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14 dezembro 2010

Como ressuscitou Jesus

O jogo de domingo, com o Braga, para a Taça de Portugal, mostrou que Jorge Jesus... está vivo.

O técnico do Benfica voltou a ser aquele espectáculo à parte no acompanhamento do jogo e nas ordens à equipa, eléctrico como há algum tempo não se via, deixando a atitude conformada e quase passiva dos últimos encontros. Uma mudança de comportamento que se explica com o conjunto de factores que O JOGO a seguir decompõe, quando a posição de Jesus era insistentemente colocada em causa - havia até o rumor de que o treinador campeão nacional nem chegaria ao Natal, antecipando-se o fim de uma ligação válida até 2013.

Os votos de confiança de Luís Filipe Vieira, que pelo prisma do fatalismo até poderiam ser entendidos como prenúncio de despedimento, fortaleceram, porém, Jesus, uma vez que foram repetidos em curto espaço de tempo e com clareza por parte do presidente do Benfica. Começou aí a alteração de atitude do técnico de 56 anos, que segundo dizem a O JOGO mostra-se mais expansivo e exuberante precisamente quando se sente confiante - em contrapartida, os nervos é que o deixam quieto e escondido no banco. Depois, a promessa de contar com reforços de Inverno, já em Janeiro, deixou-o também mais optimista e com a convicção de que a segunda metade da época será melhor, até porque há atletas capazes de render mais com o passar do tempo.

O volte-face neste jogo da Taça, que garantiu o apuramento para os oitavos-de-final, foi ainda estimulado pelo facto de ser uma partida a eliminar e uma prova em aberto - o Benfica já foi eliminado da Champions e está longe do líder FC Porto -, tratando-se também de um sonho de Jesus. O treinador das águias já esteve numa decisão (em 2007), com o Belenenses, e nunca escondeu o desejo de triunfar no Jamor, enriquecendo o currículo e homenageando o avô.

A mudança de comportamento de Jesus entronca ainda numa nova estratégia de comunicação. Desde logo porque, pela primeira vez, o técnico fez um mea culpa, reconhecendo que pôs a fasquia demasiado alta quanto à Liga dos Campeões, exagero que acabou por ter influência no seio do grupo, à medida que as derrotas apareceram. Essa mesma instabilidade seria também assumida pelo treinador, que vê agora a equipa "menos ansiosa e mais confiante". E essa confiança é precisamente o combustível de um Jesus de regresso ao passado. Igual a si próprio.

19 outubro 2010

El Conejo nasceu há 12 anos

Era notícia na Argentina faz hoje exactamente 12 anos: Javier Pedro Saviola, um adolescente de apenas 16 anos, estreava-se como profissional, com a camisola do seu clube de sempre, o River Plate. Mais: nesse dia, num encontro com o Gimnasia de Jujuy, Saviola estreava-se não só a jogar, mas também a... marcar (é o mais novo de sempre a fazê-lo na estreia), assinando um dos golos dos milionários (2-1). Era o nascer de um avançado de excepção, já com direito a alcunha - El Conejo (Coelho) -, um jogador de estilo próprio, único, um matador elegante.

A data - 18 de Outubro de 1998 - é marcante para o agora avançado do Benfica, mas também para os seus antigos colegas. Aimar era um deles, durando desde aí a amizade praticamente de irmãos que hoje os une, mas havia, no plantel dos milionários, um outro jogador que Saviola jamais esquecerá, quanto mais não seja porque foi ele que lhe pôs a alcunha. Trata-se de Germán Burgos, excêntrico guarda-redes que fez carreira no futebol espanhol.

Ontem, em contacto telefónico com O JOGO, Burgos nem precisou que o situassem, disparando adversário e ocorrências assim que foi confrontado com a data que se assinala. "Foi contra o Jujuy. Ganhámos 2-1, o Javier marcou um golo", recorda Burgos, a propósito daquele que diz ser o "melhor avançado" com quem jogou: "Um craque, dentro e fora do campo. Tem uma grande paz interior. É isso que faz a diferença nele. No dia da estreia, estava calmo e alegre. Contente, como sempre."

Nessa semana de Outubro de 1998, enquanto o técnico Rámon Díaz se preparava para o lançar, Saviola ganhou também a alcunha que ainda hoje o acompanha. Uma alcunha que... é a sua cara, não pelos dentes incisivos, mas pelas características que exibe em campo. "Foi durante um treino nessa semana. Ele apareceu-me isolado, mas cheguei primeiro e desviei. Olhei para o lado, e então ele apareceu não sei de onde, já com a bola. Marcou, olhou para mim e abanou a cabeça de um lado para o outro. Foi então que me saiu: 'É um coelho.'" E Coelho ficou.

14 setembro 2010

El Conejo é o rei da champions

Há nove anos, enquanto o Benfica nem a UEFA jogava - tinha ficado em sexto lugar na temporada anterior -, um jovem avançado argentino marcava, pelo Barcelona, o seu primeiro golo na Liga dos Campeões: Saviola, evidentemente. Hoje, esse jovem argentino, não tão jovem, mas ainda assim com apenas 28 anos, é talvez a esperança maior dos encarnados neste seu regresso à elite do futebol europeu, que amanhã os coloca diante dos israelitas do Hapoel de Telavive. Ele que é também o jogador do Benfica mais experimentado na Liga dos Campeões, com 40 partidas disputadas - tem sozinho mais do que muitos colegas juntos.

Nessa noite de 18 de Setembro de 2001, Saviola apontou o primeiro de 15 golos na liga milionária - que foi também o primeiro com a camisola blaugrana - aconteceu frente ao Fenerbahçe, em Istambul, na Turquia. Saviola entrou em campo aos 56', substituindo… Geovanni. Esse mesmo, o avançado brasileiro que mais tarde, entre 2002 e 2006, também representou o Benfica. "Lembro-me bem desse jogo com o Fenerbahçe. E o golo que o Saviola marcou foi na cara dele. Teve ali uma bola morta e não perdoou. Ele é assim mesmo. É um grande finalizador. Se ele fica na cara do golo, ele não falha, não tem jeito de ele errar. É muito eficaz e isso é essencial numa competição como a Liga dos Campeões", afirma Geovanni a O JOGO.

A mesma convicção tem Carles Rexach, lenda viva do Barcelona que à data era o treinador principal do conjunto blaugrana e, por isso, foi o responsável pelo lançamento do camisola 30 dos encarnados na principal competição de clubes. Para Rexach, ter sucesso numa prova com a dimensão da Liga dos Campeões depende de futebolistas da qualidade de Saviola. "Ele é um jogador fundamental no Benfica e em qualquer equipa onde jogue. Lancei-o tinha ele acabado de chegar da Argentina, era um jovem, vindo de uma realidade diferente daquela a que estava habituado, mas logo mostrou o seu potencial. Esse foi o seu segundo jogo na Liga dos Campeões, mas no primeiro [com o Bayer Leverkusen] só tinha jogado uns minutos. Estava a lançá-lo aos poucos e ele marcou logo. É um fenómeno", frisa o antigo técnico dos blaugrana, entretanto retirado da actividade, também em declarações a O Jogo.

Geovanni, que chegou a disputar a Liga dos Campeões também pelo Benfica - em 2005/06, na excelente campanha das águias que só terminou já nos quartos-de-final, aos pés do Barcelona (que viria a vencer a competição) -, lembra a maturidade que o internacional argentino tem hoje é um trunfo para os campeões portugueses neste seu reencontro com a Liga dos Campeões. "O talento dele é nato, mas, como qualquer futebolista, também cresceu e evoluiu. E isso pode ajudá-lo a ter um rendimento bem significativo", indica o agora futebolista do San Jose Eartquakes, dos Estados Unidos. "O Saviola tem uma coisa que é muito difícil encontrar num jogador: ele tem o dom do golo. Se o treinador lhe der moral e carinho, ele é capaz de render muitíssimo, como já se viu no campeonato português na época passada. E ele vai mostrá-lo uma vez mais na Liga dos Campeões, estou plenamente convencido disso", assegura Rexach.

17 julho 2009

Crónicas


Saviola de encantar

Por Luís Pena Viegas in O Jogo

Antes do início de cada época, o desejo dos benfiquistas surge em tom exclamativo, esperançado, motivado, por norma ao ritmo de reforços sonantes: "Este ano é que é!" Não tem sido, é um facto, a expectativa tem invariavelmente acabado em desilusão, mas este Benfica 2009/10 continua a prometer, embora ontem mais pelo resultado:
vitória por 2-1 sobre os espanhóis do Atlético de Bilbau a garantir-lhe a presença, amanhã, na final do Torneio do Guadiana. Já a exibição foi mediana, não foi tão consistente como a do jogo anterior, frente ao Shakhtar, mas, se é cedo para euforia, também é cedo para desconfiar quando nem tudo sai como se quer. E, desta vez, a equipa orientada por Jorge Jesus, que ainda não perdeu nenhum particular na pré-época, mostrou uma nova faceta: a capacidade, física e mental para dar a volta a uma situação de desvantagem. Conseguiu-o graças à inspiração de um jogador que promete cada vez mais: Javier Saviola. O avançado argentino ex-Real Madrid apontou os dois golos das águias, em lances em que aliou classe e eficácia, mas nem sequer se esgotou por aí, fazendo até de criativo, apoiando-se para tal na qualidade técnica e na velocidade de execução que há anos o distinguem como um futebolista de eleição.

Encontrando após o intervalo as linhas de passe e construção de jogo que o posicionamento adversário lhe retirara, e disfarçando também as fragilidades nas laterais, o Benfica mandou na segunda parte. É certo que bem pode agradecer o empate ao desvario do guarda-redes Iraizoz, que, após livre de Fábio Coentrão, saiu à toa da baliza e viu Saviola marcar de cabeça... sem tirar os pés no chão, mas, depois, a formação da Luz justificaria a vitória. Que chegou na sequência de outro lance de bola parada, em que os protagonistas se repetiram: Fábio Coentrão levantou, agora num pontapé de canto, para desvio certeiro de Saviola, de pé direito. Já com Nuno Gomes a 10, o Benfica não só segurou a vantagem como ameaçou dilatá-la. Não conseguiu, mas a ideia ficou: o Benfica dá passos seguros, apesar de, como afirmou Jorge Jesus, ainda se encontrar a quilómetros daquilo que o técnico pretende. Compreende-se. Está gente importante de fora, também (ainda) faltam peças para lugares vitais. Num deles, trinco, Jesus colocou de início Rúben Amorim, depois de até aqui ter optado por Yebda. Tentar aproveitar quem já está no plantel antes de recorrer ao mercado, é esta a ideia dos encarnados...