Fez algum furor, sobretudo na Internet, onde tudo se perde quando se transforma, a contratação do defesa Jardel pelo Benfica no dia do jogo com o Olhanense, clube deste Jardel, que acabou por não alinhar na Luz, onde a equipa algarvia foi goleada.
O talisbãs de serviço, que não precisam de estímulos para salivar em qualquer sarjeta, já saltaram a terreiro com a tal teoria conspirativa que visa a verdade desportiva. Presumo que estão a falar da mesma "verdade desportiva" que Rui Santos nos serve em doses cavalares aos domingos à noite e também da "verdade desportiva" que hoje é verdade e amanhã pode ser mentira. É tudo sempre muito relativo.
O caso, já todos sabemos, está enterrado. Mas o processo Apito Dourado foi o melhor exemplo da teoria da relatividade aplicada ao desporto. O universo é de facto infinito e tudo depende da perspectiva. Neste caso, por exemplo, tivemos um juiz de instrução a instaurar um processo a Carolina Salgado por falsas declarações no processo da fruta - e com isto consubstanciando o arquivamento do processo que ia já em fase de instrução - e um colectivo de juízes dois anos depois a absolver a arguida, embora numa fase em que já não havia volta a dar, quando até o próprio Jacinto Paixão ousava aceitar um convite da Benfica TV para comentar o caso, facto que curiosamente passou completamente ao lado da Imprensa da especialidade, já resignada com a falta de relevância de um processo que prometeu muito e deu muito pouco.
Mas adiante.
Voltando a este Jardel, e não ao que cumpre os seus últimos dias atléticos num clube obscuro de Manaus, a questão que se coloca não é:
- Fizeram bem Benfica e Olhanense em serem transparentes?
Mas sim:
- Ai os malandros, quiseram ganharn o jogo nos bastidores...
Um jogo que o Benfica até ganhou com goleada.
Quem anda no futebol sabe bem o que é a figura do "homem da mala", um dia até aflorada em jeito de caso que nem chegou a ser investigado...
O "homem da mala" não é propriamente uma figura do passado. E mais não digo porque muito mais não sei. Mas sei por que o digo...
É fácil atirar pedras ao telhado do vizinho e mais fácil ainda atirar areia para os olhos do pagode.
O que é realmente difícil é alguém conseguir ser sério neste mundo imundo.
Como todos sabemos, o crime da corrupção é muito difícil de ser provado. A figura do arrependido é apenas uma figura de retórica. Por norma, corruptor e corrompido não se acusam, contando com a ajuda de uma polícia sem meios e de uma máquina judicial cheia de amigos, para além da "ratice" de advogados pagos a peso de ouro.
A "contratação" de jogadores pela calada é, de facto, o caso.
Jogadores contratados para ter um dia mau.
Para falhar a saída a um cruzamento.
Para falhar um penálti.
O crime compensa. As carreiras são curtas e os prémios compensadores.
Mas estes acordos, podem acreditar, não são gritados em primeira página.
Estes pactos medram apenas no pântano fedorento do sistema.
1 comentários:
A justiça portuguesa (actual e para os poderosos) baseia-se em dois princípios: o da presunção da inocência e da ilegalidade das escutas.
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