Crónicas de João Gobern, in Record,
Estes dias de trégua servem para arrumarmos as despedidas, para pacificarmos as lembranças e para listarmos os desejos para o que aí vem. A mim, por exemplo, deu-me para recordar uma noite quente de junho de 2009 em que, com surpresa, vi o dirigente de um grande clube desportivo, homem tido como poderoso, sagaz, irónico e implacável, atravessar toda a sala de um restaurante – adequadamente chamado Líder –, da mesa em que jantava até à minha, estender-me a mão, sentar-se diante de mim e ficar à conversa comigo e com os meus (seletos) parceiros de circunstância.
O meu espanto era ainda mais compreensível quanto, nas semanas anteriores, tinha havido um bate-boca público entre mim e esse agente desportivo, hoje cada vez mais próximo do estatuto “vitalício”. Tivemos, de resto, um rápido diálogo a respeito desses “confrontos”. Começou ele: “O senhor chamou-me obtuso”. Respondi eu: “E o senhor, presidente, chamou-me obeso”. Rematou ele: “Não se preocupe. A maioria das pessoas que nos ouviu ou leu não sabe o que nenhuma delas quer dizer…”.
Julguei que o assunto estava encerrado e o machado de guerra enterrado. Afinal, tudo se passara na mesa do grande Líder, o restaurante, que, na circunstância, era a minha casa. Puro engano: no final do jogo FC Porto-Marítimo, o homem que até há pouco olhava para um árbitro e via um herói, quis crucificar Duarte Gomes (e não só), por causa de um penálti não assinalado sobre Belluschi. No seu estilo gongórico, pediu que as imagens desse lance e de outros presenciados pelo juiz em questão fossem exibidos para essa espécie terrível dos comentadores, em especial “o senhor obeso da RTP Informação” – eu. Acontece que eu, que me orgulho de não usar palas nos olhos, tinha acabado de dizer que Duarte Gomes deixara por marcar um penálti evidente. Mais: o senhor obtuso do Estádio do Dragão ainda voltaria a dirigir-se a mim, mencionando a imagem que usei relativamente a Vítor Pereira, que deveria ter-se apresentado aos sócios e adeptos do FC Porto “de corda ao pescoço” (as aspas já lá estavam) e assim assumir a responsabilidade pela queda dos campeões nacionais na Champions. Qual é a dúvida, se pararmos de vez com as hipocrisias? Houve ou não falhanço, para o qual contribuiu o demérito do técnico? A exigente massa associativa do FC Porto está com Pereira? E este ainda estaria na cadeira dos sonhos de outrem se não resultasse de uma aposta pessoal (de emergência, é certo) do presidente?
Quando fui informado, dias depois, do novo raid do senhor obtuso, lamentei que, num mundo em mudança, haja quem já nada aprende... Sei, isso sim, é que tenho saudades do querido Líder – o restaurante, claro. E aproveito para desejar Bom Ano a todos. Até a Jorge Nuno Pinto da Costa.
Estes dias de trégua servem para arrumarmos as despedidas, para pacificarmos as lembranças e para listarmos os desejos para o que aí vem. A mim, por exemplo, deu-me para recordar uma noite quente de junho de 2009 em que, com surpresa, vi o dirigente de um grande clube desportivo, homem tido como poderoso, sagaz, irónico e implacável, atravessar toda a sala de um restaurante – adequadamente chamado Líder –, da mesa em que jantava até à minha, estender-me a mão, sentar-se diante de mim e ficar à conversa comigo e com os meus (seletos) parceiros de circunstância.
O meu espanto era ainda mais compreensível quanto, nas semanas anteriores, tinha havido um bate-boca público entre mim e esse agente desportivo, hoje cada vez mais próximo do estatuto “vitalício”. Tivemos, de resto, um rápido diálogo a respeito desses “confrontos”. Começou ele: “O senhor chamou-me obtuso”. Respondi eu: “E o senhor, presidente, chamou-me obeso”. Rematou ele: “Não se preocupe. A maioria das pessoas que nos ouviu ou leu não sabe o que nenhuma delas quer dizer…”.
Julguei que o assunto estava encerrado e o machado de guerra enterrado. Afinal, tudo se passara na mesa do grande Líder, o restaurante, que, na circunstância, era a minha casa. Puro engano: no final do jogo FC Porto-Marítimo, o homem que até há pouco olhava para um árbitro e via um herói, quis crucificar Duarte Gomes (e não só), por causa de um penálti não assinalado sobre Belluschi. No seu estilo gongórico, pediu que as imagens desse lance e de outros presenciados pelo juiz em questão fossem exibidos para essa espécie terrível dos comentadores, em especial “o senhor obeso da RTP Informação” – eu. Acontece que eu, que me orgulho de não usar palas nos olhos, tinha acabado de dizer que Duarte Gomes deixara por marcar um penálti evidente. Mais: o senhor obtuso do Estádio do Dragão ainda voltaria a dirigir-se a mim, mencionando a imagem que usei relativamente a Vítor Pereira, que deveria ter-se apresentado aos sócios e adeptos do FC Porto “de corda ao pescoço” (as aspas já lá estavam) e assim assumir a responsabilidade pela queda dos campeões nacionais na Champions. Qual é a dúvida, se pararmos de vez com as hipocrisias? Houve ou não falhanço, para o qual contribuiu o demérito do técnico? A exigente massa associativa do FC Porto está com Pereira? E este ainda estaria na cadeira dos sonhos de outrem se não resultasse de uma aposta pessoal (de emergência, é certo) do presidente?
Quando fui informado, dias depois, do novo raid do senhor obtuso, lamentei que, num mundo em mudança, haja quem já nada aprende... Sei, isso sim, é que tenho saudades do querido Líder – o restaurante, claro. E aproveito para desejar Bom Ano a todos. Até a Jorge Nuno Pinto da Costa.
2 comentários:
Benfiquista que se preze nao trata Pinto da Costa por presidente.
MS so se for de reclusos.
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