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09 março 2012

Benfica entre árbitros


Crónicas de Bagão Félix, in A Bola

O Benfica está, por mérito próprio, entre as oito melhores equipas da Liga dos Campeões. Desta vez, jogou com inteligência, concentração, entusiasmo nas porções certas e as substituições foram nos momentos certos. No conjunto da eliminatória foi superior. Agora, qualquer antagonista é bem-vindo.

No fim do jogo, dei comigo a perguntar onde esteve o árbitro.

Quis o destino dos calendários que, no espaço de quatro dias, dois jogos importantes do Benfica tivessem sido arbitrados pelo considerado melhor árbitro português e por um dos mais conceituados árbitros mundiais que apitou a final do Mundial. E o que vimos? No primeiro, o juiz e a sua equipa colaboraram activamente no desenrolar da partida e no resultado. A partir do momento em que o Benfica fica em vantagem (curioso, não é?), virou artista principal. Com efeitos especiais, argumento próprio e montagem dedicado. No segundo, o britânico Howard Webb deixou jogar, foi interveniente secundário, ninguém se lembra dele no dia seguinte (o melhor elogio que se lhe pode fazer). Um juiz que não precisa de se armar em dono do jogo, discreto e seguro, sem alardes de vedeta. Um árbitro que não confunde um encosto num jogo de contactos físicos com mais uma falta mariquinhas. Ali respira-se mestria. Não há batotas e não se imagina qualquer tipo de condicionalismo ou corrupção mental.

Os 'Webb's' erram? Certamente que sim. Mas o erro natural coabita, sem dramatismos, com a busca da perfeição. Porque só assim o erro é humanamente honesto e honestamente humano. Como escreveu Paul Valéry, ser competente é cometer erros de acordo com as regras.

27 outubro 2011

A mátria do futebol


A Inglaterra é a mátria do futebol trazido à luz em 1863. 149 anos volvidos, continua a ser a pátria do futebol. Não porque vença mais, ou porque de lá sejam os melhores jogadores. Mas pela magia do seu football association, que perdura acima da intelectualidade das tácticas e do tacticismo das inteligências.

Os estádios aconchegados, quase intimistas, estão sempre cheios, seja qual for a competição, a meteorologia, a classificação, a notoriedade das equipas, os horários, a transmissão televisiva.

O ambiente é de festa. Apoiam-se as equipas com entusiasmo contagiante, canta-se em sinfonia e harmonia, vencendo ou perdendo. Quanto o Benfica ganhou em Anfield Road por 2-0, os adeptos do Liverpool continuaram a cantar vibrantemente You'll never walk alone.

Um futebol sem manhas e sem manobrismos. Sem chicotadas psicológicas inconsequentes. Em que o árbitro é tão-só o juiz que também erra, mas não é alvo das desculpas para o insucesso.

O fair play é lá mais escrutinado. Na memória, preservo a radicalidade de alguns exemplos. Relembro apenas um: há anos, um jogador do Arsenal, depois de um colega ter sido assistido por lesão, devolveu a bola à equipa do Sheffield. Porém, a arsenalista Kanu ficou com a bola e passou-a Overmars, que fez facilmente o 2-1. No fim, a Direcção do Arsenal e o técnico Arsène Wenger pediram para o jogo que o Arsenal venceu ser repetido.

Só o futebol da Liga inglesa nos brinda com jogos como 8-2 do Manchester contra o Arsenal, ou, como no domingo, em que o United, em casa, perdeu 1-6 com o City! Não esquecendo os golos que se marcam nos últimos minutos porque, nunca se desistindo, o último segundo de jogo é igual ao primeiro!

Assim é um prodígio de desporto!

10 novembro 2010

FMI no Benfica, já!


Nos últimos 110 minutos, o Benfica sofreu 8 golos. Ultrapassou assim a barreira dos 7% de Teixeira dos Santos para abrir portas ao FMI. Contra o Lyon, foi a consequência do que não se deve fazer: parar o cérebro, mais até do que as pernas. Contra o Porto, foi a consequência de um desmesurado medo que o adversário soube explorar inteligente e eficazmente. Tal como contra o acessível Liverpool, optou-se pelo experimentalismo e começou-se a perder no minuto zero. Trocou-se um dos melhores centrais do mundo por um medíocre lateral (coitado do D. Luiz), jogou Sidnei que desaprendeu com a inactividade, deixou-se de fora Saviola que, mesmo a jogar menos, é desequilibrador, trocaram-se as voltas a Aimar e Carlos Martins. E já com o resultado pesado, estreia-se o desamparado Roderick e reentra, meses depois, o destreinado R. Amorim. Para completar o mosaico, Luisão porta-se como uma criança mal-educada.
Cometeram-se erros no planeamento da época. Encarou-se a Supertaça com sobranceria e desconcentração e aí começou-se a resvalar. Não se anteciparam as inevitáveis saídas de Di María e Ramires. Os sofríveis Gaitán e Jara e o emprestado Salvio foram caros e não colmataram aquelas saídas. Fábio Faria não existe. Reempresta-se Urreta e compra-se por um balúrdio Rodrigo, que se despacha para o Bolton, onde só jogou uns minutos. Tem-se 25% do passe de Reyes para nada.
Escrevo estas palavras com tristeza, mas não com acrimónia para com os dirigentes e Jesus. Continuo a confiar no treinador. Todos temos o direito ao erro. O certo, porém, é que nos resta agra esperar pelo FMI, Fundo do Mercado de Inverno, para começar a preparar a próxima época e garantir, ao menos, o 2.º lugar para acesso à Champions!

05 novembro 2010

O Benfica e a icterícia


Detive-me há dias na estatística dos cartões até à 8.ª jornada da Liga. Talvez porque se aproxime o jogo do Benfica no Porto e porque havia quatro jogadores encarnados no limiar da suspensão (lá se safaram…).
E que vi eu? Uma lista encabeçada pelo clube do meu distrito, o Beira-Mar (10 admoestações) e fechada pelo meu clube de coração, o Benfica com 32 cartões amarelos, num verdadeiro estado de icterícia! E pus-me a pensar, no que lhe terá acontecido para, tão destacadamente, ser a equipa mais indisciplinada. Logo pensei no juiz Olegário e no jogo em que só o roupeiro não foi alvo do seu gesto exibicionista de levantar o cartão. E também me lembrei de outros jogos e, por associação, de uma frase de alguém que classificou a equipa encarnada como «um bando de caceteiros» (e à qual, a Direcção do Benfica bem respondeu com um olímpico silêncio), talvez sugerindo uma orientação para os árbitros sempre que lhes calhasse em sorte o SLB.

Ao fim de 8 jogos já dá para fazer uma média. O Benfica com 4 cartões por jogo, o Porto e o Sporting com 2 cartões. Quem viu os jogos consegue encontrar uma lógica nesta diferença? Haverá batalhas campais quando o Benfica joga? Será que o Cardozo quando chuta um décimo de segundo depois do apito merece ser admoestado e outros que, nas mesmas circunstâncias, prosseguem paulatinamente as jogadas são apenas surdos? E como se explica a diferença quando olhamos para os poucos cartões na Liga dos Campeões?

Por fim nesta digressão estatística, veio-me à memória uma Supertaça quando o juiz Pratas fez, em marcha-atrás, o campo todo em amena cavaqueira com toda a equipa do Porto, sem que nada acontecesse no campo disciplinar. É que nestas coisas de icterícia, há fígados e fígados.

P.S. (depois do Lyon) – Roberto, deixa-te de ‘verdismos’. Volta ao branco!

28 outubro 2010

A resposta de Jesus por Bagão Félix


«SOMOS muitos e não é fácil pararem-nos»: foi como bem reagiu Jorge Jesus à pergunta no final do jogo no Algarve a propósito de a larga maioria da assistência ser benfiquista. Uma resposta concisa, inteligente e inatacável. Não pondo em causa os órgãos sociais do clube, o treinador encarnado constatou a força que nenhum decreto, ordem ou fatwa consegue deter. E ainda bem.
Percebi o contexto da recomendação da Direcção e nem a critico pelo carácter invulgar ou despropositado. Verdadeiramente, o único aspecto que não entendi (e não é de somenos…) foi o de ter minimizado assim tão acentuadamente a força imbatível e imparável do Sport Lisboa e Benfica. Força, aliás, que começa no Estádio da Luz, que acaba de completar sete anos e já acolheu 7 milhões de pessoas, e se prolonga por todo o lado!
Dizem os factos, a estatística e as contas das equipas onde as águias vão jogar, que é o Benfica e só o Benfica que lhes proporciona o jogo do ano. Que sentido faria que nessa festa não estivessem os benfiquistas? Afinal quem ganharia com isso? É o que em teoria dos jogos se chama «um jogo de soma negativa»: todos perdem, ninguém ganha.
Vi o jogo de domingo pela TV. Quando Javi García marcou o golo da vitória pensei no insólito que seria se tivesse sido festejado em silêncio. Ou no fim, se os jogadores saíssem sem acenar aos sócios e adeptos. Nestas circunstâncias, o silêncio nunca é de ouro. O futebol é entusiasmo, calor humano, vibração, nervo, cor, paixão, movimento. Os jogadores precisam de sentir tudo isso. Sócios e adeptos também.
Última nota: vi no estádio muitos benfiquistas, muitos benfiquistas – portimonenses e alguns portimonenses. Mas estando a jogar Ventura, Ivanildo, Candeias, André Pinto & Cª não vi lá adeptos portistas. Estranho, não é?

22 outubro 2010

Sonhei


HÁ dias, tive um sonho. Numa peregrinação onírica aos programas televisivos sobre futebol, usufruí um Tempo Extra que me permitiu um Prolongamento com Mais Futebol para o Dia Seguinte, dei um Pontapé de Saída no Jogo Jogado, entrei na Zona Mista e, para meu espanto, deparei com o Trio d’Ataque. Nessa altura - eu que até sou hipertenso - passei por Pressão Alta. Extenuado acordei de supetão.
Então lembrei-me do que alguém disse um dia: «A inflação acontece quando a mão fica maior que o bolso.» A proliferação de tantos programas comporta o perigo de a forma se superiorizar ao conteúdo. De tanto excesso, desvaloriza-se o valor.
Claro que há bons jornalistas e bons comentadores. E programas para todos os gostos e desgostos: uns sobre futebol, outros nem por isso. Uns antes, outros depois. Uns sobre o jogo, outros sobre tudo menos o jogo. Uns quase científicos, outros humorísticos. Uns divertidos, outros convertidos. Uns clubisticamente anódinos, outros insuportavelmente tendenciosos. Uns de régua e esquadro, outros de opereta bufa. Uns orientados pela razão, outros conduzidos pela emoção.
Mas o que menos suporto, em alguns deles, é a discussão compulsivamente enviesada à volta da repetição dez ou quinze vezes de um tal lance, falta ou golo. Passam-se horas a fio a falar do desamparado árbitro que errou ou acertou, depois de vistos e revistos em slow motion e imagem parada e ampliada, como se a realidade assim fosse. No fim, sobre o jogo - o tal que é jogado - nem uma palavra.
Nestas alturas, suspiro pela próxima Liga dos Últimos que me diverte e me ensina. É que, afinal, o futebol é genuinamente popular e assim deve continuar. No fundo, o regresso às (boas) origens: «O futebol: esse reino de lealdade humana exercida ao ar livre», como, nesse tempo, bem definiu Antonio Gramsci.

13 outubro 2010

Pontapé-de-saída – (77,53)


(77,53)! Por momentos, pensei que se tratava de uma citação religiosa, mas logo me lembrei que tais dígitos não se atingem na Bíblia, nem mesmo no Livro dos Números, cujos versículos acabam em (36,13) ou no Livro do Apocalipse, que terminam em (22,21).

Afinal, era bem mais prosaica aquela referência. Tratava-se da precisão de um cronometrista: 77 minutos e 53 segundos, o tempo exacto de uma delirante penalidade. Para o treinador do FC Porto: «Foi óbvia, eu vi-a e os meus jogadores garantiram-me também que foi demasiado nítida.» Sublinho eu: óbvia e demasiado nítida. Tanto que ninguém a conseguiu ver ou reclamar. Já sem qualquer nitidez, dado o espesso nevoeiro, foi o penalty (e 2.º amarelo) de Fucile. Mas aí nem olho de lince, nem cronómetro. Apenas Xistra.

O treinador disse que se indignara não com a expulsão de Fucile, mas por causa do putativo penalty. As imagens são, porém, elucidativas. Não há um gesto do treinador entre os tais 77m 53s e a agressão do jogador do FC Porto. Uma caricata fita de quem não soube encaixar um pequeno desaire! Bem sei que, no dia seguinte, teve a correcção de pedir desculpa, embora tivesse omitido tudo o resto. A evidência era tão avassaladora que não tinha outro caminho.
Umas semanas antes, Villas Boas respondera ao presidente do Benfica, dizendo que «era natural que o entretenimento semanal do campeonato fosse as arbitragens!». Como não se entreteve com o penalty com que derrotou a Naval, os dois penalties na mesma jogada de ataque do Rio Ave ou o braço na bola contra o Nacional, quis agora entreter-nos com a sua visão ao virar da curva dos primeiros pontos perdidos. Uma boa e jovem visão sem miopia, hipermetropia, estigmatismo, daltonismo, estrabismo, treçolho ou o mais danoso e contagioso olho vermelho. Só a contar é que se enganou: afinal os (77,53) são (00,00)...

24 setembro 2010

Benfica fez o pleno

O Benfica faz sempre o pleno! Quando ganha, quando perde, quando joga, quando não joga, no defeso, sempre e alhures. Tendo o apoio de uma maioria absoluta, não deixa ninguém indiferente. Vencedor, abraça milhões numa alegria transbordante (que pena as estatísticas oficiais não medirem o seu contributo para o bem estar nacional). Perdedor, não deixa os seus oponentes alheios e alimenta os despeitados, invejosos ou simplesmente adversários.
Nas fases mais críticas de resultados do Benfica, acentua-se aquilo que é uma quase regra dos comentários e comentadores escritos e falados: mesmo sendo de clubes rivais, de tão obcecados pela magia do Benfica, é sobre este que dissertam, às vezes em forma de coligações espúrias. Por vezes, chego a pensar que são mais anti-benfiquistas que do seu próprio clube, o que é uma forma apreciável – para um benfiquista – de consideração. Assim como na economia há o imposto negativo, o Benfica deveria instituir a “quota negativa” para os opositores. Ou seja, subsidiá-los…
Como benfiquista, só tenho de agradecer tão entusiástica quanto convicta obsessão pelo SLB. Até porque, no desporto como em tudo, o que mais odeio é a indiferença e o amorfismo. Prefiro um duro antagonismo do que um delicodoce desinteressante. De facto, o Benfica não deixa ninguém indiferente. Campeão das notícias e das primeiras páginas. Das boas e das más. Das verdadeiras e dos rumores. Das compras e das vendas. Dos árbitros e dos arbítrios. Dos dias úteis e inúteis. Alguém imagina um jornal desportivo ser diário sem o Benfica? Ou as assistências nos estádios sem os seus apoiantes?
E bem pode agradecer o poder político. Vem o Benfica, vão-se os D do nosso calvário: défice, divida, desemprego, divergência. Talvez porque para muitos seja a única forma de conseguirem ver a Luz… ao fundo do túnel!