Por Bruno Roseiro e Filipe Duarte Santos in ionline
Qual é a maior dor para um portista? Entregar o título de campeão em casa ao Benfica ou saber que o clube fica fora da Liga dos Campeões na próxima época e, portanto, privado dos habituais 12,5 milhões de euros de receitas que lhe têm ajudado a dominar o futebol português? Entre o orgulho e a razão, o clássico do próximo domingo atingiu uma dimensão inesperada - aquele jogo é tão grande como a crise desportiva em que o clube se envolveu.
Desde 2002 que o FC Porto não estava em terceiro lugar, desde 2002 que o FC Porto não falha a Champions. Aliás, falar deste clube é falar do vencedor da Taça UEFA e do campeão europeu que se habituou a pôr dirigentes e treinadores nos principais fóruns de discussão do futebol internacional. Nem o Benfica lá anda no convício dos grandes. Mas talvez porque é Abril, o mês pode consumar uma nova ordem no futebol português e lançar ao poder um Benfica que, para chegar à cadeira de campeão, precisa de apenas um ponto em dois jogos (ainda haverá uma última jornada contra o Rio Ave). Será que ele surge no clássico de domingo (20h15)? Lá está, seria a última machadada no orgulho portista e nas aspirações desportivas.
Os ânimos já estão exaltados - os adeptos provocam-se, as autoridades promete policiamentos reforçados - e agora só falta o jogo decidir o que (não) se espera. E até aí o FC Porto se apresenta com mais dificuldades do que o esperado, desde logo porque no último fim-de- -semana perdeu o seu melhor marcador, Falcao, o colombiano que já fez 30 golos esta temporada e agora viu um cartão amarelo contra o Vitória de Setúbal - um daqueles a fazerem lembrar que o árbitro nunca jogou futebol; até Bruno Ribeiro, o suposto agredido, disse que o toque na cara não foi nada.
Falcao não joga e Jesualdo Ferreira - expulso a reboque dos protestos a esse mesmo cartão amarelo - não estará no banco de suplentes. É muito sinal de fragilidade contra um Benfica que vai apresentar-se praticamente na máxima força. É claro que o momento (de crise ou de entusiasmo) nunca ganhou clássicos mas este é o FC Porto que nem sequer tem o treinador definido para a próxima temporada (Paulo Bento, Villas-Boas, Domingos, Jorge Costa?), é o FC Porto que prepara um novo ciclo e pode aparecer na próxima temporada sem referências como Bruno Alves ou Raul Meireles, jogadores agora considerados transferíveis - o afastamento dos líderes é o melhor sinal de que já se assume recomeçar da estaca zero.
O IMBATÍVEL HULK A melhor forma de mascarar a crise seria conseguir uma vitória no domingo e empurrar o Benfica e a discussão do título para longe de casa. Nem tudo é mau neste FC Porto porque o final da temporada trouxe o melhor Hulk que se viu. O super-herói regressou do castigo no túnel na Luz com uma serenidade e uma potência que empurrou a equipa para vitórias consecutivas. No campeonato, foram cinco jogos, 16 golos marcados e apenas dois sofridos. Hulk marcou três vezes e tornou-se no principal assistente da equipa, agravando aquela ideia de que se o caso do túnel não existisse o FC Porto teria feito outro campeonato.
Sem Falcao, sem Ruben Micael (pé partido, a última lesão importante, além da de Varela e Mariano), Jesualdo Ferreira agarra-se a Hulk e chama Farías, o goleador suplente que nunca lhe falha. Depois, tentará capitalizar o regresso de Rodríguez, o senhor 7 milhões de euros que Pinto da Costa foi roubar ao Benfica mas que agora se arrasta de lesão muscular em lesão muscular, tal como tinha feito na sua última época no PSG, em 2007/08. Apenas dez jogos como titular no campeonato é muito pouco para o futebolista mais caro do plantel.
É impossível que o uruguaio regresse na melhor forma física mas seria bom que voltasse a mostrar alguma influência na equipa, até porque o Mundial está à porta e a selecção não pode ficar eternamente à sua espera. Rodríguez é jogador de orgulho - daqueles que ficam no ginásio a bater ferro para mostrar aos colegas e adversários quem é o mais forte - e pode ser esse sentimento a fazer toda a diferença numa equipa que à primeira vista está num nível inferior ao Benfica.
De orgulho portista ninguém sabe tanto como Pinto da Costa. Mais ou menos feliz, o presidente do FC Porto tentou tudo ao longo da época e até chegou a prometer a conquista do título a José Maria Pedroto. Mais tarde, quando nada disso se confirmou, Pinto da Costa lançou-se a mais um mandato e fez-se candidato a ganhar tudo na próxima época, até na Europa. Eventualmente estaria a pensar no que lhe aconteceu em 2002, o tal ano que ficou fora da Liga dos Campeões, - foi buscar José Mourinho, acabou o campeonato em terceiro (atrás de Sporting e Boavista) e entrou na Taça UEFA para a ganhar, na final de Sevilha.
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