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30 março 2010

A honra ao poder e o assalto - Por Fernando Seara



Por Fernando Seara in A Bola

1 Para alguns a honra é a poesia do dever, como escreveu um dia alguém. Mas para outros, a honra observa-se como vemos as estrelas: de longe, muito longe mesmo. No caso dos primeiros incluo Hermínio Loureiro, presidente demissionário da Liga de clubes. Os segundos, não merecem ser nomeados. Tenho o grato prazer de conhecer Hermínio Loureiro de há vários anos a esta parte. E pressinto que o gesto que agora entendeu dever assumir, concorde-se ou não, é certamente fruto de uma situação extrema.
No meu entendimento, a demissão de Hermínio Loureiro foi um grito de revolta, o murro na mesa que urgia dar perante o conjunto de factos que ocorreram nos últimos tempos e que culminaram com as decisões finais dos casos Hulk e Sapunaru. É também a afirmação do princípio da responsabilização política que não é muito habitual nos tempos que correm, seja nos meios políticos, económicos e financeiros ou no próprio desporto. A demissão ocorre obviamente na sequência de um acórdão do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol em que o deliberado extravasa a justiça desportiva. Principalmente pelas consequências que derivam da mesma decisão do órgão máximo da justiça desportiva portuguesa.

Nem eu nem a esmagadora maioria dos portugueses conhece o conteúdo integral do acórdão do Conselho de Justiça. Em jeito de conclusão, a partir de tudo o que foi publicado, extraio que a questão central radica na definição da figura do steward, ou assistente de recinto desportivo, como interveniente no jogo ou como equiparado a espectador. Isto é público. E não ignoro que a decisão do Conselho de Justiça, mesmo que tenha sido proferida por unanimidade — o que desconheço — terá certamente motivado uma saudável discussão entre os membros daquele órgão. Estou convicto que o acórdão do Conselho de Justiça será igualmente fundamentado quanto o que foi proferido pela Comissão Disciplinar da Liga de clubes.

Se a diferença entre os dois é, como creio que aconteceu, apenas quanto à integração disciplinar dos assistentes de recintos desportivos, o certo é que, até como decorre da confirmação da suspensão do jogador Vandinho do Sporting de Braga, deve-se suscitar brevemente a questão da suspensão preventiva de jogadores que cometam certo tipo de actos, suspensão aprovada em Assembleia Geral da Liga de clubes, por impulso, recordemos, do FC Porto. Mas a partir desta questão jurídica, permitam-me três notas complementares.

O futebol português está cheio de situações em que o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol revogou total ou parcialmente muitas deliberações do próprio Conselho de disciplina da mesma Federação ou, mais recentemente, da Comissão Disciplinar da Liga de clubes. Há processos famosos que a minha memória regista, alguns dos quais em que fui directo interveniente.

A segunda nota serve para evidenciar que a deliberação do Conselho de Justiça representa, na minha modesta opinião, a primeira parte do assalto ao poder à presidência da Liga. Todos sabemos que o dr. Hermínio Loureiro passou a ser mal amado por alguns protagonistas do nosso futebol e todos lemos, nas últimas semanas, nomes de candidatos reais, putativos e auto-candidatos à liderança da Liga. Rui Alves, Fernando Gomes ou José Couceiro são nomes escutados e, em certos casos, já sujeitos a aprovações prévias. Mas nesta sede acredito que ainda há muita água para correr por baixo de algumas pontes, sejam elas, por exemplo, do Freixo ou da Arrábida.

A última nota diz respeito ao dr. Hermínio Loureiro. Acreditou na Liga de clubes e dedicou-se a ela. Acreditou que podia arranjar patrocínios e conquistou-os. Acreditou que podia fazer uma mudança nas mentalidades mas, aqui, constatou que o peso de algumas personalidades não o permitiria. Acredito que escutou, no momento da demissão, palavras confortáveis de muitos dirigentes de clubes e, naturalmente, dos seus colegas da Direcção da Federação Portuguesa de Futebol. Mas o que permanece certo é que soube sair da mesma forma como entrou, com a dignidade intacta de um homem da Beira. É que todos sabemos que aquilo que se aprende no berço nos acompanha até à hora da morte. Mesmo que alguns, noutras situações, nos toquem com a faca nas costas. Mas isso são já outros contos que ficarão para a nossa memória, sempre muito selectiva…

2 A derrota do Sporting no estádio dos Barreiros na última sexta-feira vem confirmar a certeza de que há uma verdadeira revolução silenciosa em Alvalade. É que nem a eliminação frente ao Atlético Madrid, nem o confuso caso Izmailov, conseguem explicar uma oscilação tão grande nas exibições e nos resultados obtidos pela equipa durante o consulado de Carlos Carvalhal, porventura o menos culpado por toda a irregularidade manifestada em campo. E estou em crer que até ao final da presente época muitas e diversificadas serão as novidades oriundas de Alvalade. A derrota na Madeira evidencia uma relativa intranquilidade exibicional, porventura motivacional. Mas é bom recordar que o que importa a muitos sportinguistas é uma palavra do seu próprio lema: honra.

3 A vitória do Benfica ontem à noite frente a um Sporting de Braga que mostrou, principalmente na segunda parte, a qualidade superior que vem evidenciando nesta Liga abre-nos a janela do título. Foi uma vitória justa mas que mostrou de vez em quando um Benfica com uma natural ansiedade. Mas ontem no estádio da Luz ganhámos mais um assalto na luta pelo título que ambicionamos. Foi um jogo de competitividade elevada, um dos grandes jogos deste campeonato. Honra à equipa vencida. Honra, muita honra ao Benfica vencedor. Em que o golo foi do capitão, recordando-nos aquele outro bem decisivo frente ao Sporting no último campeonato que conquistámos.

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