Crónicas de José Manuel Delgado

Portugal e os 'hooligans'

Por José Manuel Delgado in A Bola

DESDE o início da passada semana que o Sporting alertou a GNR para a necessidade de um policiamento especial no Sporting-Benfica que ia decidir o título nacional de juniores e seria disputado na Academia de Alcochete, no sábado.

Agindo em conformidade, as forças da ordem, alertadas, reforçaram o dispositivo dos habituais quatro agentes para cerca de trinta. Os leões receberam garantias de que tudo estaria conforme, assegurando a normalidade do jogo e a segurança dos espectadores.

É evidente que as forças da ordem destacadas para o local pecaram por insuficientes, em número e preparação, quando, nestas partidas de alto risco (e esta era-o, só era preciso um conhecimento mínimo do fenómeno futebolístico para o perceber) há forças da ordem, em Portugal, altamente especializadas que não foram mobilizadas. Os adeptos do Benfica agrupados em torno dos No Name Boys — cerca de sessenta — foram acompanhados na entrada no recinto por quatro (!) agentes da autoridade, provavelmente um número dez vezes menor do que o aconselhável; e as claques do Sporting não foram alvo da vigilância requerida. Quem começou, pouco interessa (a GNR fala em simultaneidade), porque conhecendo as peças, se não fossem uns seriam os outros. O que releva, de facto, é que a segurança associada às claques e ao seu controlo, apesar da legislação, continua pura cosmética; que enquanto não se avançar para o «cartão de adepto», retirado a todo e qualquer prevaricador, não iremos a lado nenhum. Este episódio, que só por milagre não acabou em tragédia, mais do que recriminações entre Benfica e Sporting, merece reflexão profunda sobre se vale a pena olhar o futebol como um espectáculo para as famílias. Enquanto os hooligans, multicolores, não forem banidos , as condições de progresso da indústria do futebol estão dramaticamente limitadas no que respeita à captação de novos mercados.

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