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15 abril 2010

O passo de gigante - Por João Gobern


Por João Gobern in Record

Em circunstâncias normais, depois do desfecho suado e valorizado pelo Sporting, a que faltou pulmão (aquilo que muitos temiam ver passar-se com um Benfica sobrecarregado ao longo das últimas semanas), capacidade de sofrimento (que alguns apontavam como a prova a superar pelos encarnados, depois da desilusão de Anfield Road) e flexibilidade tática (quando se sabia que a entrada de Aimar poderia dotar, como aconteceu, o jogo do Benfica de outra fluência e de mais imaginação), será difícil que o título escape aos da Luz.
Antes de mais nada, falam os números: 67 golos marcados em 26 partidas (mais doze que o FC Porto), 14 sofridos (menos quatro do que o Braga), melhor ataque em casa e fora, melhor defesa tanto na Luz como nas visitas aos adversários. Em mais de 80 por cento dos jogos, o Benfica venceu. Consentiu quatro empates - e apenas um deles na condição de visitado, logo na jornada inaugural. Foi derrotado uma única vez: em Braga. Não perde para a Liga desde o último dia de Outubro, cedeu os últimos pontos (no Bonfim) no início de Fevereiro, consumou ontem a sua melhor série no torneio, com oito vitórias consecutivas. Em circunstâncias mais condizentes com a tradição, já gozaria o título e o facto de ainda não o poder fazer corre a favor da excecional temporada que o Sporting de Braga vem assumindo.

Acima de tudo, com um técnico que se mostra tão ambicioso como conhecedor, tão sábio "de bola" como dinamizador de almas, este Benfica consegue aquilo que várias vezes lhe faltou - equilibrar a qualidade de exceção de muitos dos seus jogadores (e não me refiro apenas aos chamados "artistas", mas aos que também sabem ganhar as batalhas no músculo e na velocidade) com uma força coletiva que permite ou admite rotações que, à partida, soariam descabidas e antinaturais. Até nisso, Jorge Jesus deu uma lição a muitos dos seus parceiros: primeiro, empolgou os adeptos e assustou os adversários; depois, soube pedir a todos, dentro do clube e à volta dele, a contrapartida do apoio. E recuperou a ideia de que os jogos duram 90 minutos. Ontem, o pé de Cardozo funcionou quando já se tinha esgotado mais de metade do segundo tempo - mas a fé soube esperar. A partir daqui, sobretudo se o jogo do Dragão não assumir características perigosas e vingativas, venham elas de quem vierem, os passos podem ser dados com outra segurança. Com sofrimento? É esse o destino dos campeões. Com classe? É esse o privilégio de equipas assim. Falta poder mantê-la, sem vender muitos anéis...

NOTA - Uma palavra especial para o Desportivo de Chaves. Não é só uma equipa do escalão secundário a chegar, com inteiro mérito, ao Jamor. É uma pequena desforra do Interior, num país inclinado para o mar...

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