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22 março 2011

Artur Agostinho


Foram apenas duas crónicas que aqui coloquei, mercê do seu discurso mais Sportinguista, mas foi alguém que eu sempre respeitei como jornalista. Não posso esquecer as magnificas palavras de apreço pelo nosso Eusébio na "Gala Eusébio". Um verdadeiro senhor do futebol que dignificou o jornalismo e o Desporto Português, que cada vez mais precisa de homens como ele. Que descanse em paz.

16 fevereiro 2010

O "escape" é o mesmo

Por Artur Agostinho in Record

Estou a ficar cada vez mais preocupado com a instabilidade emocional que tem vindo a tomar conta do país, atingindo tudo e todos. Futebol incluído, como não podia deixar de ser.
Estamos perante um fenómeno que, não sendo exclusivamente português, ganhou, entre nós, uma dimensão tal que começa a ser frequente a sua presença em discursos, mensagens ou simples comentários de destacados políticos do nosso país. Temos vindo, assim, a ser alertados não só para a inevitabilidade de novos e mais duros sacrifícios, a curtíssimo prazo, mas também para um eventual cenário de agitação social, inquietante e explosiva.

Para uma geração que nasceu em liberdade, com a esperança de uma vida mais justa, mais solidária e sem os "fantasmas" que tanto atormentaram aquela que a antecedeu, as perspetivas não são nada risonhas - muito pelo contrário. Percebe-se a amargura dos mais velhos, como se compreende a desilusão e a descrença dos mais jovens a quem, afinal, foi prometida uma mão-cheia de... nada. É natural que as pessoas se interroguem, não só sobre se terá valido a pena mas, sobretudo, se alguma vez haverá condições e motivação para travar uma luta em cujo horizonte se vislumbre a esperança de alcançar algo mais do que as ilusórias e efémeras vitórias partidárias, conquistadas nos debates de S. Bento ou em campanhas eleitorais, mais folclóricas e despesistas do que importantes e esclarecedoras.

No tempo da Ditadura, o futebol era o grande "escape" para o descontentamento recalcado dos portugueses a quem não era concedido o direito de expressar o que pensavam. Os jogos de futebol "funcionavam", por isso, como uma espécie de exceção à odiosa regra que proibia a liberdade de qualquer de nós "desabafar", dizendo o que pensava e sentia. Daí, que aqueles a quem não eram permitidas críticas ao regime (mesmo que feitas em voz baixa) se "vingassem" no decorrer do jogo. O árbitro simbolizava o "principal intérprete" da Ditadura, enquanto jornalistas, comentadores, relatores, treinadores e dirigentes completavam o restante elenco do "sistema" político em vigor. O adepto chamava-lhes tudo o que lhe vinha à cabeça e - se as circunstâncias o proporcionassem, até se atrevia a aplicar umas boas "palmadas" no primeiro "inimigo" que lhe aparecesse pela frente. Uma vez despejado o saco das discordâncias, amarguras e frustrações, o adepto sentia-se mais "aliviado", pelo menos até... ao próximo jogo.

Os portugueses andam há 36 anos a aprender Democracia e a treinar o exercício da liberdade de expressão mas os resultados não têm sido brilhantes. Sendo verdade que esse sagrado direito não deve ficar restrito a um ou outro "território" privilegiado, é estranho que continue a ser difícil dizer e escrever o que se pensa. Daí, que não haja outra hipótese que não seja continuar a recorrer ao futebol como "escape" da liberdade de expressão. Pelo menos, por enquanto e com os resultados que estão à vista sempre que não haja quem, generosamente, consiga "escondê-los" em qualquer túnel perto de si.

02 fevereiro 2010

O perigo das escolhas



Por Artur Agostinho in Record

Mesmo quem persiste na ideia de que o verdadeiro interesse do futebol reside nos erros de arbitragem, não pode ter ficado indiferentes ao que aconteceu no Estádio da Luz, na passada segunda-feira. Numa noite demasiado fria para o nosso gosto, mais de 50 mil assistiram a um jogo de futebol que não contava para nenhum campeonato. Havia, porém, algo mais - e muito importante - naquele Jogo contra a Pobreza que, só em receita de bilheteira, gerou qualquer coisa como meio milhão de euros. Estou a pensar na inigualável magia do futebol, no seu espírito solidário, em tudo o que de bom sabe transmitir, no momento certo - como foi o caso -. a quem vai a um estádio, não para participar numa "guerra" sem sentido mas num maravilhoso Hino à Amizade, à Fraternidade, ao Amor ao próximo.

Ofutebol não é incompatível com a beleza de um grande gesto humanitário. Muito pelo contrário. Quem assistiu àquele jogo por uma "causa maior", teve mais uma ocasião para "perceber" por que valeu a pena terem inventado o futebol e, também, a razão por que continua a ser importante lutar por um jogo sem truques e sem mentiras.

Registe-se que, além dos euros deixados nas bilheteiras pelos 51.312 espectadores, há que contabilizar o donativo de cada atleta participante e as diversas receitas televisivas. Sem falar num simpático "extra" disponibilizado pelos árbitros portugueses da Liga. Dir-se-á que tudo isto é apenas uma gota de água no enorme "oceano de necessidades" que aflige milhares de haitianos. Apesar de terem conseguido sobreviver à tragédia, são muitos os que ali perderam tragicamente, além de familiares e amigos, os parcos bens de que usufruíam e muitos dos sonhos que construíram com vista a um futuro melhor.

Não quero manchar o significado do 7.º Jogo contra a Pobreza, enumerando acontecimentos que foram notícia na última semana. Como diria o dr. Valter - meu antigo professor de Filosofia - naquele tom solene a que nos habituou, foram factos que constituíram "uma triste sucessão de sucessos sucessivos que se sucederam sucessivamente sem cessar". Alguns, apenas possíveis quando existe, de facto, uma crise de liderança na área do futebol. Tudo isto, a juntar a uma "cambalhota tecnológica" do sr. Blatter que surpreendeu tudo e todos. Finalmente, o presidente da FIFA admitiu (!) o recurso às novas tecnologias, mas apenas sobre a linha de baliza. E foi avisando que só depois do próximo Mundial, não fosse alguém pensar que se tinha assustado com a petição à AR.

Como o meu espaço está a esgotar-se, aproveito para uma curta história da vida real que proponho ao presidente JEB como tema de reflexão. "Um antigo político português - homem inteligente e muito culto - que desempenhou altas funções na governação do país era, quase sempre, mal sucedido quando tinha de fazer uma escolha. Se, por exemplo, tivesse de escolher um ministro e lhe apresentassem dez candidatos, sendo que nove eram, de facto, competentes e apenas um incapaz de desempenhar o cargo, o seu azar era tão grande que a escolha era exatamente neste que recaía."