Operação Pública de Subscrição do empréstimo obrigacionista do FC Porto SAD 2009-2012

2.º exemplo — «Não contrato jogadores para mim ou por pura diversão. E como Jesualdo Ferreira não me pediu reforços, não vejo por que haveria eu de os contratar», declaração proferida no dia 29 de Dezembro de 2009 pela mesma pessoa.

3.º exemplo — «Não temos nada a ver com as compras dos rivais de Lisboa. Se há lá petróleo, é com eles. Aqui não há. Somos realistas e confiamos no grupo», declaração proferida no mesmo dia da anterior e ainda pela mesma pessoa.

Alguém ousa uma explicação? Ora bem, o FC Porto não precisava de recorrer ao mercado de Inverno por ter formado o seu plantel com rigor, visando toda a época e não apenas parcelas, mas como ninguém se recordará já dessa mascarada manifestação de firmeza, e os pontos e as exibições pouco têm colaborado, qual o pecado de ir ao Nacional comprar a sua principal figura? Nenhum, embora deva concluir-se ter-se tratado de uma operação de iniciativa presidencial, mais como resposta aos atrevidos aplausos com que os adeptos leoninos premiaram a actuação de Rúben Micael em Alvalade do que, propriamente, por necessidade do plantel portista, dado ter sido dito que Jesualdo Ferreira não fizera qualquer exigência nesse ou noutro sentido em matéria de aquisições. Compreendeu o treinador, por certo, eventual situação de aperto financeiro no dragão, cujo chefe supremo, profundamente crítico do esbanjamento dos clubes da capital, não resistiu ao característico toque de ironia: deve haver petróleo em Lisboa... Só em Lisboa? Então pode o FC Porto deixar voar a sua felicidade por ser-lhe permitido socorrer-se de outra fonte de riqueza não menos valiosa. Caso contrário, ter-lhe-ia sido muito complicado pagar três milhões por 60 por cento do passe de Rúben Micael o que, mais euro menos euro, corresponde a uma das mais caras transferências de sempre no mercado interno português.

Olha para o que eu digo mas não repares no que eu faço. Reforços? Não queremos, proclamou ele. Vê-se!

Pergunta: qual o nome deste belo exemplo de coerência?

6 comentários:

Todas as palavras proferidas por Pinto da Costa têm de compreender-se como uma espécie de leitura à árabe: da direita para a esquerda o que significa, tudo ao contrário.
Se ele soubesse escrever, lia-se o seu escrito - se fosse legível - de pernas para o ar e estava resolvido o problema.
Se ele alguma vez disser uma "mentira", então tomemo-la como verdade. Como ele só diz verdades ...

Também só acredita quem quer. Talvez como os nossos juízes da nossa já famosa (in)justiça.

Concordo com as palavras do GIL VICENTE, acrescentando que este Corrupto já está a perder o prazo de validade.
Está senil, gagá e na opinião da sua esposa, é um CABRAO!!!

se esta é uma das transferências mais caras do mercado interno, como é que continuam a dizer que o FCP compra barato???

só compra "barato" porque normalmente não compra os 100% e por isso parece sempre que compra mais barato quando no fundo chega é a comprar mais caro!

e neste caso, já há portistas a dizer que o Porto comprou por 3M quanto o Sporting não conseguiu por 5M... ora eu espero que o Nacional não tenha ficado a perder 2M... porque se ficou é porque algo de obscuro anda a ser transferido!

Bimbo da Bosta disse:
'Se o treinador entende que não necessita de jogadores, vou contratar jogadores para quem, para mim?

Queres ver que a aprovação da lei gay fez o Bimbo mudar de ideias!

Depois das Putas vem os meninos!!!
Tá mesmo senil o velho...

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