Caso se repetissem os resultados da época passada nas dez jornadas da liga portuguesa que resta disputar, o FC Porto iria garantir a conquista do título nacional, terminando, nesse caso, com cinco pontos de vantagem sobre o Benfica. A extrapolação é apenas um indicador e não é, obviamente, totalmente fiável, até porque os portistas irão defrontar o Portimonense (fora), com quem não jogaram em 2009/10, não havendo por isso qualquer termo de comparação. Acontece o mesmo com o Benfica relativamente ao mesmo Portimonense e também ao Beira-Mar (ambos na Luz).
Nas nove jornadas da época passada em que defrontou os mesmos adversários (e nos mesmos estádios) que ainda lhe restam defrontar no actual calendário, o FC Porto desperdiçou oito pontos, todos fora de portas (ver quadro). Perdeu na Luz (1-0), empatou em Paços de Ferreira (2-2) e perdeu nos Barreiros, no Funchal. O Benfica, por seu lado, nos oito jogos em questão, saiu derrotado de Braga (2-0) e cedeu dois pontos em Olhão (2-2). Ou seja, o FC Porto desperdiçou um total de oito pontos, enquanto as perdas do Benfica se resumiram a cinco pontos. Como a actual vantagem do FC Porto no campeonato sobre o seu mais directo perseguidor é de oito pontos, o FC Porto manteria uma confortável margem de segurança no caso de desfechos idênticos.
Acresce que o FC Porto tem ainda a vantagem de ter batido o Benfica no Dragão por cinco golos sem resposta, na primeira volta do actual campeonato. Jorge Jesus ter-se-á esquecido desse pormenor quando, após o importante triunfo do Benfica em Alvalade, afirmou que a sua equipa estava agora a apenas cinco pontos do líder. Para além de ter dado como garantida a vitória sobre o FC Porto no encontro que apenas terá lugar na 25.ª jornada, terá desvalorizado a necessidade de marcar seis golos sem resposta à equipa portista, o que não é muito verosímil. Caso isso não aconteça, o Benfica terá de anular, de facto, nove pontos.
O Benfica tem a seu favor o facto de ir disputar cinco jogos no seu estádio e outros campos alheios, enquanto o FC Porto jogará apenas quatro vezes no Dragão, sendo que uma das suas seis viagens será exactamente à Luz. Acresce que os portistas terão ainda que se haver, no seu estádio, com o Sporting, o que não deixa de ser um jogo com algum risco, mesmo levando em conta a presente debilidade que a equipa "leonina" denota. Mas o Benfica também terá de ter muito cuidado, principalmente nas deslocações a Paços de Ferreira (onde mora o surpreendente quinto classificado), a Braga, a Olhão e até a Vila do Conde.
Salta, por isso, à vista que só uma verdadeira hecatombe poderá fazer com que o FC Porto desbarate toda a sua vantagem. Nas 20 jornadas já realizadas, a equipa de André Villas-Boas desperdiçou apenas quatro pontos (empatou em Alvalade e em Guimarães), somando 56 dos 60 possíveis. O Benfica, que totaliza 48 pontos, deixou pelo caminho 12 pontos, fruto de quatro derrotas. Três delas aconteceram nas quatro primeiro jornadas (em casa com a Académica e fora com o Nacional e o Guimarães) e a restante foi a já referida goleada sofrida no Dragão.
Por isso, é incontornável a conclusão de que o Benfica hipotecou as suas ambições com o pior arranque de campeonato da sua história. É verdade que o FC Porto teve recentemente uma quebra considerável de produção, fruto de algumas ausências importantes e, quiçá, também de algum deslumbramento. Mas isso acabou por não se reflectir nas contas do campeonato, ao contrário do que aconteceu na Taça da Liga. Mais do que isso, com os regressos de Álvaro Pereira e Falcão, fica a ideia de que os portistas recebem um suplemento vitamínico importante, até porque a segunda delas implica o regresso de Hulk aos terrenos onde ele é mais desequilibrante e explosivo. A derrota frente ao Sevilha poderia ter deixado sequelas se tivesse resultado no afastamento da Liga Europa. Assim, o mais provável é que seja apenas vista como um acidente de percurso, até pelas circunstâncias estranhas em que aconteceu, num jogo em que ficou a ideia que os portistas poderiam ficar toda a noite a rematar à baliza de Varas que a bola jamais acabaria por entrar.
Esta realidade não é a mais atractiva para quem gostaria de assistir a um campeonato competitivo e ainda interessante até ao fim, algo em que é difícil de acreditar até levando em linha de conta o excessivo desnível que existe entre o FC Porto e o Benfica e todos os restantes adversários, no que acaba por ser um dos grandes óbices do futebol português. De facto, seria bem mais aliciante assistir a um braço-de-ferro duradoiro entre as duas principais equipas portuguesas. Até para o negócio desta indústria em que há tantos interesses paralelos, designadamente os ligados aos sectores das apostas desportivas e da própria comunicação social.
Com o Benfica de regresso ao futebol-champanhe e com o FC Porto ainda e sempre fiável, a coisa prometia. Mas o FC Porto acaba por ser o menos culpado por isso provavelmente não ir acontecer...
O que resta jogar
Benfica*
21.ª Benfica-Marítimo (1-1)
22.ª Sp. Braga-Benfica (2-0)
23.ª Benfica-Portimonense**
24.ª P. Ferreira-Benfica (1-3)
25.ª Benfica-FC Porto (1-0)
26.ª Naval-Benfica (2-4)
27.ª Benfica-Beira-Mar**
28.ª Olhanense-Benfica (2-2)
29.ª Rio Ave-Benfica (0-1)
30.ª Benfica-U. Leiria (3-0)
FC Porto*
21.ª Olhanense-FC Porto (0-3)
22.ª FC Porto-Guimarães (3-0)
23.ª U. Leiria-FC Porto (1-4)
24.ª FC Porto-Académica (3-2)
25.ª Benfica-FC Porto (1-0)
26.ª Portimonense**-FC Porto
27.ª FC Porto-Sporting (1-0)
28.ª V. Setúbal-FC Porto (2-5)
29.ª FC Porto-P. Ferreira (1-1)
30.ª Marítimo-FC Porto (1-0)
* Entre parêntesis, os resultados verificados na época passada
** Equipas promovidas
A honestidade do Atlético de Madrid
A história deu que falar em Espanha e resultou de uma carta de um associado do Atlético de Madrid dirigida ao director do jornal Marca, em que o leitor expressava a sua inquietude face à possibilidade de o seu clube decidir vender o avançado Aguero já depois de os sócios pagarem os seus lugares anuais no estádio. Defendia o autor da missiva que, nesse caso, o Atlético deveria devolver o dinheiro a todos aqueles que quisessem anular a inscrição. A preocupação tem razão de ser, porque há antecedentes recentes: Heitinga, Jurado e Simão Sabrosa. Mas o mais surpreendente é que aquela simples carta acabou por ter efeitos imediatos. Os responsáveis do clube madrileno emitiram um comunicado em que se comprometiam a tornar pública uma lista de jogadores inegociáveis antes de começarem a cobrar as cadeiras anuais. Só não se trata de uma garantia total porque todos os jogadores em Espanha são obrigados a ter no seu contrato um valor por que podem ser transferidos mesmo sem o acordo do clube. Mas não deixa de ser algo de raro em termos de credibilidade, transparência e até honestidade... Alguém acredita que isso possa algum dia acontecer em Portugal?
O triste surrealismo das associações
Seria uma situação apenas surrealista se não fosse também triste e lamentável. As associações que vêm funcionando como minoria de bloqueio à adequação dos estatutos da federação tinham, finalmente, garantido ir votar favoravelmente as alterações previstas se Gilberto Madaíl lhes apresentasse provas de que a UEFA e a FIFA entendem que as regras impostas pelo novo Regime Jurídico das Federações Desportivas não chocam com os próprios regulamentos das duas entidades que gerem o futebol internacional. Ora, numa reunião tida esta semana com as referidas associações, Madaíl apresentou-se com duas cartas nas quais a FIFA e a UEFA assumiam que a "lei desportiva portuguesa não está em conflito" com nenhuma das suas regras ou princípios. As associações dizem agora que a resposta não foi suficientemente esclarecedora e que querem elas mesmo reunir com a UEFA e com FIFA. Só se for para lhes perguntar se podem ser elas a escolher os próximos presidentes dos conselhos de disciplina e de arbitragem...
Nas nove jornadas da época passada em que defrontou os mesmos adversários (e nos mesmos estádios) que ainda lhe restam defrontar no actual calendário, o FC Porto desperdiçou oito pontos, todos fora de portas (ver quadro). Perdeu na Luz (1-0), empatou em Paços de Ferreira (2-2) e perdeu nos Barreiros, no Funchal. O Benfica, por seu lado, nos oito jogos em questão, saiu derrotado de Braga (2-0) e cedeu dois pontos em Olhão (2-2). Ou seja, o FC Porto desperdiçou um total de oito pontos, enquanto as perdas do Benfica se resumiram a cinco pontos. Como a actual vantagem do FC Porto no campeonato sobre o seu mais directo perseguidor é de oito pontos, o FC Porto manteria uma confortável margem de segurança no caso de desfechos idênticos.
Acresce que o FC Porto tem ainda a vantagem de ter batido o Benfica no Dragão por cinco golos sem resposta, na primeira volta do actual campeonato. Jorge Jesus ter-se-á esquecido desse pormenor quando, após o importante triunfo do Benfica em Alvalade, afirmou que a sua equipa estava agora a apenas cinco pontos do líder. Para além de ter dado como garantida a vitória sobre o FC Porto no encontro que apenas terá lugar na 25.ª jornada, terá desvalorizado a necessidade de marcar seis golos sem resposta à equipa portista, o que não é muito verosímil. Caso isso não aconteça, o Benfica terá de anular, de facto, nove pontos.
O Benfica tem a seu favor o facto de ir disputar cinco jogos no seu estádio e outros campos alheios, enquanto o FC Porto jogará apenas quatro vezes no Dragão, sendo que uma das suas seis viagens será exactamente à Luz. Acresce que os portistas terão ainda que se haver, no seu estádio, com o Sporting, o que não deixa de ser um jogo com algum risco, mesmo levando em conta a presente debilidade que a equipa "leonina" denota. Mas o Benfica também terá de ter muito cuidado, principalmente nas deslocações a Paços de Ferreira (onde mora o surpreendente quinto classificado), a Braga, a Olhão e até a Vila do Conde.
Salta, por isso, à vista que só uma verdadeira hecatombe poderá fazer com que o FC Porto desbarate toda a sua vantagem. Nas 20 jornadas já realizadas, a equipa de André Villas-Boas desperdiçou apenas quatro pontos (empatou em Alvalade e em Guimarães), somando 56 dos 60 possíveis. O Benfica, que totaliza 48 pontos, deixou pelo caminho 12 pontos, fruto de quatro derrotas. Três delas aconteceram nas quatro primeiro jornadas (em casa com a Académica e fora com o Nacional e o Guimarães) e a restante foi a já referida goleada sofrida no Dragão.
Por isso, é incontornável a conclusão de que o Benfica hipotecou as suas ambições com o pior arranque de campeonato da sua história. É verdade que o FC Porto teve recentemente uma quebra considerável de produção, fruto de algumas ausências importantes e, quiçá, também de algum deslumbramento. Mas isso acabou por não se reflectir nas contas do campeonato, ao contrário do que aconteceu na Taça da Liga. Mais do que isso, com os regressos de Álvaro Pereira e Falcão, fica a ideia de que os portistas recebem um suplemento vitamínico importante, até porque a segunda delas implica o regresso de Hulk aos terrenos onde ele é mais desequilibrante e explosivo. A derrota frente ao Sevilha poderia ter deixado sequelas se tivesse resultado no afastamento da Liga Europa. Assim, o mais provável é que seja apenas vista como um acidente de percurso, até pelas circunstâncias estranhas em que aconteceu, num jogo em que ficou a ideia que os portistas poderiam ficar toda a noite a rematar à baliza de Varas que a bola jamais acabaria por entrar.
Esta realidade não é a mais atractiva para quem gostaria de assistir a um campeonato competitivo e ainda interessante até ao fim, algo em que é difícil de acreditar até levando em linha de conta o excessivo desnível que existe entre o FC Porto e o Benfica e todos os restantes adversários, no que acaba por ser um dos grandes óbices do futebol português. De facto, seria bem mais aliciante assistir a um braço-de-ferro duradoiro entre as duas principais equipas portuguesas. Até para o negócio desta indústria em que há tantos interesses paralelos, designadamente os ligados aos sectores das apostas desportivas e da própria comunicação social.
Com o Benfica de regresso ao futebol-champanhe e com o FC Porto ainda e sempre fiável, a coisa prometia. Mas o FC Porto acaba por ser o menos culpado por isso provavelmente não ir acontecer...
O que resta jogar
Benfica*
21.ª Benfica-Marítimo (1-1)
22.ª Sp. Braga-Benfica (2-0)
23.ª Benfica-Portimonense**
24.ª P. Ferreira-Benfica (1-3)
25.ª Benfica-FC Porto (1-0)
26.ª Naval-Benfica (2-4)
27.ª Benfica-Beira-Mar**
28.ª Olhanense-Benfica (2-2)
29.ª Rio Ave-Benfica (0-1)
30.ª Benfica-U. Leiria (3-0)
FC Porto*
21.ª Olhanense-FC Porto (0-3)
22.ª FC Porto-Guimarães (3-0)
23.ª U. Leiria-FC Porto (1-4)
24.ª FC Porto-Académica (3-2)
25.ª Benfica-FC Porto (1-0)
26.ª Portimonense**-FC Porto
27.ª FC Porto-Sporting (1-0)
28.ª V. Setúbal-FC Porto (2-5)
29.ª FC Porto-P. Ferreira (1-1)
30.ª Marítimo-FC Porto (1-0)
* Entre parêntesis, os resultados verificados na época passada
** Equipas promovidas
A honestidade do Atlético de Madrid
A história deu que falar em Espanha e resultou de uma carta de um associado do Atlético de Madrid dirigida ao director do jornal Marca, em que o leitor expressava a sua inquietude face à possibilidade de o seu clube decidir vender o avançado Aguero já depois de os sócios pagarem os seus lugares anuais no estádio. Defendia o autor da missiva que, nesse caso, o Atlético deveria devolver o dinheiro a todos aqueles que quisessem anular a inscrição. A preocupação tem razão de ser, porque há antecedentes recentes: Heitinga, Jurado e Simão Sabrosa. Mas o mais surpreendente é que aquela simples carta acabou por ter efeitos imediatos. Os responsáveis do clube madrileno emitiram um comunicado em que se comprometiam a tornar pública uma lista de jogadores inegociáveis antes de começarem a cobrar as cadeiras anuais. Só não se trata de uma garantia total porque todos os jogadores em Espanha são obrigados a ter no seu contrato um valor por que podem ser transferidos mesmo sem o acordo do clube. Mas não deixa de ser algo de raro em termos de credibilidade, transparência e até honestidade... Alguém acredita que isso possa algum dia acontecer em Portugal?
O triste surrealismo das associações
Seria uma situação apenas surrealista se não fosse também triste e lamentável. As associações que vêm funcionando como minoria de bloqueio à adequação dos estatutos da federação tinham, finalmente, garantido ir votar favoravelmente as alterações previstas se Gilberto Madaíl lhes apresentasse provas de que a UEFA e a FIFA entendem que as regras impostas pelo novo Regime Jurídico das Federações Desportivas não chocam com os próprios regulamentos das duas entidades que gerem o futebol internacional. Ora, numa reunião tida esta semana com as referidas associações, Madaíl apresentou-se com duas cartas nas quais a FIFA e a UEFA assumiam que a "lei desportiva portuguesa não está em conflito" com nenhuma das suas regras ou princípios. As associações dizem agora que a resposta não foi suficientemente esclarecedora e que querem elas mesmo reunir com a UEFA e com FIFA. Só se for para lhes perguntar se podem ser elas a escolher os próximos presidentes dos conselhos de disciplina e de arbitragem...
1 comentários:
O porto perde em Leiria por 1-0, golo de Ruben Brigido :D
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