in ionline, Crónicas de Rui Pedro Silva
Os ingleses tinham uma. Os franceses tinham uma. Os portugueses acharam que ter uma também era uma boa ideia. Sim, estamos a falar da Taça da Liga. Não há outra prova em Portugal tão conturbada como esta. Desde a criação, em 2007, muitas têm sido as críticas. Para que serve? O que ganha o vencedor? Por que é que os grandes são sempre favorecidos no sorteio em detrimento das equipas mais pequenas? Por que se reduziu o campeonato para permitir que o calendário tivesse espaço para uma prova sem grande finalidade? Ainda assim, a prova sobrevive. Já teve quatro edições e as histórias, polémicas ou não, multiplicam-se. Há sempre alguma coisa a acontecer. O FC Porto garante sempre que não é uma prioridade, o Benfica é o rei com três títulos (o V. Setúbal ganhou o primeiro) e o Sporting perdeu duas finais nos penáltis.
Janeiro é o mês em que a competição arranca em força e, para não estar destreinado, é melhor recordar as melhores histórias da prova. Porque nunca se sabe as que se vão repetir.
O Milagre do Fátima
Terceira eliminatória da prova. Decide-se numa mão e o FC Porto vai jogar a Fátima. Jesualdo Ferreira mostra pela primeira vez que a competição não era uma prioridade. O onze teve nomes como Rui Pedro, Kazmierczak, Lenadro Lima, Lino ou João Paulo e os homens de Rui Vitória (sim, o actual treinador do V. Guimarães orientava o Fátima) aguentaram o nulo até aos penáltis. Aí, 4-2 para os da casa. Assim nasceram os primeiros tomba-gigantes da competição.
A primeira polémica
Foi no mesmo dia do Fátima-FC Porto, 26 de Setembro de 2007. O Benfica jogou na Reboleira com o Estrela e esteve a segundos de ser eliminado. Jogava-se o terceiro minuto dos descontos quando Duarte Gomes descobriu uma grande penalidade por alegada mão de Wagnão, graças ao aviso de um árbitro assistente. Adu não desperdiçou e no desempate por grandes penalidades, a sorte sorriu aos encarnados. Foi a primeira grande polémica com a arbitragem na competição mas não a que deixou mais marcas. Essa estava guardada para mais tarde.
Um vencedor improvável
A primeira final. A 22 de Março de 2008, o V. Setúbal derrotou o Sporting no desempate por grandes penalidades. Carlos Carvalhal treinava a equipa sadina e Pitbull e o guarda-redes Eduardo eram as grandes figuras (o melhor marcador, Matheus, falhou a final). Nos momentos decisivos, Eduardo tornou-se no grande herói ao defender os remates de Polga, Liedson e Izmailov.
A primeira goleada
Sim, já sabemos que o FC Porto não vive para a Taça da Liga mas isso não quer dizer que se ponha a jeito de sofrer derrotas pesadas dos principais rivais. Mas foi isso que aconteceu na meia-final da segunda edição, a 4 de Fevereiro de 2009. Tarik Sektioui ainda adiantou os dragões mas o Sporting respondeu com quatro golos (Romagnoli e Derlei bisaram) e garantiu presença na final. Contra o Benfica.
Que grande trapalhada
A segunda final prometia. De um lado o Sporting, do outro o Benfica. Pereirinha adiantou os leões mas aos 75 minutos, Lucílio Baptista mudou o rumo do jogo. A bola bateu no peito de Pedro Silva mas o trio de arbitragem foi praticamente consensual em dizer que era grande penalidade. O defesa do Sporting perdeu a cabeça e deu uma peitada no árbitro. Paulo Bento não gostou e fez o famoso gesto com a mão acompanhado de um "roubar, roubar!" Reyes não desperdiçou e levou o jogo para penáltis. O Sporting voltou a desperdiçar a oportunidade de ganhar uma Taça da Liga. Mas a polémica não acabou aí. Pedro Silva não quis ficar com a medalha e atirou-a para longe. Os responsáveis do Sporting juntaram-se aos protestos mas o melhor que conseguiram foi uma resposta provocatória do Benfica: primeiro numa conferência de imprensa promovida por João Gabriel ao lado do troféu, depois com uma declaração de Carlos Martins na capa do "Record": "Eles com o mal-estar e eu com a Taça."
A outra goleada
Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti. É uma máxima que o Sporting aprendeu da pior forma. Um ano e cinco dias depois de aplicar o 4-1 ao FC Porto, recebeu o Benfica nas meias- -finais da prova. O resultado foi o mesmo, mas para a equipa da Luz. João Pereira foi expulso nos primeiros minutos e o domínio encarnado nunca esteve em causa.
Liedson ainda tentou reagir fazendo o golo após David Luiz e Ramires marcarem para o Benfica. Na segunda parte, tudo pendeu a favor dos encarnados. Luisão e Cardozo marcaram e ficou a sensação que o resultado poderia ter sido mais pesado.
A primeira de Jesus
O Benfica estava imparável. Depois do 4-1 ao Sporting, o 3-0 ao FC Porto na final. A vitória, dentro de campo, foi indiscutível, mas mais uma vez a final algarvia foi recheada de polémica. Centremo-nos primeiro no aspecto desportivo. Os encarnados, a caminho do título nacional, eram favoritos e fizeram questão de o demonstrar em campo com uma vitória por 3-0. Rúben Amorim inaugurou o marcador aos dez minutos, num lance em que Nuno foi muito mal batido, e Carlos Martins e Cardozo aumentaram a contagem para fixar o 3-0 final. Era o aviso de que o Benfica estava a chegar e o primeiro grande momento para Jorge Jesus festejar. Afinal de contas, foi o seu primeiro (e muitos mais viriam, prometeu o próprio) título na carreira.
Fora de campo, a conversa foi outra. Foram muitos os confrontos entre adeptos, num clima incendiado pelo caso do túnel da Luz, que valeu a suspensão a Hulk e Sapunaru, e pela crescente sensação de que o FC- Porto não conseguiria chegar ao pentacampeonato. Com a panela a aquecer cada vez mais, a pressão teria de sair por algum lado. E não foi bonito.
Tri encarnado
Se calhar, fazer finais no Algarve não é assim tão boa ideia. Deve ter sido isso que os responsáveis pensaram depois dos problemas das duas edições anteriores. Em Coimbra, em 2010/2011, o Benfica voltou a ser o vencedor, derrotando desta vez o Paços de Ferreira por 2-1. No papel, foi tudo muito bonito mas em campo não foi bem assim. A vencer por 2-0 ao intervalo, o Benfica tirou o pé do acelerador e sofreu o 1-2. Até ao final, sofreu muito e foi brindado com muitos assobios dos adeptos. Nem parecia uma final.
Os ingleses tinham uma. Os franceses tinham uma. Os portugueses acharam que ter uma também era uma boa ideia. Sim, estamos a falar da Taça da Liga. Não há outra prova em Portugal tão conturbada como esta. Desde a criação, em 2007, muitas têm sido as críticas. Para que serve? O que ganha o vencedor? Por que é que os grandes são sempre favorecidos no sorteio em detrimento das equipas mais pequenas? Por que se reduziu o campeonato para permitir que o calendário tivesse espaço para uma prova sem grande finalidade? Ainda assim, a prova sobrevive. Já teve quatro edições e as histórias, polémicas ou não, multiplicam-se. Há sempre alguma coisa a acontecer. O FC Porto garante sempre que não é uma prioridade, o Benfica é o rei com três títulos (o V. Setúbal ganhou o primeiro) e o Sporting perdeu duas finais nos penáltis.
Janeiro é o mês em que a competição arranca em força e, para não estar destreinado, é melhor recordar as melhores histórias da prova. Porque nunca se sabe as que se vão repetir.
O Milagre do Fátima
Terceira eliminatória da prova. Decide-se numa mão e o FC Porto vai jogar a Fátima. Jesualdo Ferreira mostra pela primeira vez que a competição não era uma prioridade. O onze teve nomes como Rui Pedro, Kazmierczak, Lenadro Lima, Lino ou João Paulo e os homens de Rui Vitória (sim, o actual treinador do V. Guimarães orientava o Fátima) aguentaram o nulo até aos penáltis. Aí, 4-2 para os da casa. Assim nasceram os primeiros tomba-gigantes da competição.
A primeira polémica
Foi no mesmo dia do Fátima-FC Porto, 26 de Setembro de 2007. O Benfica jogou na Reboleira com o Estrela e esteve a segundos de ser eliminado. Jogava-se o terceiro minuto dos descontos quando Duarte Gomes descobriu uma grande penalidade por alegada mão de Wagnão, graças ao aviso de um árbitro assistente. Adu não desperdiçou e no desempate por grandes penalidades, a sorte sorriu aos encarnados. Foi a primeira grande polémica com a arbitragem na competição mas não a que deixou mais marcas. Essa estava guardada para mais tarde.
Um vencedor improvável
A primeira final. A 22 de Março de 2008, o V. Setúbal derrotou o Sporting no desempate por grandes penalidades. Carlos Carvalhal treinava a equipa sadina e Pitbull e o guarda-redes Eduardo eram as grandes figuras (o melhor marcador, Matheus, falhou a final). Nos momentos decisivos, Eduardo tornou-se no grande herói ao defender os remates de Polga, Liedson e Izmailov.
A primeira goleada
Sim, já sabemos que o FC Porto não vive para a Taça da Liga mas isso não quer dizer que se ponha a jeito de sofrer derrotas pesadas dos principais rivais. Mas foi isso que aconteceu na meia-final da segunda edição, a 4 de Fevereiro de 2009. Tarik Sektioui ainda adiantou os dragões mas o Sporting respondeu com quatro golos (Romagnoli e Derlei bisaram) e garantiu presença na final. Contra o Benfica.
Que grande trapalhada
A segunda final prometia. De um lado o Sporting, do outro o Benfica. Pereirinha adiantou os leões mas aos 75 minutos, Lucílio Baptista mudou o rumo do jogo. A bola bateu no peito de Pedro Silva mas o trio de arbitragem foi praticamente consensual em dizer que era grande penalidade. O defesa do Sporting perdeu a cabeça e deu uma peitada no árbitro. Paulo Bento não gostou e fez o famoso gesto com a mão acompanhado de um "roubar, roubar!" Reyes não desperdiçou e levou o jogo para penáltis. O Sporting voltou a desperdiçar a oportunidade de ganhar uma Taça da Liga. Mas a polémica não acabou aí. Pedro Silva não quis ficar com a medalha e atirou-a para longe. Os responsáveis do Sporting juntaram-se aos protestos mas o melhor que conseguiram foi uma resposta provocatória do Benfica: primeiro numa conferência de imprensa promovida por João Gabriel ao lado do troféu, depois com uma declaração de Carlos Martins na capa do "Record": "Eles com o mal-estar e eu com a Taça."
A outra goleada
Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti. É uma máxima que o Sporting aprendeu da pior forma. Um ano e cinco dias depois de aplicar o 4-1 ao FC Porto, recebeu o Benfica nas meias- -finais da prova. O resultado foi o mesmo, mas para a equipa da Luz. João Pereira foi expulso nos primeiros minutos e o domínio encarnado nunca esteve em causa.
Liedson ainda tentou reagir fazendo o golo após David Luiz e Ramires marcarem para o Benfica. Na segunda parte, tudo pendeu a favor dos encarnados. Luisão e Cardozo marcaram e ficou a sensação que o resultado poderia ter sido mais pesado.
A primeira de Jesus
O Benfica estava imparável. Depois do 4-1 ao Sporting, o 3-0 ao FC Porto na final. A vitória, dentro de campo, foi indiscutível, mas mais uma vez a final algarvia foi recheada de polémica. Centremo-nos primeiro no aspecto desportivo. Os encarnados, a caminho do título nacional, eram favoritos e fizeram questão de o demonstrar em campo com uma vitória por 3-0. Rúben Amorim inaugurou o marcador aos dez minutos, num lance em que Nuno foi muito mal batido, e Carlos Martins e Cardozo aumentaram a contagem para fixar o 3-0 final. Era o aviso de que o Benfica estava a chegar e o primeiro grande momento para Jorge Jesus festejar. Afinal de contas, foi o seu primeiro (e muitos mais viriam, prometeu o próprio) título na carreira.
Fora de campo, a conversa foi outra. Foram muitos os confrontos entre adeptos, num clima incendiado pelo caso do túnel da Luz, que valeu a suspensão a Hulk e Sapunaru, e pela crescente sensação de que o FC- Porto não conseguiria chegar ao pentacampeonato. Com a panela a aquecer cada vez mais, a pressão teria de sair por algum lado. E não foi bonito.
Tri encarnado
Se calhar, fazer finais no Algarve não é assim tão boa ideia. Deve ter sido isso que os responsáveis pensaram depois dos problemas das duas edições anteriores. Em Coimbra, em 2010/2011, o Benfica voltou a ser o vencedor, derrotando desta vez o Paços de Ferreira por 2-1. No papel, foi tudo muito bonito mas em campo não foi bem assim. A vencer por 2-0 ao intervalo, o Benfica tirou o pé do acelerador e sofreu o 1-2. Até ao final, sofreu muito e foi brindado com muitos assobios dos adeptos. Nem parecia uma final.
1 comentários:
E continua a ser contada INCOMPLETA a história da primeira Taça da Liga ganha (bem) pelo Benfica! A grande penalidade, a favor do Benfica, foi uma aberração da arbitragem. Correcto! Mas o Sporting estava a ganhar imerecidamente com um lance precedido de falta (puxaram os calções ao Maxi desviando-o da bola)! Fod........ NÃO SE FALA DISTO?
Enviar um comentário
Qual a tua opinião?
Usa e abusa deste formulário para tecer as tuas ideias em defesa do GLORIOSO SLB!!