Aqui há uns dias Gaitán foi expulso em Lyon - depois de um daqueles lances infantis que aparecem na vida de qualquer futebolista - e se alguém dissesse que o rapaz era jogador da selecção argentina, o mundo da bola explodia à gargalhada. Mas agora que o canhoto marcou dois grandes golos pelo Benfica, contra a Naval, já faz mais sentido a convocatória de Sergio Batista (o sucessor de Maradona) e a viagem que o atacante faz juntamente com o compatriota Otamendi (FC Porto) e o colega David Luiz (chamado pelo Brasil), para Doha (já agora, o clássico da América do Sul joga-se na quarta-feira no Qatar, matéria analisada nas páginas seguintes).
Nestas páginas ficamos por aquilo que Gaitán e C.a representam para o Benfica, clube hoje com o maior contingente argentino de sempre (a história começou em 1994, com a contratação de Claudio Caniggia) e com tendência para aumentá-lo, eventualmente já no mercado de Janeiro. Gaitán é só mais um entre cinco (Aimar, Saviola, Jara e Salvio) mas está a tornar-se no mais recente exemplo de sucesso, até depois do que fez Di María na época passada. E não, não nos referimos apenas ao que se passa dentro das quatro linhas, porque o trabalho invisível também conta para as conclusões dos dirigentes do Benfica. "Tecnicamente toda a gente percebeu o seu valor e se não percebeu, o Gaitán mostrou no último jogo o que é capaz. Mas o que interessa, igualmente, é que se trata de um miúdo espectacular, boa pessoa, um atleta regrado e sem oscilações ou desvios no comportamento", explica fonte do Benfica ao i.
Ora, perfis como o de Gaitán podem fazer toda a diferença num balneário sempre sujeito a tensões. "Ele integrou--se bem e, claro, está muito próximo dos argentinos, especialmente do Jara e do Aimar. Os argentinos formam um grupo mas por ali não há problemas. Já com os brasileiros..." Falemos então de brasileiros. É mais ou menos sabido que David Luiz não se importava de ter saído do Benfica no último Verão, Luisão passa os defesos a pedir o mesmo (e um novo contrato), Sidnei costuma chegar pesado das férias e torce o nariz por jogar pouco. O último a criar menos problemas foi o que já foi embora, Ramires, o queniano azul, hoje no Chelsea.
O Benfica não vai deixar de comprar no Brasil, o mercado mais variado do mundo, mas os euros estão apontados à Argentina, de onde nos últimos dias surgiram os nomes de Funes Mori (avançado de 19 anos do River Plate) e José Luis Fernandez (médio esquerdo de 23 anos do Racing Avellaneda), eventualmente jogadores que podem reforçar a equipa de Jorge Jesus em Janeiro. No último jogo, contra a Naval, as águias desceram ao relvado com quatro argentinos no onze inicial (Aimar, Gaitán, Salvio e Saviola) e não será de admirar se, num futuro próximo, o português com sotaque que se fala no balneário der lugar ao castelhano do outro lado do Atlântico. O plantel ainda tem oito brasileiros mas a preponderância na equipa já foi maior. Apenas David Luiz e Luisão são titulares indiscutíveis, Kardec tem jogado no lugar de Cardozo (lesionado) e elementos como Júlio César, Sidnei e Airton, ou mesmo Weldon e Felipe Menezes são chamados em função das ausências de outros.
Convém lembrar: entre a escola de samba e o salão de tango, o corridinho lá se vai safando com nove portugueses...
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