Neste blog utilizo textos e imagens retiradas de diversos sites na web. Se os seus autores tiverem alguma objecção, por favor contactem-me, e retirarei o(s) texto(s) e a(s) imagem(ns) em questão.

04 fevereiro 2011

As transferências de David Luiz e Liedson


As transferências de David Luiz e de Liedson deixaram o paupérrimo futebol português ainda mais falho de cabeças de cartaz. Não sendo uma inevitabilidade, ambas as vendas acabam por resultar aceitáveis à luz das circunstâncias e da necessidade de tanto o Benfica como o Sporting manterem os equilíbrios. Na tesouraria e nos humores do balneário.

São, obviamente, situações muito distintas. Desde logo pela disparidade dos valores envolvidos. Mas também com contornos e especificidades que se tocam. A gestão financeira do Benfica pode não estar tão dependente do garrote bancário como a do Sporting, mas ficou também evidente a necessidade que o clube da Luz tinha de realizar um suculento encaixe. Assim se compreende que o Benfica tenha aceitado uma oferta do Chelsea com valores substancialmente mais reduzidos do que outras recebidas na Luz no último Verão. Que tenha acabado por aceitar uma proposta que não diferia em muito da que tinha recusado poucos dias antes. E ainda que Luís Filipe Vieira se tenha deslocado a Londres, a meio do processo, para negociar com os responsáveis ingleses - quem costuma viajar são os dirigentes do clube comprador.



A verdade é que a opção acaba por fazer sentido até do ponto de vista económico. Porque o mercado futebolístico está hoje diferente, para muito pior. E porque, somando as várias parcelas (25 milhões a pronto pagamento, 3,5 milhões de prémio por objectivos, receita do jogo na Luz e o passe de Matic), David Luiz acaba por ser uma das maiores transferências conseguidas pelo Benfica na sua história (Di María foi vendido por 33 milhões, Ramires por 22 milhões e Simão Sabrosa por 20 milhões). O que não deixa de ser relevante até por ter ocorrido na reabertura do mercado em Janeiro, normalmente menos propícia a negócios avultados. Mais, os 23 milhões recebidos imediatamente tornam a transferência de David Luiz a décima mais relevante a nível internacional, subindo para o quinto lugar se lhe acrescentarmos as restantes mais-valias, designadamente a garantia de que será o Chelsea a responsabilizar-se pelas percentagens que cabem aos empresários e aos clubes formadores.



Claro que os cinco milhões em que foi avaliado Matic parecem um excesso de boa vontade, até porque se há algo que o Benfica parece não precisar hoje é de um médio-defensivo (seria bem mais razoável que recebesse um lateral). No entanto, o sérvio que o Chelsea mantém emprestado ao Vitesse até ao final da presente época tem apenas 22 anos e distingue-se não só pela elevada estatura (1,94 m), mas também pela qualidade do seu pé esquerdo. Não é um craque, mas sabe posicionar-se e tem qualidade de passe, mesmo a longa distância. Pode dar jeito a funcionar num 4x4x2 clássico, agora que Jorge Jesus descobriu que o duplo pivô defensivo também serve para ganhar jogos difíceis.



Independentemente do valor da recompensa, há ainda que avaliar a vertente desportiva. David Luiz ia na quarta época e meia na Luz, mas vale hoje um pouco menos do que valia há cinco meses. Porque não manteve o mesmo nível exibicional. Por culpa do início de época tremido do Benfica, mas também por culpa própria, ficando a ideia de que não lidou bem com a circunstância de ver partir Di María e Ramires e ele ter sido obrigado a continuar em Lisboa. Ora, tendo em conta que o Chelsea lhe oferecia a chance de quase triplicar o ordenado, era normal que a situação se repetisse e que o jovem brasileiro voltasse a acusar alguma instabilidade psicológica.



David Luiz tem uma qualidade acima de qualquer suspeita e pode vir a consagrar-se como um dos melhores defesas-centrais do mundo. Essa evidência contribuiu para que alguma crítica defendesse que a sua saída iria tornar-se numa grande dor de cabeça para Jorge Jesus, por falta de alternativas credíveis. Nesse sentido foi também entendida a contratação de Jardel, apresentado como a solução de futuro. Independentemente do valor do ex-Olhanense, tratou-se de uma visão injusta para Sidnei, como anteontem ficou provado no Dragão. Resolvido o problema de excesso de peso, que foi notório a certa altura, o central brasileiro está mais do que preparado para formar uma grande dupla com Luisão, até em termos de complementaridade. Tem apenas 21 anos, mas não me admiraria que dentro de pouco tempo tenha um valor de mercado equiparável ao de David Luiz.



No que respeita a Liedson, devemos também contar com o peso da vontade do jogador, havendo notícias de que o avançado estaria a criar focos de tensão em resultado da sua vontade irredutível de se mudar para o Corinthians. Os 2,1 milhões de euros (tudo indica que incluem os 600 mil que o Sporting devia ao avançado à conta de prémio de assinatura do seu último contrato e que irão agora ser pagos pelo clube brasileiro) não parecem um valor de monta e capaz de influenciar a decisão de prescindir do melhor jogador e goleador sportinguista da última década. Mas numa casa em que todos os tostões têm de ser hoje contados, não deixa de ser importante cortar na folha salarial os 150 mil euros mensais que se diz ser o vencimento de Liedson, mesmo que pareça pouco ortodoxo que esse facto acabe contabilizado na comunicação enviada à CMVM.



Depois, Liedson tem 33 anos, vai na oitava época de leão ao peito e ficaria livre no final da próxima temporada. Também por isso, seria razoável que o Sporting aproveitasse a circunstância da sua saída para encontrar uma solução de qualidade e de futuro, mais a mais numa fase em que os actuais objectivos desportivos já são muito limitados. Por isso, o problema não foi aceitar a sua transferência. Foi não ter tratado atempadamente de uma alternativa credível e exequível - Kléber teria sido uma boa solução, mas saltava à vista que o FC Porto e o polémico presidente do Atlético Mineiro não estavam pelos ajustes...





A impressão digital de Jorge Jesus

Jorge Jesus pode não se distinguir pela verve imaculada, mas acabou por ter a explicação mais certeira para o que se passou no último FC Porto-Benfica: "A colocação do Peixoto visava não dar muitos espaços ao Belluschi, que tem muito jogo interior e dá largura ao jogo do FC Porto. Na última vez, não conseguimos impedir as diagonais de João Moutinho e Belluschi, por isso mudámos", referiu após um triunfo em que ficaram evidentes as impressões digitais do treinador. Faltou-lhe acrescentar que a defesa subida inclinou o campo a favor do Benfica, enquanto o FC Porto se limitou a combater com dignidade, mas mostrando-se sempre um conjunto pesadote, mal articulado e sem nenhuma solução para os problemas que se lhe colocaram. Não era só uma questão de jogo, mas também de voltagem. Agora, a grande questão é saber como Villas-Boas vai gerir o insucesso.



Convocatória de Paulo Bento sem polémica

É difícil polemizar em torno da convocatória da selecção nacional. Paulo Bento foi coerente nas escolhas, mesmo na chamada de Ventura como terceiro guarda-redes. O guarda-redes que o FC Porto mantém emprestado em Portimão pode não estar a fazer uma época do outro mundo, mas não há muitas alternativas credíveis. E não deixa de ter lógica dar uma oportunidade a quem tem passado nas selecções jovens e é o titular dos sub-21. O regresso de Quaresma, que só não tinha estado nos jogos anteriores por se ter lesionado, era obrigatório, mais a mais agora que não há Simão. Pode, claro, discutir-se a ausência de Liedson, numa altura em que Postiga regressa de uma lesão. Mas este último até foi titular frente à Espanha e saiu-se bem. Com o regresso ao futebol brasileiro, é provável que Liedson se torne cada vez menos solução, como de alguma forma acabou por reconhecer Bento. Claro que ninguém estranharia se o seleccionador tivesse chamado Manuel Fernandes (anteontem marcou dois golos na Turquia) em vez de Paulo Machado.

0 comentários:

Enviar um comentário

Qual a tua opinião?
Usa e abusa deste formulário para tecer as tuas ideias em defesa do GLORIOSO SLB!!