Só lhe fica bem
Por João Bonzinho in A Bola
QUE se passa? Falta de frescura física no Benfica? Já?! Bem, nada que não tivesse sido detectado em Poltava - onde perdeu - ou em Leiria, naquele jogo em que o Benfica teve de sofrer muito para vencer. Ontem, na Grécia, onde o Benfica ganhou duas vezes e perdeu três (com a má memória da escandalosa goleada 5-1 sofrida com o Olympiakos a época passada), a equipa voltou a fazer uma exibição muito abaixo do que consegue no Estádio da Luz.
Jogadores longe uns dos outros e portanto sem boa ligação colectiva, também por isso excesso de individualismo e excesso de erros individuais, jogo preso, com a equipa a conseguir só muito esporadicamente ter domínio do jogo. O que fica? A sensação de que o Benfica é um casa e outro fora de casa, que não tem, portanto, estofo ainda para manter regular o nível do seu jogo. E se não melhorar a agressividade e o espírito competitivo, se continuar a mostrar-se apenas confiortável no papel de visitado, então bem pode pôr de lado qualquer ambição europeia.
Tratará a derrota diante do moribundo AEK de fazer o Benfica cair um pouco mais na realidade? Em certa medida, sim. Porque se a derrota em Poltava podia ser facil (mas enganadoramente) justificada pela vantagem de 4-0 levada do jogo na Luz, o desaire de ontem em Atenas já obriga os encarnados a reconhecer fragilidades e insuficiências.
O Benfica não perdeu por ter tido um mau jogo; o Benfica perdeu porque voltou a mostrar fora de casa que não consegue a mesma dinâmica, a mesma velocidade, a mesma profundidade, o mesmo espírito e a mesma frescura que tem revelado nos encontros jogados no seu estádio. Não será preciso recordar as dificuldades e o modo como a equipa chegou à vitória em Guimarães e em Leiria...
Mas não é, por outro lado, a derrota de ontem que faz o Benfica merecer, subitamente, uma crítica mais feroz. Foi suprema a ironia de ter perdido com um golo de bola parada quando é de bola parada que tem resolvido muitos jogos, mas o Benfica podia perfeitamente ter vencido o AEK, criou, aliás, ocasiões suficientes para fazer, pelo menos, dois golos, mas é fundamental que a equipa reconheça os seus problemas e não se deixe ficar pelas núvens, com o sério risco de lá vir irremediavelmente a cair. Só lhe fica bem.
Escrevi-o pouco depois da derrota em Poltava: o Benfica não tem ainda a cultura competitiva que alimenta as grandes equipas. Mas nem isso se constrói em meses. A questão está em saber se o plantel de Jorge Jesus aguenta – para se exibir a um nível muito regular,bem entendido – o desafio português e o desafio europeu, e se revelará humildade suficiente para competir em qualquer circunstância, seja ela mais ou menos favorável, o adversário mais ou menos agressivo, o tempo mais ou menos agreste, ou o relvado do jogo mais ou menos regular.
Pelo sim pelo não, talvez não seja má ideia os benfiquistas convencerem-se que o Benfica não estará ainda à altura das duas apostas. Construir solidez competitiva e preparar soluções alternativas dentro da equipa leva tempo. Sobretudo, talvez seja tempo de se convencerem que o Benfica precisa, primeiro, de ganhar em Portugal. Isso é que é realismo.
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