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26 abril 2010

Uma época para recordar - Por Fernando Seara


Por Fernando Seara in A Bola

1 O Sport Lisboa e Benfica, pelo que fez nesta época, merece o título de campeão nacional de futebol. Escrevo antes de partir para o Estádio da Luz e ser um dos 65 mil que esgotámos um dos mais belos anfiteatros do mundo. E escrevo antes do apito inicial do árbitro e com a convicção profunda que conquistaremos mais 3 pontos frente a um, decerto, aguerrido Olhanense. Vou com a mesma fé de muitas outras deslocações e com a consciência de que somos, que somos todos nós, o 12.º jogador. Algumas vezes realcei, aqui, o bom futebol que a equipa comandada por Jorge Jesus ia realizando, jornada após jornada, sem vacilações nem precipitações. Mas ninguém me ouviu dizer que o meu clube já era campeão antes de tempo. Em primeiro lugar, por respeito aos adversários directos, em segundo porque acredito que arriscamo-nos a perder quando queremos ganhar demais, como dizia La Fontaine. Faço-o hoje porque entendo que, independentemente do resultado de mais logo entre a Naval 1.º de Maio e o Sporting de Braga, só um verdadeiro cataclismo futebolístico ou um fenómeno paranormal poderá impedir a soma de pontos necessários à vitória final.
E é partindo destes pressupostos que tenho de começar por destacar um dado fundamental nesta campanha. O total das assistências no Estádio da Luz superou, este fim-de-semana, o milhão de espectadores. Uma marca a todos os títulos notável em Portugal, mas que não deve disfarçar o facto de, na presente época, ter havido um decréscimo significativo de assistências nos jogos da primeira Liga, com as excepções do Benfica e do Braga. Sinais de uma crise que todos os portugueses sentem bem, mas que, ainda assim, foi possível debelar para os lados da Luz à custa do imenso potencial humano adepto do clube da águia. E não é de mais realçar que a actual direcção encarnada sempre confiou na dinamização desta realidade, particularmente Luís Filipe Vieira. O presidente do Benfica acreditou, desde o início, que a construção do actual projecto só poderia seguir em frente com todos os benfiquistas e soube criar as condições de confiança e credibilidade para que a resposta, agora, esteja bem à vista de toda a gente.

2 No início desta época havia, pois, de conjugar uma exemplar organização desportiva e do futebol a todas as outras reformas estruturais que se vinham fazendo de há uns anos para cá. A escolha de Jorge Jesus, e o pagamento da respectiva cláusula indemnizatória ao Sporting de Braga, poderá então ter parecido a alguns um acto de gestão fútil e desproporcionado. Agora, nove meses depois, prova-se que a contratação do novo técnico terá sido um dos melhores investimentos da SAD encarnada. A organização da equipa, o seu modelo de jogo atacante e vistoso, a capacidade de motivação psicológica dos jogadores e os altíssimos níveis competitivos que demonstraram não 11 mas perto de 20 atletas, a sua pronta predisposição para o sacrifício físico e psicológico de, muitas vezes, ficar sentado no banco, demonstram bem a capacidade de liderança humana e os conhecimentos técnicos de Jorge Jesus.

3 No início da época, uma das primeiras de há muitos anos em que não houve casos nem questões laterais durante o estágio e jogos de preparação, poucos acreditavam em certas opções ou na motivação de alguns jogadores. Falo de Javier Saviola, Fábio Coentrão ou Pablo Aimar. Di María continuaria a ser um brinca na areia inconsistente. Houve mesmo quem dissesse que César Peixoto e Weldon, por exemplo, não eram jogadores para o Benfica, que Ramires era um desconhecido que vinha cansado do Brasil. E que Javi García, se o Real Madrid não o quis, era certamente por alguma coisa… Vitória após vitória, exibição de nível atrás de outra, os jogadores do Benfica demonstraram que formavam um verdadeiro colectivo, onde as qualidades e classe individuais tornam-se muito mais evidentes. Mais do que as vitórias, esta equipa conseguiu mostrar altos níveis de intensidade de jogo e exibir um futebol bonito sem nunca esquecer a objectividade necessária. E não esquecendo as lideranças de Luisão, de Nuno Gomes, de David Luiz e, ainda, de Quim e a redescoberta da capacidade concretizadora de Cardozo e a raça de Carlos Martins, Rúben Amorim ou Maxi Pereira.

4 Por tudo isto, e porque se trata de um trabalho de mérito, custa-me sinceramente que uma pequena minoria insista ainda em denegrir as vitórias do Benfica em 2009/2010. Eu admito que haja até quem, por obsessão clubística, insista em não reconhecer o mérito da equipa da Luz, como eu prontamente aceitei o mérito de outros noutras épocas futebolísticas. O que já não posso aceitar, com cordialidade, são as constantes insinuações a manobras extrafutebol e às arbitragens, obviamente para justificar os próprios insucessos e esquecer os excelentes espectáculos de futebol que a equipa do Benfica produziu numa época para recordar e repetir já para o ano…

5 As arbitragens estão e estarão sempre no centro da polémica em torno do futebol. E há que aceitar este facto. Ainda recentemente, no Inter de Milão contra o Barcelona, a maioria do mundo viu o banho táctico com que José Mourinho manietou a equipa de Guardiola. Claro que os catalães preferiram desculpar-se com Olegário Benquerença. Claro que a arbitragem do nosso compatriota teve erros. Mas dizer que foi por aí que o Inter se superiorizou ao Barcelona é o mesmo que ignorar a capacidade de trabalho e o estudo sério das coisas do futebol. Como disse Snejider, um dos craques do clube italiano depois de ouvir Mourinho durante duas horas antes do jogo: «Foi fantástico. Antes de entrarmos em campo já sabíamos exactamente como lhes íamos ganhar».

6 Hoje, à tarde, o Pavilhão Atlântico vai encher-se, não para um espectáculo musical, nem para qualquer actividade política. Os amantes do futsal vão poder assistir a uma final entre duas das mais poderosas equipas da Europa. E nós, benfiquistas, lá estaremos a apoiar os nossos jogadores com a mesma convicção e a mesma fé com que ontem enchemos o Estádio da Luz. É aquela força imensa que merece soltar-se a qualquer momento. Com a consciência que vamos viver, entre hoje e o 1.º de Maio, a semana em que se exaltam a liberdade e o trabalho. E também o desporto sentiu a liberdade e reconhece o valor do trabalho.



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