Por Fernando Seara in A Bola
1 Visita do Papa Bento XVI. Uma surpresa para quem não compreende a forças indómita da fé e o reencontro dos portugueses com as suas raízes profundas. Emocionante a missa em Lisboa, com o Cristo-Rei ao fundo como guardião e protector das duas centenas de milhar de pessoas que encheram o Terreiro do Paço e artérias adjacentes. Do Cais das Colunas, onde gerações de portugueses se fizeram ao mar, Bento XVI apelou à universalização da esperança, feita da paz no coração dos homens. Os três mais emblemáticos e representativos clubes desportivos de Lisboa lá estiveram, dando testemunho de apreço, de respeito e de carinho pelo Papa. A delegação do Benfica, constituída pelo presidente da Fundação Benfica, Carlos Móia, pelo vice-presidente Rui Gomes da Silva, pelo director desportivo, Rui Costa, pelo capitão da equipa de futebol profissional, Nuno Gomes, e por um conjunto de crianças das escolas, não escondeu a emoção de um momento que, seguramente, terá sido marcante para todos.
2 As eleições da Liga. E tudo prossegue como se nada tivesse acontecido. O Regime Jurídico das Federações Desportivas não se cumpre. A Federação Portuguesa de Futebol vê o seu Estatuto de Utilidade Pública Desportiva suspenso por incumprimento da obrigação legal de, dentro do prazo estipulado, compatibilizar os seus Estatutos à nova Lei. A nova Lei desmantela a bicefalia orgânica na Disciplina e na Arbitragem entre Federação e Liga. Ou seja, irão ser eleitos dois órgãos — Comissão Disciplinar da Liga e Conselho de Arbitragem da Liga — cuja existência viola objectivamente preceito legal expresso. E tudo continua como se tudo isto fosse normal, como se a imperatividade legal fosse uma coisa relativa, como se o futebol estivesse num outro mundo que não o do Direito e da autoridade do Estado.
3 Final da Taça de Portugal. Grande a epopeia do Desportivo de Chaves. Num ano desportivo particularmente complexo, com descida de Divisão e submerso numa gravíssima crise financeira, conseguiu a força e a capacidade para, por vez primeira na sua história, chegar ao Jamor. E, como ensina a história do futebol, aqui tudo é possível. Será, obviamente, uma luta desigual. David contra Golias. Mas não pode a equipa do Porto pensar em vitórias antecipadas, nem em facilidades consentidas. O Chaves, como é próprio dos transmontanos, não se verga, nem nunca abdica de lutar. Deixará a pele no relvado, mas obrigará o Porto a jogar o seu melhor. Poderá ser um bom espectáculo. Esperemos que sim. Pela competição, pelo futebol, pelos clubes em compita e pelos portugueses que bem precisam de lavar os olhos da angústia de um dia-a-dia sem rumo e de futuro incógnito.
4 A Selecção Nacional. Todos lhe desejamos sorte. Todos torceremos pelo seu êxito. Todos queremos que o nome do nosso País ecoe em glória pelos Estádios da África do Sul. Todos respeitamos a competência e os pergaminhos técnicos e científicos do seleccionador. E todos vamos acompanhar o estágio da Selecção na atractiva cidade da Covilhã. Que, tal como Viseu o fez, vai acolher com hospitalidade e fervor o conjunto dos jogadores escolhidos por Carlos Queiroz. Sabemos que as opções do seleccionador não foram consensuais. Cada um de nós, vestindo a cor da nossa paixão clubística, gostaria de ter mais jogadores do Benfica, do Sporting ou porventura do Guimarães. Mas, a partir de agora, o nosso clube é a Selecção Nacional. Temos o direito a sonhar e acreditamos que, ao contrário do que alguns julgam, podemos ser uma das surpresas do Mundial da África do Sul. Para já, a Covilhã acolhe apenas sete dos vinte e quatro escolhidos. Só lá para o fim da semana, que agora arranca, a Covilhã e a Serra da Estrela acolherão os restantes dezassete, alguns deles nas disputas finais das competições em que ainda estão envolvidos os seus clubes. O certo é que estamos a um mês — menos um dia — do nosso arranque no Mundial da África do Sul e logo contra uma das principais equipas africanas. Aquela que tem como um dos símbolos Didier Drogba, o avançado que permitiu, ontem, ao Chelsea tornar-se no sétimo clube inglês a conquistar a dobradinha. Os nossos olhares, e a partir da próxima semana de parte da imprensa desportiva internacional, estão centrados na Covilhã. Bem merece o interior de Portugal esta prenda. Uma prenda que a região serrana vai aproveitar e reconhecer.
5 A visita do presidente do Benfica a Timor. Eis o exemplo claro de que o desporto se não esgota na competição, nem nas questões que a rodeiam. A recepção apoteótica de Luís Filipe Vieira nas ruas de Díli tem um significado que ultrapassa o estritamente desportivo. O Benfica, queiram ou não, continua a ser um factor agregador da identidade portuguesa.
6 Morreu o Doutor José Luís Saldanha Sanches. Que se saiba não era um adepto de futebol. Aliás, muitas e muitas foram as suas denúncias sobre factores de corrupção que o perpassam. Mas era um homem vertical e de carácter. Foi, essencialmente, um homem de bem. Este o epitáfio que certamente preferiria.
1 comentários:
O BBQ foi ao ar?
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