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31 outubro 2009

Crónica de Carlos Daniel


Ser campeão

Por Carlos Daniel in Record

A grande questão da semana tem duas faces como uma moeda: interrogarmo-nos se o Benfica vai conseguir manter em Braga o atual ritmo de vitórias cheias de golos é o mesmo que perguntar se o Sp. Braga pode ser ou não campeão. Em relação à primeira questão respondo obviamente que não sei, e ninguém poderá dizer outra coisa, que sempre me pareceu inútil tentar adivinhar resultados de jogos, com todos os imponderáveis que incluem, e principalmente quando qualquer das equipas tem armas que a podem conduzir à vitória.

Outra análise é a que se pode fazer num plano de tempo mais longo e onde se insere a segunda interrogação. Por muito que haja indícios do contrário, ainda arrisco que não, que o Sp. Braga não conseguirá ser campeão, partindo de uma análise do plantel bracarense por comparação com os dois grandes - agora provavelmente os únicos - que podem ser campeões.

Advirto que nada do que escrevo deve retirar um ponto de mérito que seja ao trabalho do Sporting de Braga e do treinador Domingos Paciência. Na sequência de outros excelentes desempenhos, em que avultam os de Jesualdo e Jesus, o Sp. Braga apresenta de novo uma equipa que, no mínimo, merece a etiqueta de quarto grande da Liga portuguesa. Neste caso, e com o arranque desastroso do Sporting, até só se vier a facilitar muito é que correrá o risco de não ser o terceiro na tabela dentro de 22 jornadas.

Acontece que não só o peso de Benfica e Porto é muito maior - desde logo pelo número de adeptos e por tudo o que isso condiciona - como os plantéis são incomparavelmente superiores, em qualidade e quantidade, ao ainda assim valoroso grupo bracarense. O Sp. Braga tem uma boa equipa, e poderá tirar vantagem da sua prematura eliminação europeia ao nível da gestão do esforço, mas é evidente, para quem conhecer minimamente os jogadores à disposição de Domingos, que não há alternativas de nível idêntico àqueles que têm sido elementos-chave neste início de época, em particular no eixo decisivo do meio-campo (Vandinho-Viana-Mossoró-Alan). Não há no plantel minhoto ninguém que os possa substituir sem se dar por isso.

Já no Porto, mesmo que falte Hulk, há Varela ou Mariano. Não é a mesma coisa, como diz o anúncio, mas disfarça. E se não há Falcão há Farías e sem Meireles há Guarín ou Tomás Costa. No Benfica, ninguém joga hoje como Di María, mas Coentrão é capaz de iludir. E sem Aimar há Martins ou Menezes, como Weldon fará de Saviola e Keirrison de Cardozo.

No fundo, o Sp. Braga de Domingos só seria um efetivo candidato ao título se eu não acreditasse na competência de Jorge Jesus e Jesualdo Ferreira. Ora, com o tradicional grau de fiabilidade do dragão e esta impressionante dinâmica da águia, deverá dar-se por muito feliz se conseguir ficar em terceiro. Até porque, em boa verdade, ser terceiro no Sp. Braga é tão meritório como ser campeão num grande.

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