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13 setembro 2009

Crónicas de Fernando Seara


Glórias e sensaborias

Por Fernando Seara in A Bola

1 Por muito que custe aos seus adversários nacionais, o Sport Lisboa e Benfica continua a figurar no top ten dos grandes clubes europeus. A Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS) classifica-o como o nono clube europeu do século XX, muito acima do Porto (29.º) e do Sporting (47.º). É o peso da gloriosa história do Benfica que, ainda hoje, apesar de épocas e resultados menos conseguidos, o faz ser um dos grandes entre os maiores. Evidentemente que a IFFHS não contempla nos seus critérios os números referentes às assistências, à capacidade de mobilização, à dinâmica identitária de cada clube. Se o fizesse, seguramente o Benfica ascenderia alguns lugares e outros ver-se-iam ainda mais distantes. As demonstrações de fervor, de paixão e de entusiasmo clubista que inundam cada um dos jogos que o Benfica disputa, independentemente dos terrenos próprios ou adversários; as audiências televisivas que as suas transmissões registam, a agitação mediática que o envolve transportando-o para as parangonas como garantia de escoamento de edições de jornais, são sinais indiscutíveis de uma grandeza que é, em si mesma, a sua circunstância.

2 A Selecção Nacional é um tema incontornável. O apuramento para o Mundial continua incerto, aguardando por todas as definições a 10 de Outubro. É injusto desmerecer as últimas exibições, claramente conseguidas, como é impossível esquecer todas as outras, francamente apagadas e comprometedoras. A Selecção não é hoje a equipa que concita apoios e entusiasmos de outrora. Perdeu chama e, sobretudo, carisma. Nada disto colide com a qualidade técnica dos seus jogadores ou com a excelência profissional do seleccionador, amplamente reconhecida pelas maiores referências do futebol contemporâneo. Mas há coisas que não funcionam e harmonias que não se obtêm. Não é comum que a equipa representante de um País com tanta história no futebol se socorra da naturalização de um jogador estrangeiro para adquirir um atacante. Estas situações, pela sua singular natureza, sugerem que até nas selecções e nos seus critérios de escolha há estados de necessidade e sentidos de oportunidade. Independentemente do nome e caso em causa, gostaríamos muitos que não fosse assim. Que os viveiros dos clubes nacionais fossem capazes de projectar jogadores competentes e capazes de honrar a camisola nacional. E que não houvesse necessidade de actos e de factos, de múltiplos momentos para superar deficiências incontornáveis. E não falamos, apenas, de futebol. Olhe-se para outras modalidades onde encontramos naturalizações desportivas mais rápidas e sem que haja, neste âmbito, uma ponderação/avaliação desportiva global. Seria útil que as diferentes equipas técnicas nacionais — nas modalidades colectivas — possuíssem o engenho e a arte de encontrar sempre esquemas tácticos que se adaptassem às realidades humanas existentes. Sob pena de se multiplicarem as vozes de descontentamento e outras respeitantes à urgência desportiva para as naturalizações. É que não pode ser indiferente jogar por Portugal ou por outra selecção. Sabemos bem que na selecção de futebol tudo é discutido e discutível. As outras selecções não são objecto de tanta atenção, apesar de desencadearem, porventura, mais naturalizações. Mas é essa, sempre, a sua grande força. Por ser a equipa que simboliza a pátria desportiva que somos, dela exigimos muito. E todos temos idêntica legitimidade para criticar, aplaudir, censurar ou louvar. Todos os que somos portugueses e gostamos de futebol. É por isso que ninguém pode ficar empertigado com as observações que abundantemente são feitas sobre o empenho dos jogadores, sobre a falta de entrosamento em campo, sobre as deficiências de alguns sectores, sobre a pouca clareza de soluções adoptadas. A legitimidade para responder depende duma única circunstância — vitórias. E, por favor, dispensam-se as inacreditáveis (mas permanentes) discussões sobre prémios e vantagens económicas. Mal vai o País em que a representação nacional não tem significado sem aconchego económico. Não se fomente a mercenarização das selecções. De todas elas e não apenas, por mediática, a de futebol!

3 Ainda as selecções. Fantástica a exibição do Brasil frente à Argentina. Maradona foi um dos maiores jogadores do seu tempo. Mas o princípio de Peter também aqui se aplica. E nem todos os grandes jogadores se transformam em grandes treinadores. Com brincos ou sem eles. Como rapidamente perceberemos se Messi e companhia não conquistarem o acesso ao Mundial da África do Sul.

4 Luisão fez uma exibição imperial. Cada vez mais o patrão da defesa brasileira, perante um Lúcio manifestamente cansado (os anos pesam). E um golo. E que golo. E com alguns críticos internos a prepararem-se para meterem a viola num saco.

5 A propósito de golos, Cristiano Ronaldo ainda não emergiu no Real Madrid, como não se suplantou na Selecção. Há que dar tempo ao tempo. Ainda que se saiba que os castelhanos não são pródigos em indulgências. E Madrid não é fácil. Ronaldo está a viver o maior desafio da sua carreira. Caso ganhe terá o Mundo a seus pés. Caso perca corre um risco, porventura um sério risco. O que será uma pena para o futebol. Mas Cristiano, com a sua força e a sua raça, vai voltar aos golos e às exuberantes exibições. Acredito que, desde já, na Liga dos Campeões.

6 Ainda o Benfica. Recebemos o anúncio das renovações contratuais de Di María, Coentrão e Luisão até ao final do mês e da já consumada renovação de Cardoso. Interrogamo-nos como é possível persistir-se na ideia de que não há política desportiva. O investimento feito é muito. Mas as indicações que estes jogadores, bem como a generalidade da equipa, têm dado neste começo de campeonato auguram uma importante valorização de activos que renderá em tempo próprio.

7 A Liga regressou este fim-de-semana. De sexta a segunda-feira já temos o futebol interno. Todo ele. O profissional e o não profissional. O nacional e o distrital. O jovem, o muito jovem e o sénior. Em plena campanha eleitoral os estádios voltarão a encher-se com militantes e eleitores de todas as cores políticas. Adversários e correligionários lá estarão unidos num desígnio comum — ver as suas equipas ganhar. Aí está a magia do desporto. E do futebol em particular!

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