Por Vítor Serpa in A Bola
Foi Jesus que disse, eventualmente pecando, que o fair play era uma treta. Um fingimento de poeta do futebol, mas que não representava, verdadeiramente, nada de interessante, se tudo se esgotasse nesse ritual de atirar a bola para fora quando um adversário cai no chão, quer esteja dizimado por uma canela desfeita, quer pela simples angústia de lutar pelo resultado airoso contra um relógio de árbitro que parece andar mais devagarinho que qualquer outro.
Mas Jesus também fez questão de nos dizer que a tradição era uma treta. Não toda a tradição, mas aquela que leva toda a gente a dizer que nos derbies vence sempre aquele que está pior. Pois bem: Jesus 1-Tradição, 0.
Mais uma vez ganhou o que estava melhor, porque ganhou quem foi mais forte e teve mais argumentos de classe para resolver o derby. E, no entanto, nos próximos derbies se dirá o mesmo: que ganha, por norma, o mais fraco.
Jesus não vai em tradições e faz muito bem. Ganha quem tem de ganhar, ou seja, quem faz mais por isso, e não quem espera o milagre da tradição.
Mas é assim o futebol. Tem mistérios que ninguém consegue desvendar. E ainda bem. É por isso que é imortal.
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